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Sábado (bem cedo) pela manhã. O cenário? Um shopping da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Estrutura de superprodução, com diversos profissionais, painéis espalhados pelo local, sistema de som ecoando as músicas de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano, e, claro, um mundaréu de crianças e pais ansiosos, à espera do início da sessão da mais nova aventura cinematográfica de Sol, Bento, Pippo, e, agora, também de Berenice. Em meio ao alvoroço de autógrafos e dos preparativos para a ocasião especial, os pequenos, porém experientes, Letícia Braga, Anderson Lima, Pedro Henriques Motta e Nicole Orsini gentilmente nos atenderam para este Papo de Cinema. Demonstrando estarem à vontade, apesar de bastante curiosos – eles ainda não haviam assistido ao filme –, fizeram um monte de perguntas sobre o resultado quando souberam que o Papo de Cinema já tinha conferido o longa-metragem em primeira mão. É impressionante a inteligência e a clareza dos quatro refletindo sobre as questões propostas. As respostas eloquentes e embasadas confirmam a sensação de um profissionalismo precoce, mas intrinsecamente ligado à diversão que esse mundo mágico proporciona. Confira, então, a nossa conversa com as estrelas mirins do elenco de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano.

 

Como foi a experiência de filmar essa aventura cinematográfica dos Detetives do Prédio Azul?
Pedro:
Para mim, uma coisa muito simbólica foi termos como colega de trabalho o Antônio Pedro, que interpreta o meu avô, aquele que nos guia pela Itália. Foi maravilhoso, até porque ele já trabalhou com vários programas e produtos infantis. É ótimo poder ter o Antônio junto com a gente no DPA. É incrível ter essa “bênção” dele.
Letícia: Fazer o filme foi muito divertido. Na série de TV ficamos restritos ao estúdio e quando estamos rodando um filme podemos trabalhar ao ar livre. Especificamente, esse DPA mostra muito sobre cada um dos detetives. É um filme que aborda a amizade, a parceria que nós temos. Na verdade, fico bem dividida entre filme e TV, porque adoro os dois. De qualquer forma, estou sempre me divertindo.
Nicole: Diferentemente dos outros, sou uma estreante no cinema. Sou louca por filmes. Fazer um foi excelente, ainda mais com essa família gigante que amo, que é a do DPA. Rodar o longa foi incrível, até porque contamos com participações especiais muito boas, como as da Fabiana Karla, do Diogo Vilela e a do Antônio Pedro. Foi uma delícia trabalhar com esses atores. Aprendi muito. Esse é um filme à família toda, não apenas para os filhos, mas também indicado aos pais e avós. É algo para a gente rir chorar e ter várias emoções ao mesmo tempo.
Anderson: Meu conceito é bastante parecido com o da Letícia. Como no primeiro filme, a gente vem com a ideia de mostrar que os detetives têm uma vida fora do prédio, que o DPA não é apenas o prédio azul. A pegada é interessante justamente porque a gente vai a outros lugares. Temos um alto índice de locações diferentes. Trabalhamos com participações especiais na série, geralmente uma por episódio. Isso acaba se repetindo no filme, que, digamos, é um episódio mais longo e trabalhoso. A ida à Itália foi muito especial para nós três. Além de agregar bastante coisa ao filme, acrescentou às nossas vidas. Aprendemos demais.

