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Gostosas, Lindas e Sexies :: Entrevista exclusiva com Carolinie Figueiredo

Publicado por
Robledo Milani

Natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Carolinie Figueiredo saiu de casa aos 19 anos para ir morar na capital. De chegada, dividiu apartamento com uma das suas melhores amigas, que também estava começando na carreira, ninguém menos do que Sophie Charlotte – e que, hoje, é madrinha de sua primeira filha. O primeiro trabalho na televisão veio em 2001, em uma participação no programa Gente Inocente, mas foi seis anos depois, quando entrou para o elenco da série Malhação (2007-2010), que se tornou popular e reconhecida em todo o país. Outras novelas e peças no teatro estiveram em seu caminho, mas nenhum lhe ofereceu o desafio de Gostosas, Lindas e Sexies, sua estreia no cinema e, de cara, já como protagonista. O filme passou no início deste ano nos cinemas, mas está chegando agora às plataformas de streaming, e a gente aproveitou essa oportunidade para conversar com a atriz. Confira!

 

Você é ou não gordinha? Pergunto isso porque no filme tem uma cena sua em que você diz para a Marilu que não se sente gordinha.
Há três anos tenho combatido os estereótipos e os rótulos. Sou tanta coisa além de ser chamada de gordinha, ou gorda. Hoje me sinto bem com meu corpo. Vivo numa batalha com a balança há mais de 15 anos, de três anos para cá comecei a aceitar meu corpo como sou. Não faço mais dieta, pretendo, sim, voltar para a yoga e corrida, mas como ainda não to conseguindo também não estou sofrendo com isso, pelo contrário.

Nesse filme, o quão importante é se assumir do jeito que se é?
A gente cresce com a sensação que a felicidade e a realização vai chegar quando tivermos um corpo mais legal. Passamos a vida frustradas, consumindo tudo que vê pela frente. Assumir quem se é no aqui e agora é libertação, é amor próprio.

 

Qual a importância de abordar esse assunto no cinema? A atriz Lena Dunham, que faz a série Girls (2012-2017), recentemente foi criticada pelas fãs por ter emagrecido. Há um patrulhamento neste sentido, dos gordinhos ficarem gordinhos, dos magros seguirem sendo magros?
Creio que há, sim. A mídia coloca a gente em uma prateleira, te coloca um rótulo e pronto, qualquer coisa que sair do que esperam de você é rejeitado. Por isso que digo, precisamos encontrar o que faz sentido agora para mim, nesse momento. Estamos livres para mudanças.

 

E os homens? Eles não podem ser gordinhos? Afinal, todos os que aparecem no filme são lindos, fortes, sarados. As gordinhas não gostam de homens acima do peso?
Adorei esse seu questionamento. É verdade! Acontece que, para as mulheres, é sempre mais pesada essa cobrança. O padrão de beleza é cruel. Viver em dieta é o maior sedativo para as mulheres. Crescer se sentindo rejeitada, odiando o próprio corpo, se sentindo incapaz, infalível. Isso é cruel. Mina as nossas potências.

Lyv Ziese, Cacau Protasio, Mariana Xavier e Carolinie Figueiredo no lançamento de Gostosas, Lindas e Sexies

Gostosas, Lindas e Sexies é seu primeiro filme, e já como protagonista. Como foi o desafio?
Foi, mesmo, um desafio bem grande. Quando meu segundo filho nasceu, já tinha decidido a não atuar mais, pois estava cansada de ficar sempre com papeis secundários. Prometi a mim mesma que só atuaria em projetos que enaltecessem, valorizassem quem sou. Por isso esse filme foi tão importante. Nunca estive num papel que me desafiasse tanto em conflitos, que exigisse esse nível de dedicação. Foi doloroso e, ao mesmo tempo, maravilhoso.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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