No início do último mês de maio, quem esteve no Brasil foram os jovens astros Tom Holland e Laura Harrier. Eles estiveram em São Paulo como parte de uma turnê internacional para antecipar o lançamento do aguardado Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017), o mais recente filme do herói aracnídeo – e o primeiro dentro do chamado Universo Cinematográfico Marvel, aparecendo ao lado de nomes como o Homem de Ferro (Robert Downey Jr) e o Capitão América (Chris Evans). E aproveitando a oportunidade, o Papo de Cinema foi um dos veículos de imprensa do país convidados pela Sony Pictures do Brasil para participar de uma conversa com os dois atores. Confira abaixo como foi o bate-papo com o garoto convocado para ser o novo cabeça-de-teia nas telas!
Olá, Tom. Tudo bem? Me diga, vocês chegaram em São Paulo e no primeiro dia no Brasil foram levados para conhecer o ‘Beco do Batman’? É sério isso?
Pois é, foi algo duro que enfrentamos. Acho que a partir de agora ele vai se chamar ‘Beco do Homem-Aranha’. Faz mais sentido, afinal, o Homem-Aranha ao menos esteve por lá!
É a primeira vez de vocês no Brasil? O que estão achando?
Sim, nossa primeira vez. Aliás, foi um ótimo dia ontem – a despeito dos lugares que fomos obrigados a visitar (risos). Mas estamos tendo uma experiência ótima, aproveitando o máximo da cidade no pouco tempo que vamos ter por aqui. O que deu pra perceber até agora é que vocês são incríveis, todo mundo tem nos recebido muito bem e tudo tem sido fantástico. São essas pequenas coisas que acabam fazendo a diferença, sabe?
Bom, a gente precisa se esforçar e cada um fazer a sua parte, não é mesmo?
Exato! Acho que essa é também a ideia do Homem-Aranha. Ele não é um herói profissional. Os heróis de verdade são os professores, os operários, aquelas pessoas que fazem as coisas acontecer de verdade, cada um atento às suas responsabilidades. Acredito que o Homem-Aranha se sairia muito bem no Brasil, pois ele tem esse espírito de ajudar o próximo, mais ou menos como temos sentido durante nossa estada por aqui.
Essa passagem pelo Brasil faz parte de uma turnê internacional de divulgação do filme. De onde surgiu essa ideia de circular o mundo com o Homem-Aranha?
Sim, é uma grande turnê, e estamos muito excitados com ela. Tem sido emocionante, pois o Homem-Aranha é um herói muito popular, todo mundo o conhece. Mas a grande mensagem, e é isso que temos tentado levar até às pessoas, é que todo mundo pode ser um super-herói, pois são os heróis do dia a dia que fazem a diferença, no final das contas.
Bom, então vamos falar sobre De Volta ao Lar. Sei que o filme ainda não está pronto, ninguém sabe muito a respeito, mas está todo mundo curioso sobre esse novo capítulo na vida do Homem-Aranha. O que vocês podem nos adiantar sobre ele?
Acho que uma coisa importante a se prestar atenção é o título. Esse filme se passa logo após Capitão América: Guerra Civil (2016), quando Peter Parker está começando a se dar conta dos seus poderes de verdade e vivendo algo que nunca havia imaginado ser possível. Ao mesmo tempo, ele ainda tem que voltar para casa e seguir indo às aulas, entende?
Peter Parker e Homem-Aranha são dois personagens, certo? Um gosta de poder se transformar no outro?
O mais interessante, para mim, é que até esse ponto ele era muito ruim sendo o Homem-Aranha, não sabia muito bem o que fazer com aqueles poderes. Então De Volta ao Lar é basicamente sobre esse processo de aprendizado e entendimento sobre o que ele é capaz de fazer e quais são as suas novas responsabilidades a partir de agora. E ainda tem o Abutre, que vai se revelar um vilão muito difícil de lidar! Então, não se trata apenas de subir paredes ou de alguma engenhoca eletrônica, mas, sim, daquilo que está dentro dele, mais até do Peter Parker do que do Homem-Aranha. Em como ser uma melhor versão de si mesmo. É uma impressionante curva de aprendizado, e no final do filme ele certamente ainda não terá a resposta para isso, ainda terá muito o que aprender. Podemos chamar de Homem-Aranha: Em Treinamento, se você preferir!
Você chegou a afirmar em algumas entrevistas que assistiu aos filmes anteriores do Homem-Aranha. O que você pegou do Tobey Maguire e do Andrew Garfield para criar a sua versão do herói?
