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Dwayne Johnson em 3D

Publicado por
Tanira Lebedeff

rock

Há algo impressionante a respeito de Dwayne “The Rock” Johnson – e não é seu tamanho ou sua capacidade de madrugar todos os dias para ir à academia antes de pisar no set de filmagem. Dwayne Johnson impressiona pela gentileza, pela delicadeza que contradiz toda a brutalidade característica dos ringues de wrestling, onde começou a carreira. É o que lhe garante trânsito livre entre roteiros dóceis como Treinando o Papai (2007) e de ação como Rápida Vingança (2010).

Dwayne Johnson encanta pelo fino trato que dispensa à equipe técnica, aos colegas de elenco e aos jornalistas. Por isso eu e um grupo de jornalistas da imprensa internacional enfrentamos com prazer o lamaçal e a chuva insistente no paradisíaco Waimea Valley, uma reserva florestal na ilha de Oahu, no Havaí, onde Johnson rodava Viagem 2: A Ilha Misteriosa. Entrevistar um ator entusiasmado envolvido num projeto interessante? É a pauta dos sonhos!

Viagem 2

Viagem 2 é a sequência de Viagem ao Centro da Terra, cuja estréia em 2008 marcou o ressurgimento do 3D nos cinemas. Nessa nova aventura, Johnson vive Hank Parsons, que acompanha o enteado Sean (Josh Hutcherson) na busca pelo avô desaparecido (Michael Caine). “Ele é um ursinho de pelúcia gigante”, diz Josh Hutcherson sobre o padrasto do faz-de-conta.  “Ele é enorme, intimidante, mas de perto é muito bacana e doce,  faz graça o tempo todo!”

Dwayne Johnson soa genuinamente feliz de estar filmando no Havaí, onde cresceu (ele nasceu em San Francisco, na Califórnia). “É uma benção poder trazer negócios para a ilha”, diz. O set movimentado é um contraste com a vida mansa que turistas almejam na ilha paradisíaca. Com a chegada de muitas produções ao Havaí (como as séries Lost e Hawaii Five-0), o arquipélago acabou qualificando mão-de-obra para a indústria do cinema. Pelo Waimea Valley desfila um exército de “The Rocks” fortudos, bronzeados, e cordiais.

Mas ter uma estrela local no elenco significa trabalho extra para a produção: “É um desafio sair com ele em locais públicos, todos se aproximam pois conhecem um parente, têm um amigo em comum… E ele cumprimenta todo mundo!”, conta o produtor Beau Flynn.

No set descobrimos outra faceta do ator-atleta: quando não está em frente às câmeras ele está atrás delas, tentando aprender o que pode sobre a tecnologia 3D. “Eu sempre convido os atores a aprender o que quiserem sobre a produção; Dwayne pergunta o tempo todo. Pergunta para os estereógrafos, para os operadores de câmera, quer mesmo saber como tudo funciona”, revela Beau Flynn. “Para um produtor é importante quando o ator não se limita a caminhar do trailer para a frente da câmera, e nesse aspecto esse elenco é realmente especial.”

Enquanto ele esperava para ser pendurado por um guindaste sentado numa enorme almofada azul que mais tarde seria digitalmente transformada em uma abelha gigante, Dwayne Johnson deu mais uma prova de sua versatilidade. Além de “The Rock” ele também poderia ser chamado de “The Geek”. Confira abaixo como foi na íntegra esse bate papo, publicado com exclusividade no Papo de Cinema!

Com Josh Hutcherson em "Viagem 2"

Como se envolveu nesse projeto?

Me interessei desde o começo, não apenas porque o primeiro filme foi um sucesso no mundo inteiro, mas a idéia de aprimorar, de fazê-lo ainda maior, me atraiu. O estúdio reuniu um elenco bacana, o que também me entusiasmou.

 

Como tem sido contracenar com Sir Michael Caine?

Para mim é uma honra… (Johnson ri ao perceber que Michael Caine está escondido, sentado numa cadeira logo pertinho, ouvindo a entrevista.) Sou grande fã do seu trabalho, ele é um titã no showbiz! Portanto, uma honra. Nossos personagens discutem e se provocam muito durante o filme, é divertido.

 

Filmar em 3D também o atraiu?

Esse é meu primeiro filme em 3D; filmar nessa plataforma é muito excitante, especialmente quando o filme é especialmente escrito para 3D. A tecnologia evolui num ritmo acelerado. Você lê o roteiro e percebe que muitas cenas foram criadas especificamente para o 3D, o que dá origem a situações espetaculares!

Você pode citar alguns exemplos de como o roteiro valoriza o 3D?

Utilizando a obra de Júlio Verne, nesta ilha muitas regras são quebradas: o que deveria ser grande é pequeno, o que é pequeno é grande. Há abelhas, borboletas, lagartos gigantes e elefantes e macacos diminutos! As cenas são desenhadas de maneira que esses animais saltem pela tela, divertindo o público. Estamos usando a terceira geração de tecnologia 3D desenvolvida por James Cameron. A experiencia é incrivel: você filma, acaba a cena, e corre para assistir no monitor.

 

Você teve que aprender algo sobre 3D?

Sou fascinado por essa tecnologia, você aprende constantemente sobre os mecanismos de filmagem. Especificamente em relação à tecnologia 3D há muitas nuances que aprendi… Como se posicionar, cuidar o enquadramento, não se movimentar muito rapidamente…

 

Você é o único que tem que malhar durante as filmagens?

Fitness é o que ancora meu dia. Negocio com a produção para ter meu tempo para malhar; para mim é quase uma meditação, tenho que fazer. Depois disso posso filmar por 12 ou 14 horas.

Com Vin Diesel, no Brasil, em "Velozes e Furiosos 5"

É bom variar de gênero?

Me sinto à vontade em aventuras, comédias, filmes de ação ou drama. Eu aceito todo tipo de material. Mas gosto de ação no set. A ação aqui é baseada em aventura, não há brigas como num Velozes e Furiosos, a ação é lidar com elementos da ilha, como fugir de lagartos gigantes!

 

(Entrevista feita pela autora no Havaí em novembro de 2010)

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é jornalista. Morou durante mais de uma década em Los Angeles, onde foi correspondente para TV e revistas especializadas em cinema. Atualmente faz Mestrado em Relações Internacionais, em Porto Alegre. Escreveu roteiros para documentário e curtas, um deles premiado com o Candango do Festival de Brasília.

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