Há alguns anos, nós tivemos um ótimo encontro com Bruno Gagliasso. Ele estava vivendo um momento muito emocionante: após ter se consagrado na televisão, estava descobrindo uma nova paixão: o cinema! Na ocasião, participava do lançamento do seu segundo filme – após a comédia romântica Mato sem Cachorro (2013), surgia como protagonista do suspense Isolados (2014). E mais do que atuar, se dizia interessado também em produzir, tornar realidade outras histórias que também acreditava. Muitos dessas ideias seguem como projetos, outras estão prestes a se tornar realidade. E com o galã voltando à cena – dessa vez não fisicamente, mas apenas através de sua voz – como o dublador do ursinho protagonista de Paddington 2 (2017), aproveitamos para divulgar essa reveladora conversa, e também já adiantar alguns detalhes dos próximos trabalhos do astro na tela grande. Confira!
Bruno, você estreou no cinema com a comédia Mato Sem Cachorro, mas desde então tem se dedicado bastante ao formato. Foi uma paixão que surgiu?
Na verdade, sempre fui apaixonado pelo cinema. Sempre fui cinéfilo, adoro assistir e ir às salas de cinema. É o meu programa favorito. Só que agora, o que mudou, é que entrei nesse mundo. E sem ansiedade. Foi no tempo certo, na hora certa. As coisas vão se encaixando, e acontecem quando tem que ser.
Você acredita, então, que “quando a gente quer, o universo conspira a favor”?
Com certeza. Não só conspira, como tá conspirando. A gente montou a Escambo Filmes, que é a minha produtora, e começamos com o Isolados (2014), que foi meu segundo filme. E já temos outros engatilhados, para produzir na sequência.
Pois então, conte como foi assumir essa função de produtor?
Quando a gente faz com tesão e com amor, as coisas acontecem e fluem. E com a produtora não foi diferente. É óbvio que tenho sócios, e cada um cuida de uma área distinta. Estou responsável por esse lado mais artístico, escolhendo projetos, selecionando as pessoas, quem irá dirigir, quem vai estar no elenco.
E o que te levou a apostar em um projeto como Isolados?
Equipe. Roteiro. Direção. Isso é algo muito novo ainda para mim. Não tenho nem quarenta anos ainda. Gosto do risco. Do novo. Sou abusado (risos). Gosto de projetos abusados. Meus personagens sempre foram assim, por quê agora seria diferente?
O que te guiou na construção do personagem do Lauro?
Uma coisa que precisei evitar foi a tentativa de enganar o público. O espectador não é trouxa. O que falamos, desde o começo, é que iríamos fazer um filme estranho. “Vamos criar personagens estranhos”. Não era uma vontade que só descobrissem o que está acontecendo no final. Queríamos que as pistas estivessem ali, durante todo o filme. Vamos brincar? É um jogo, está sempre em movimento. Acho que a gente conseguiu, tenho sentido isso nas pessoas. Causou a estranheza que a gente queria.
O Lauro é um personagem completamente diferente do Deco, do Mato Sem Cachorro. Como foi essa transformação?
Foi engraçado. A coisa foi até física, porque no Mato eu estava mais gordinho. Já no Isolados emagreci muito durante as filmagens. Divertido foi que os dois diretores são amigos, então um ficava dizendo para o outro “engorda ele, por favor” (risos). Mas, no final, a gente teve tempo de preparo, de estudo, para mudar de um filme para o outro.
Como foi esse processo de isolamento que vocês enfrentaram durante as filmagens?
Totalmente. Esse é o termo, ficamos isolados. E foi algo muito importante para nós. Foi primordial para conseguir o que estávamos buscando.
Isolados foi um dos últimos longas do José Wilker. Você é o único do elenco que chegou a contracenar com ele.
Foi emocionante. Fico muito honrado e, ao mesmo tempo, muito triste por este ter sido o último filme dele. Não é algo que me deixa feliz. Pois tivemos que dizer adeus, né? Gostaria que tivessem outros “últimos” ainda pela frente. Ele foi um cara muito bacana de conviver. Levava a profissão com leveza, nem a si mesmo tão a sério. Isso é maravilhoso. A nossa profissão está muito ligada ao prazer, e se você não sentir isso, ela perde o sentido. Qualquer profissão, aliás. Mas a nossa imprime na tela o que você vivendo.
Como você analisou a reação do público em relação ao Isolados?
Foi algo muito bacana. Sabe, fizemos muita pesquisa. Eu, mesmo, fui em várias sessões do filme, antes e depois de ter estreado, para acompanhar de perto. E o retorno foi sempre positivo. Isso mexeu com os nossos ânimos. Tem também a questão de termos investido num gênero que não é comum no cinema brasileiro, que é o suspense. O bom é que, quem gosta desse tipo de filme, tem adorado o que fizemos. Os outros podem ficar um pouco assustados, mas logo embarcam na mesma onda.
Fale um pouco sobre estes próximos projetos.
Um deles vai ser A Vida Sexual da Mulher Feia, baseado no livro da Claudia Tajes. Só para ter uma ideia, o protagonista é o Otávio Müller – imagina só, ele, fazendo uma mulher? O outro será Meu Ex-Imaginário, adaptação de uma peça da Regiana Antonini. O que a nossa produtora, a Escambo, faz, é montar quebra-cabeças. Queremos fazer acontecer, sendo projetos originais ou coproduzindo em parceria com outros. A gente acredita em filmes diferentes. Veja só esses dois projetos: um é uma comédia escrachada, o outro já tem uma pegada mais romântica. E ambos são o oposto do thriller que foi o Isolados.
Mas nestes você participa apenas como produtor. E atuando, o que tem de novo?
Tem um que, além de atuar, também estarei coproduzindo. Vai se chamar Jogos Clandestinos, e é um misto de ação e comédia. É do Caio Cobra, que é um cara incrível, e no elenco estão também a minha mulher, a Giovanna Ewbank, e o Marco Luque. Viu só? Estamos pontuando filmes completamente diferentes.
(Entrevista feita ao vivo em Gramado, RS)
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