Essa é uma pergunta muito boa. Você sabe, tive muita sorte de poder contar com cinco outros filmes do Homem-Aranha antes do meu chegar às telas, porque isso me permitiu uma grande pesquisa de observação, de olhar o que os outros fizeram antes e poder aproveitar o que deu certo. Do Tobey, por exemplo, havia muita coisa que eu poderia roubar, principalmente da versão dele do Peter Parker. Já o Andrew era muito ágil com o uniforme, mais esguio, e isso era muito legal.
Mas o Homem-Aranha de agora é bem diferentes destes dois anteriores, não?
Nossa preocupação em De Volta Ao Lar era criar uma versão muito mais jovem do protagonista, o que o distanciou, de certa forma, dos outros filmes. Tanto o Tobey quanto o Andrew eram jovens adultos, estavam nos seus primeiros empregos e enfrentando a vida na cidade grande. E eu ainda estou no colégio (risos). Nesse filme, a gente queria mostrar como seria receber poderes como esses quando você tem apenas 15 anos de idade! O que você faria? Nossa intenção era ver uma versão do Homem-Aranha que apenas se diverte em ser o Homem-Aranha, pelo prazer da coisa toda. As responsabilidades ele só vai descobrir depois, com o tempo. Num primeiro momento, ele só está se divertindo. Isso, é claro, até ser jogado do alto de um prédio ou um edifício cair em cima dele (risos).
No que a história de amor entre Peter e Liz irá se diferenciar de outras já vistas nos demais filmes de super-heróis?
Peter, com certeza, gosta muito da Liz. E a Liz sente o mesmo por ele. Mas é como uma amizade que, aos poucos, vai se transformando em algo a mais. É como se levassem uma ferroada e percebessem que podem ter mais do que aquilo ao qual estão acostumados. Mas ele – os dois, aliás – é apenas um adolescente, então faz coisas estúpidas e, talvez, coloque tudo a perder. É um mistério o que irá acontecer com os dois!
Vocês dois estão trabalhando com o Michael Keaton, que recentemente estrelou Birdman (2014), sobre um ator que acaba “preso” a um super-herói que interpretou no cinema. Você compartilha desse medo de ficar associado a este personagem tão icônico?
Essa é uma questão muito importante, e posso afirmar que é algo que fico me perguntando o tempo todo. Minha agente me disse que eu deveria ficar tranquilo e que minha única preocupação era com o agora, em fazer esse filme e esse personagem da melhor maneira possível. Mas sou um ator, e adoro interpretar diferentes personagens. Todo dia estou pensando num novo filme, me preparando para um novo desafio, fazendo testes para projetos futuros. Ou seja, não vou ficar parado, entende? Estou sempre preocupado em ampliar os meus horizontes e não ficar no mesmo lugar. Isso é algo muito importante para mim.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o primeiro filme do herói aracnídeo dentro do Universo Cinemático Marvel. Qual é a verdadeira dimensão deste filme que se passa no colégio, mas ao mesmo tempo está inserido em um contexto muito maior?
O mais legal é a mensagem que qualquer pessoa pode ser o super-herói do dia, entende? Um garoto normal pode ser um super-herói, e um cara normal pode ser um super-vilão. Você já viu o milionário, o militar, o deus, o cientista. Agora é a vez de ver o menino. E o mesmo se dá com o inimigo. Já vimos alienígenas, robôs, gigantes, e agora chegou o momento do cara ali da esquina. Ele está muito preocupado com o que está acontecendo com o mundo e decide fazer alguma coisa. Talvez não a melhor atitude, mas ainda assim faz algo. Se este filme fosse em uma escala muito maior, talvez perdesse a essência de quem é o Homem-Aranha.
Como você foi convidado para ser o Homem-Aranha?
Eu não diria que foi algo terrível, mas também não foi nada tranquilo. Eu lembro de ficar sabendo que a Sony iria escolher um novo Homem-Aranha, e fui correndo ao meu agente e pedi “por favor, por favor, por favor, me consigam ao menos um teste”! Só queria que soubessem que eu estava interessado. Não imaginava que seria chamado, mas pensava que talvez, no futuro, lembrassem de mim para uma outra oportunidade, quem sabe? Aconteceu que acabei gravando várias fitas, em casa e com amigos, e mandei para o estúdio. E nelas eu dizia: “olá, sou o Tom Holland, tenho 18 anos e estou na Inglaterra, gosto de fazer ginástica, por favor, me deem o papel!” (risos).
E essa sua, digamos, técnica, funcionou (risos)?
Acabei enviando cinco fitas diferentes! Acho que os ganhei pela insistência! Até que me chamaram para um teste de verdade, depois fiz mais um com o Chris Evans, e foi tudo muito incrível. Todo o processo de me transformar no Homem-Aranha tomou conta da minha vida! E ninguém me dizia nada. Procurei por todos os lados, até que um dia, olhando para a minha timeline no instagram, vi um post me dando os parabéns por ter sido escolhido! Sério, ninguém me ligou, fiquei sabendo pelo instagram!
