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Apesar de ter apenas 17 anos, Larissa Manoela pode ser considerada veterana. Cinema, televisão e palcos são espaços carimbados no dia a dia dessa atriz e cantora que alcançou o estrelato bem cedo. Em Encantado (2018), animação que mostra os dilemas de um príncipe em busca de seu verdadeiro amor, ela é a voz brasileira de Leonora – cuja interpretação original é de Demi Lovato –, ladra com olhos apenas ao dinheiro, mas que acaba encontrando outros propósitos na jornada enquanto guia do nobre mimado pelas sendas do desafio mortal. Conversamos por telefone com a líder do elenco brasileiro de dubladores de Encantando, questionando coisas concernentes ao cotidiano do trabalho, bem como à opinião dela sobre determinadas subversões que o filme tenta fazer com arquétipos consolidados. Confira mais este Papo de Cinema exclusivo, com a jovem estrela Larissa Manoela.

 

Larissa, como foi o processo de dublagem de Encantado? Deu para se divertir trabalhando?
Foi muito legal. Mais um filme dublado. O desafio maior desse foi cantar na trilha sonora. Mas, encarei prontamente. Foi super divertido, a personagem é querida, aventureira, gosta de desafios, está pronta a ajudar o príncipe. Adorei, inclusive, ver o resultado, que é o mais legal.

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Larissa e o namorado Léo Cidade

Você e o Leo Cidade, seu namorado, dublavam juntos ou tinham diárias separadas? Como foi esse trabalho de vocês?
Bom, dublamos separado. Até porque o processo de dublagem sempre é separado. No primeiro dia do meu trabalho, ele foi me ver, mais para entender como era, já que é iniciante. Ele curtiu muito, pegou várias dicas e arrasou nas diárias dele. Depois, voltei ao estúdio para concluir as coisas que faltavam. Ele teve mais diárias, exatamente porque é o Encantado, então tinha bastante falas no filme.

 

Na dublagem original quem faz a sua personagem é a Demi Lovato. Como foi o seu contato com o trabalho dela?
Na dublagem a gente sempre escuta a voz da dublagem original e dubla em cima. A todo o momento eu ouvia a voz dela. Ela arrasou no filme, cantou muito. Meu maior desafio foi, mesmo, atingir as notas que ela alcança na música. Ela é uma excelente profissional e fiquei extremamente feliz por dar voz a uma personagem que ela tinha dublado.

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Qual a sua maior preocupação no momento de criar a voz da Leonora?
Foi trazer realmente isso do empoderamento, ressaltar a coragem e a aventura. Ela é uma personagem madura. Estou mais crescida em relação aos outros papeis que dublei. Trouxe isso de ser mais madura para ela, também. Leonora é mulher. Fiquei bastante feliz de ouvir pessoas dizendo que consegui dar um tom ideal para a personagem.

 

Hoje em dia há um questionamento grande com relação ao desenho das princesas no cinema. Você acha que Encantado traz algo de relevante nesse sentido?
Com certeza. Encantado é um filme que quebra protocolos. A galera gosta de saber sobre contos de fadas, acerca do “felizes para sempre”. Mas, o que as pessoas ignoram é o que acontece depois. Aqui, o Encantado é o príncipe de todos os contos de fadas. O filme tem essa coisa de quebrar o padrão das princesas normais, com as quais estamos acostumados. A mensagem positiva é que você não precisa ser uma princesa tradicional para ser, de fato, uma princesa. Pode ser uma princesa aventureira e corajosa. No fim das contas, ela salva o príncipe, algo com o qual a galera não está habituada.

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Na trama, sua personagem é forte, corajosa, mas acaba se adequando, a fim de se encaixar na posição de princesa, ou seja, de certa forma se submete. O que você acha disso?
A todo o momento ela se mostra corajosa, valente e destemida. Ela encara qualquer desafio. Não acho que se submeta. Leonora não está encantada por ele, mas, com a convivência, percebe um cara legal e acaba se apaixonando, se entregando de forma natural. Não acho isso submissão, é uma coisa orgânica, porque é inevitável. Para mim, é mais isso que submissão, mesmo.

 

(Entrevista concedida por telefone, numa ponte Rio de Janeiro/São Paulo, em novembro de 2018)

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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