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Atriz e apresentadora, Mariana Xavier se tornou um nome popular em todo o Brasil ao aparecer como Marcelina, a filha folgada da Dona Hermínia, personagem de Paulo Gustavo em Minha Mãe é uma Peça (2013). A parceria deu tão certo que os dois voltaram a trabalhar juntos na sequência, Minha Mãe é uma Peça 2 (2016), que se tornou um dos maiores sucessos de público no Brasil de todos os tempos, com quase 10 milhões de ingressos vendidos. E entre peças de teatro – sua estreia nos palcos foi em 1990, quando tinha apenas 10 anos – e trabalhos na televisão – já participou de novelas, seriados e até da Dança dos Famosos – ela teve, no início deste ano, uma oportunidade especial: ser uma das protagonistas de Gostosas, Lindas e Sexies, uma comédia romântica focada nas vidas de quatro amigas que, em comum, tem o fato de serem todas acima do peso. O filme já passou pelos cinemas, mas está chegando agora nas plataformas de streaming, e a gente aproveitou a ocasião para conversar com a atriz. Confira!

 

A sua personagem é a mais sexual. Foi preciso deixar alguns pudores de lado para dar vida a Marilu?
Foi preciso, com certeza. Aliás, vários pudores ficaram de lado, em nome da Marilu (risos). Apesar de ser uma pessoa muito extrovertida, não me considero despudorada. Nunca fui, isso não tem nada a ver com o corpo. Sempre fui bastante lenta para essas coisas. Para ter uma ideia, fui a última das minhas amigas a beijar na boca! A última a perder a virgindade, também. Olha só, quantas revelações (risos). E ter que dar vida a uma mulher que é tão libidinosa, foi mesmo um grande desafio.

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Cacau Protasio, Carolinie Figueiredo, Mariana Xavier e Lyv Ziese, as quatro amigas de Gostosas, Lindas e Sexies

E como foi o ambiente no set de filmagem? Afinal, a sua personagem é a mais ousada, não?
Na véspera da minha primeira cena, que era logo uma sequência de sexo, eu literalmente travei. Chorei, fiquei nervosa, com medo de chegar na hora da gravação e a vergonha da Mariana falar mais alto e acabar atrapalhando a personagem. Mas fui super amparada pelas meninas, minhas queridas amigas e colegas no protagonismo desse filme. E também pensei em quantas mulheres que precisavam ser representadas com vida sexual ativa, com desejo e sendo desejada, e foi assim que consegui passar por cima dos meus medos e fazer o que a personagem pedia.

 

Você vem de dois sucessos ao lado do Paulo Gustavo em Minha Mãe é uma Peça (2013). Mas nestes filmes você faz a adolescente, e em Gostosas, Lindas e Sexies você é a professora, a mulher independente e batalhadora. Em qual tipo você se sente mais à vontade?
Não sei dizer em qual dos dois tipos me sinto mais à vontade, porque são desafios completamente diferentes. As duas personagens não possuem nada a ver comigo. A Marilu por toda essa questão excessivamente sexual, e a Marcelina por ser alguém tão mais jovem. Ela também era muito distante de mim, mas por causa disso. As duas, no entanto, me dão prazeres diferentes. E esse que é o maior barato da minha profissão, é poder mudar o tempo inteiro e viver várias vidas numa encarnação só.

 

A Marilu tem um quarto secreto, em uma alusão ao Quarto Vermelho do sucesso Cinquenta Tons de Cinza (2015). Você concorda que todo mundo tem direito aos seus segredos? É possível se entregar a alguém e ainda assim se preservar?
Eu acho que sim. Claro que, hoje em dia, com a quantidade de vazamentos de imagens que temos visto por aí, realmente precisa ser bem criterioso sobre quem vamos deixar entrar na nossa intimidade. Mas a partir do momento em que elegemos alguém para compartilhar esse lado, acho importante que se tenha esse nível de confiança, de acreditar que aquele momento vai ficar só entre aquelas pessoas. É importante que ao menos dentro do seu quarto secreto você possa abrir mão dos seus pudores e experimentar e se deixar livre para as sensações.

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Cena de Gostosas, Lindas e Sexies

Das quatro protagonistas de Gostosas, Lindas e Sexies, a Marilu parece a mais desencanada com sua própria forma física. É intencional esse comportamento dela?
Acho que sim. Ela é uma mulher que descobriu o prazer e não abre a mão dele, sob hipótese alguma. É uma mulher muito segura de si, e que se gosta muito. Ela é daquele tipo que perde a amiga, mas não perde a piada, né? Ela é o alívio cômico de todas as situações. É tão livre que, realmente, não poderia se deixar travar por essa questão da forma física. Entende que o valor dela vai muito além disso, se ama daquele jeito e se sente à vontade, inclusive, para brincar com aquilo. Ela faz piadas em cima do próprio peso, você percebeu? E do peso das amigas também! Porque isso é só uma pequena parte do que ela é. Que é como deveria ser na vida, entender que o nosso corpo é só um pedaço, pois o que somos de verdade é infinitamente maior do que isso.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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