O mundo todo ficou sabendo antes de você?
Eu fiquei louco, comecei a berrar, não estava acreditando! Até que me ligaram: “Olá Tom, tenho ótimas notícias, você gostaria de ser o nosso Homem-Aranha?”! Como assim, vocês já publicaram no instagram, e agora é que me perguntam??? Foi incrível, extremamente compensador, mas, ao mesmo tempo, foi muito estressante.
Como você está encarando a responsabilidade de ser o Homem-Aranha para toda uma nova geração de fãs de histórias em quadrinhos?
A responsabilidade, para mim, está em compreender que este é um personagem muito adorado por fãs de todo o mundo. E acredito que assim seja porque é muito fácil se identificar com ele, principalmente entre os mais jovens. Poder ver um super-herói que, ao mesmo tempo, precisa lidar com o tema de casa para a aula do dia seguinte. É algo muito próximo, que qualquer pessoa já passou. Nem estou pensando no que vamos fazer nos próximos filmes, se vou ter que enfrentar o Thanos ou qualquer outro vilão, porque nesse filme já tem gente muito perigosa no caminho dele (risos).
Você dividiu a cena com Robert Downey Jr, Marisa Tomei e Michael Keaton. Como é estar no mesmo set destes caras?
Foi muito intenso. Foi uma experiência maravilhosa estar ao lado de atores como esses. Só de estar perto deles já me deixava de queixo caído! Olhar o Michael Keaton atuando, sabe, já era uma verdadeira aula! E o melhor deles é que foram o tempo todo muito abertos, dispostos a dar conselhos e ouvir nossas dúvidas. Isso foi muito importante.
Você já admirava desde antes algum deles em especial?
Robert Downey Jr é alguém que está no topo de sua carreira, eu o admiro muito, ele é o retrato do que significa ser um bom ator. Ele chegava todo dia no set com dez minutos de antecedência, cumprimentava todo mundo, não reclamava de nada, estava sempre disposto – era incrível! Alguém que merece todo o meu respeito! Não importa o tamanho do seu sucesso ou quanto dinheiro seu filme faça, você precisa seguir sendo a mesma pessoa, e é exatamente assim com o Robert! Todo mundo adora trabalhar com ele, e não tem como ser diferente! Acho que esse foi o melhor conselho que recebi, o exemplo que ele me deu por ser quem é.
O Homem-Aranha é famoso por ser muito mulherengo. Em cada franquia que se inicia, ele tem uma nova namorada. Porém, existe no universo das fan fictions, aquelas histórias imaginadas pelos leitores, uma torcida muito grande por um namoro entre o Homem-Aranha e o Deadpool. Se esse cenário fosse possível no cinema, você toparia?
(Risos) Olha, qualquer oportunidade de fazer um filme com o Deadpool seria incrível. Então, se tivesse que ser assim, por que não? Não sei se a gente seria um bom casal, mas certamente seríamos grandes amigos.
O quanto lhe exigiu os desafios físicos do filme?
Os desafios que me foram propostos no set foram todos muito bem recebidos, pois é justamente isso que os fãs esperam desse personagem, e queria ter certeza que tinha dado o meu melhor e feito tudo que era possível por ele. O mais difícil, no entanto, era cada vez que queria ir ao banheiro! Era quase impossível com aquele uniforme, tinha que tirá-lo por completo! (risos)
E como foi criar esse sotaque nova-iorquino, sendo você um garoto inglês?
Cheguei a ir a uma escola no Bronx, em Nova York, sob um nome falso, justamente para ouvir como as pessoas falavam e sentir o ambiente. E foi uma experiência interessante, pois é muito diferente de como é na Inglaterra, sabe? Uma coisa que nunca havia experimentado é estar numa mesma classe com meninas. Onde estudei, haviam escolas só para garotos, e outras só para garotas. As turmas não eram mistas. E isso cria uma dinâmica muito diferente.
Com tantos trailers sendo divulgados, tem muita gente se perguntando se toda a história do filme já não foi revelada. Você concorda que o estúdio pode ter exagerado um pouco?
Nossa, há tantos segredos ainda! Por favor, confie em mim: há muito que não foi contado! Os trailers estão bem diferentes um do outro, e possuem cenas incríveis, mas quando vocês virem tudo no filme vão perceber algo muito maior e grandioso. Está incrível!
(O Papo de Cinema esteve com Tom Holland e Laura Harrier em São Paulo no dia 02 de maio de 2017 a convite da Sony Pictures do Brasil)