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Poeta, romancista, jornalista e compositor. Assim que o cineasta Claufe Rodrigues é apresentado em seu material de divulgação. Essa parcela voltada para o cinema vem num segundo momento, mas não menos importante – afinal, sua relação com a sétima arte vem desde os anos 1980, quando trabalhou como assistente de direção no longa-metragem Exu Piá: Coração Mágico de Macunaíma (1986), de Paulo Veríssimo. De lá pra cá, foi também roteirista, dirigiu projetos de televisão e foi apresentador e editor-chefe do programa Globonews Literatura. Agora, estreia também como realizador, com o documentário Faz Sol Lá Sim (2020). Para saber mais sobre esse projeto, a gente conversou com o cineasta, nessa entrevista realizada por email. Confira!

 

Claufe, como você tomou conhecimento da relação da cidade de Marechal Deodoro com a música?
Estava participando pela segunda vez da Flimar – a festa literária de Marechal Deodoro – como escritor, quando percebi a movimentação musical da cidade. Assuntando com amigos locais, fiquei sabendo da longa tradição musical da região, e de como as pessoas têm na música uma alternativa de vida. Fiquei encantado.

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Claufe Rodrigues

Imagino que tenha registrado muito material que acabou não entrando na edição. O que determinou o roteiro final do filme?
O roteiro foi sendo construído em paralelo com a pesquisa; deste modo, não tivemos tanta sobra assim. Mas, diante da grandeza da história e da variedade de personagens, tivemos que fazer escolhas difíceis. No primeiro corte da montagem, tivemos cuidado para não deixar nada importante de fora; no último corte, privilegiamos o ritmo.

 

Como foi a escolha dos personagens principais e o que eles tinham de diferente para conduzir essa história?
Naturalmente, os personagens foram surgindo, alguns como consenso geral e outros a partir das nossas pesquisas. Montamos uma equipe pequena, mas muito eficiente, o que facilitou a nossa mobilidade e a interação com os moradores da cidade, criando uma atmosfera de cumplicidade e confiança. Acho que isso transparece na tela.

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Bastidores das filmagens de Faz Sol Lá Sim

Você encontrou algum tipo de resistência? Algum assunto não pode ser abordado? Como foi a reação das pessoas locais com a ideia de se fazer um filme a respeito da história delas?
Os músicos e a população foram muito receptivos. São artistas que lutam por reconhecimento numa cidade que tem a música como eixo cultural e econômico. Não encontramos nenhuma resistência, pelo contrário; quem pôde, colaborou com o filme.

 

Alguns temas são um tanto controversos, como a rivalidade entre as orquestras ou as exigências e padrões de comportamento e vestimenta para os músicos. O que essas questões significam dentro do contexto do filme?
Significam que há mil maneiras de viver em sociedade, e que é possível transformar rivalidade em algo construtivo. Para o filme, foi ótimo, deu uma tensão narrativa muito interessante.

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O diretor Claufe Rodrigues (à direita) nos bastidores das filmagens

Se possível, comente um pouco o título do filme, Faz Sol Lá Sim, e o seu significado em relação à obra?
Faz Sol Lá Sim é um trocadilho óbvio entre a vocação da cidade para a música e o turismo. Curioso é que 80% do filme seria gravado em junho de 2017, quando teve uma tremenda enchente na cidade. Por sorte, aconteceu poucos dias antes da viagem, e conseguimos adiar. Senão, teríamos que fazer um filme sobre a atuação dos músicos durante a enchente, e teríamos que mudar o título e o próprio filme…

(Entrevista feita por email em outubro de 2020)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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