Jobs, a aguardada cinebiografia de um dos maiores gênios da tecnologia, no qual o ator Ashton Kutcher interpreta o ex-CEO da Apple, Steve Jobs, chega aos cinemas brasileiros no dia 06 de setembro. Recentemente, o diretor do longa Joshua Michael Stern, até então conhecido pela comédia política Promessas de um Cara-de-Pau (2008), falou sobre como foi o envolvimento e inspiração para produzir a obra. Confira aqui no Papo de Cinema a íntegra dessa conversa!
Como você se envolveu com este projeto?
Um amigo me contou sobre um empresário e editor em Dallas que tinha encomendado um roteiro para um filme que ele estava realmente apaixonado. Mark Hulme me disse que havia um projeto muito ambicioso e surpreendente: ele gostaria de fazer uma cinebiografia sobre Steve Jobs, para a qual ele já tinha um roteiro. Isso me deixou intrigado instantaneamente. Ali estava alguém, completamente fora da indústria cinematográfica, que desejava fazer algo arriscado e embarcar num projeto carregado de personalidade. E assim surgiu a parceria de recriar a essência de Jobs nos cinemas.
Como foi a tua abordagem para fazer o filme?
Minha abordagem foi derivada de duas vertentes. A primeira capta o início de vida de Steve Jobs, datado entre os seus 20 até meados dos 40 anos de idade. Esta é uma época que a maioria das pessoas não conheceu, e foi nossa responsabilidade contar a história como ela de fato aconteceu, sem informá-los demais ou embarcar na especulação. Acho que Jobs destaca pontos realmente interessantes sobre Steve, além de mostrar o que a maioria das pessoas não sabe em relação ao que este homem passou.
E a segunda etapa?
A segunda vertente, como chamo, engloba o personagem em si. Era preciso que ele estivesse vivo no filme, respirasse e existisse, não importando o quão icônico ele ou ela é. Então, primeiramente, passei a ignorar a pressão que havia em contar a história de um homem tão mítico, e apenas contar a história de um homem que fez uma coisa incrível e inspiradora – que é como abordaria qualquer personagem em qualquer filme. É a história da luta e da ambição de alguém que, contra todas as probabilidades, consegue ter uma visão privilegiada dos fatos e, fazendo uso disso, introduz algo inovador e inédito. Algo que agora se tornou parte do nosso tecido sociocultural, e que hoje não podemos imaginar ficar sem. Essa é a história de Steve Jobs.
Quais as fontes que você usou para obter informações básicas?
Mark Hulme, nosso produtor, contou com uma equipe especializada de pesquisadores que vasculharam todos os registros públicos e entrevistas que tinham alguma coisa a ver com Steve Jobs. Matt Whiteley, roteirista, entrevistou pessoalmente inúmeras pessoas que trabalharam na Apple ou com o próprio Steve em outras empresas. Armado com esta pesquisa meticulosa, Whiteley começou a trabalhar no sentido de levar esta história de sucesso para a vida.
Quais foram os seus maiores desafios no desenvolvimento do filme?
Acho que o desafio quando se trata de uma figura tão conhecida e pública está em introduzir e transpassar a natureza enigmática da pessoa em si. Ele (Jobs) era maior que a vida, portanto, o meu desafio como cineasta foi de apresentá-lo sem explicar sobre o que você não pode explicar, ou arriscar um palpite que pode ser impreciso. Então, realmente acho que o maior desafio era expor a pura e honesta pessoa que ele era, pincelando com o que ele tinha de divertido e interessante.
Steve Jobs é um ícone mundial e fonte inspiradora para muitos jovens e adultos. O que você acha que pode ser extraído do filme e servir de estímulo para o público?
Acho que o que Steve Jobs fez, vindo de uma família de classe média-baixa, começando um negócio com Steve Wozniak numa garagem, serve por si só como inspiração para todos alcançarem o que desejam. Jobs vai realmente aumentar o espírito de inovação e mudanças nas pessoas, tanto quanto conseguir algo que se poderia pensar, que era impossível. E isso é o que ele realmente fez, apesar dos muitos obstáculos que teve que enfrentar.
O que você pode falar sobre Ashton Kutcher no papel de Steve Jobs?
Quando conheci Ashton, obviamente não demorou muito para perceber que havia uma semelhança física impressionante entre ele e Steve Jobs. Mais do que isso, quando me sentei com ele, senti que ele já estava canalizando o personagem. Após essa reunião, a cada pergunta que eu tinha como diretor foi respondida. Ashton é alguém que está muito envolvido na indústria de tecnologia e tem um monte de contatos, sendo úteis para que ele mesmo pudesse fazer a sua própria investigação. Eu realmente não poderia pedir mais.
Qual foi sua parte mais memorável de rodar o filme?
A parte mais memorável para mim foi filmar a “West Coast Computer Faire, de 1977”, que foi a festa de debutante para o Apple II, bem como a introdução de Steve para o mundo. Quando Ashton entra como Steve e faz o discurso – me senti em uma cápsula do tempo, uma viagem ao passado diante dos meus olhos. Muitas vezes, quando você está filmando, até mesmo em um filme de época, você está sempre um pouco do lado de fora e distante da vida real.
(Entrevista cedida pela distribuidora PlayArte para o Papo de Cinema)