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Janete está no hospital cuidando do pai. Para passar o tempo, ela escreve as aventuras da delegada Diana, seu alter ego. As pessoas com quem cruza pelos corredores são os outros personagens que povoam a história criada por ela. As cenas da policial Diana são na verdade trechos do seriado Bipolar (2010). As passagens no hospital e a amarração entre os dois universos são as criações do longa. A protagonista de Insubordinados é vivida por Sílvia Lourenço, que também assina o roteiro da fita. A atriz e roteirista conversou com Papo de Cinema em São Paulo sobre seu trabalho no filme dirigido por Edu Felistoque (Inversão, 2010).

A iniciativa de fazer um roteiro de cinema a partir de Bipolar foi sua?
Não. Eu fazia colaborações em roteiro com Roberto Moreira (Quanto Dura o Amor?, 2009) e Luiz Bolognesi, que mandam muito bem como roteiristas. O Edu Felistoque sabia disso e falou de pegar o material filmado da série e transformar em um longa. O que mais dá margem para isso é Diana, então ele queria uma mulher para desenvolver o roteiro.

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Esse trabalho de resgate foi difícil?
A gente tinha dez dias de gravação, uma locação, os mesmos atores e nada de orçamento. Era uma encrenca muito grande e o Edu estava me sugerindo um milagre. A primeira coisa que pensei é que o bom e velho recurso da voz off vai ser usado, porque não ia dar para filmar muitos diálogos.

Por que fazer uma nova história com novos personagens?
O que dava para fazer nessas condições era uma metalinguagem, uma história dentro da história. Esse é o elemento detonador de todas as questões. A Janete é uma mulher sozinha e o que ela faz para passar o tempo é escrever, uma forma de lidar com a inércia e a impotência.

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O Edu Felistoque aprovou a proposta?
Na verdade, é o que ele procurava para desenvolver outras possibilidades para a personagem. Primeiro pensei em fazer o filme dentro de uma penitenciária, meio Orange Is the New Black (2013), mas não tinha orçamento para isso – fora que não ia ser possível usar os outros personagens.

Como os atores receberam os novos personagens?
Para eles foi bem divertido porque era um contraponto do que faziam em Bipolar. A imaginação da Janete faz ela enxergar as pessoas de maneira oposta.

Como você chegou aos assuntos pesados do filme?
Foi super despretensioso brincar com o que tinha a série, mas com o tema que é próximo de muita gente, que é perder alguém próximo. Ao mesmo tempo em que os avanços da medicina criam sobrevida, traz mais impotência. É uma coisa que toca todo mundo.

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Por que Insubordinados foi feito em preto e branco?
O Edu quis preto e branco porque a maior referência para ele é Control (2007) – ele ama esse filme em termos de fotografia. Outra coisa é que o PB é um recurso para amenizar a diferença de imagem, já que seria um filme todo recortado e colado.

(Entrevista feita ao vivo em São Paulo em março de 2015)

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é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).
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