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Como foi fazer o filme, levando em consideração os efeitos especiais, ou seja, tendo de imaginar muita coisa?
Pedro
: Sempre imaginamos o cinema nacional como distante do estrangeiro nesse sentido. Mas o que a gente não percebe é que temos talento e capacidade para fazer filmes com efeitos trabalhados. O DPA tem a agregar em relação a isso, especialmente por ser um produto com vários efeitos. Nesse filme, especificamente, há o voo de vassoura. Talvez possamos ajudar a quebrar essa ideia de que as produções nacionais não podem ter efeitos. Acho bem importante trabalhar com eles. Estamos acostumados por conta da série, mas, claro, aqui as coisas são maiores.
Letícia: Tenho uma opinião parecida com a do Pedro. A gente vê aqueles filmes cheios de efeitos especiais e eu particularmente penso que o nosso país não investe tanto nisso. Quando comparamos, meio que nos rebaixamos. Tanto na série quanto nos filmes que a gente faz há uma demonstração de grande potencial. Isso tecnicamente falando, claro, mas também da parte dos atores que imaginam as coisas ali.
Nicole: Minha personagem é uma feiticeira, então os efeitos são imprescindíveis para ela. Para o voo de vassoura tinha um croma key azul e uma máquina que ficava mexendo, como se o vento movesse a vassoura. Foi realmente incrível imaginar que eles estavam no céu. E, como a Letícia falou, acho que é uma junção entre a parte técnica e a capacidade dos atores, levando em consideração os efeitos especiais. E essa junção é que faz a magia acontecer.

 

E para você, Anderson, como se processou isso? Aliás, já tinha pilotado uma vassoura antes (risos)?
Anderson: Foi algo totalmente novo (risos). O filme realmente tem muitos efeitos especiais incríveis. A Vivi (Vivianne Jundi, a diretora), a nossa maestra, fez um trabalho maravilhoso. Eu e o Pedro gostamos bastante de ver filmes. Sempre estamos discutindo sobre o assunto. Numa dessas conversas a gente falou sobre o Malasartes e o Duelo com a Morte (2017), que tem bastante pós-produção. Contar com esses efeitos tão grandiosos no nosso filme representou muito, principalmente para alguns de nós que desejam seguir nessa área, seja na frente ou atrás das câmeras.
Pedro: É muito importante participar desse momento, não apenas do cinema nacional, mas também das tecnologias que fazem toda diferença no filme. Se os efeitos não forem bons, o realismo é prejudicado. Participar de tudo isso, para a gente, é muito gratificante.

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Embora vocês sejam muito jovens, têm diversos fãs que, inclusive, os imitam. Como é lidar com o fato de serem ídolos para as crianças?
Anderson:
Encaro isso como se fosse um agradecimento deles. Quando aparece uma criança de capa, ficamos muito felizes, com a sensação de trabalho bem feito. É importante saber que a gente agrega algo à vida delas.
Nicole: Muita gente acha que ficamos entediados por trabalhar bastante, mas não. Me sinto realizada, imagino que posso falar por todos aqui. É tão bonito perceber o sentimento do fã, essa coisa que vem de dentro. Não é incômodo fazer foto, conversar, dar autógrafo. Amo tudo isso. Sempre tento me colocar no lugar do outro. Se eu estivesse diante de um ídolo meu que não ligasse para meu carinho, ficaria bem triste. Então, tento dar o máximo de atenção possível. Estou aqui justamente por isso. Amo demais essa energia.
Letícia: Também acho bastante gratificante. Na infância, as pessoas começam a formar o seu caráter, e se inspirar. É muito importante que as crianças tenham uma boa impressão da gente, que se inspirem nas boas ações do nossos personagens. Os detetives estão sempre procurando ajudar uns aos outros e os moradores do prédio. A Berenice irrita e faz maldade, mas, mesmo assim, quando ela precisa, nós ajudamos. Quando erramos, assumimos os erros. É imprescindível passar essas mensagens para as crianças. Adoro ver o carinho e o amor que elas nos dão.
Pedro: Somos crianças normais, pessoas normais. O pessoal acha que somos meio inacessíveis, intocáveis. Porém, a gente também é assim com os ídolos. Também nos vestimos de personagens de séries para demonstrar amor. Sentimos na pele o que os fãs sentem. É muito legal ver crianças usando as nossas capas, nos dando esse carinho.

(Entrevista feita ao vivo, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2018)

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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