Marie-Josée Croze é a principal estrela de Madame Durocher (2024), filme brasileiro em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês 2024. A trama conta a história de Marie Josephine Mathilde Durocher, que chegou jovem ao Brasil, em 1816, acompanhada da mãe, uma modista francesa. A loja que abriram acabou não indo bem e, após a morte da matriarca, Durocher decide aprender a função de parteira.
Marie-Josée Croze interpreta Anne, a mãe da protagonista. Mulher de temperamento forte, à frente do seu tempo, Anne é o grande exemplo para o comportamento revolucionário da protagonista. Vencedora do prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 2003 por As Invasões Bárbaras (2002) e indicada ao César de Melhor Atriz Estreante pelo mesmo papel, a canadense Marie-Josée Croze conversou com o Papo de Cinema na ocasião de sua passagem pelo Rio de Janeiro. E o resultado você confere com exclusividade logo abaixo.
Como chegou a você o convite para fazer essa produção no Brasil?
Recebi o roteiro enviado pela produtora. Depois tive uma conversa remota com os produtores e os dois diretores. Nela discutimos as condições e a minha personagem. E foi basicamente assim que seu deu a minha entrada no projeto.
E como foi a contracena especialmente com a Jeanne Boudier, atriz que interpreta a sua filha?
Foi muito fácil. Os diretores pediram para a gente improvisar bastante e, de cara, nos demos muito bem nesse jogo. Então, tínhamos o roteiro, coisas muito bem definidas, mas espaço para criar em cima daquilo.
Trata-se de um filme que fala de machismo, feminismo e é dirigido por dois homens. Dentro dessa possibilidade de improvisação, você teve espaço para contribuir com um olhar feminino para construir a história?
Não. Na verdade, não precisou. Os realizadores são muito jovens e têm uma sensibilidade incrível. Então, são homens que amam as suas mães, as suas namoradas, etc. Felizmente não são homens estúpidos (risos). Dida, por exemplo, contribuiu muito com a sua sensibilidade para a cena do espelho, ele trouxe muitos elementos interessantes.
Aproveitando, e esse trabalho com os diretores?
Foi extremamente fácil trabalhar com eles. Para mim é até difícil de falar desse filme, pois não tenho nada especial a dizer, tudo foi muito fácil. Os cenários são bonitos, os figurinos ajudavam muito. Depois que a gente entra no corpo do personagem fica tudo mais fácil. A trama é aparentemente simples, mas as cenas têm muita complexidade e profundidade. Não usam e abusam de clichês. Dida e Andradina são surpreendentes. São muito abertos. Por exemplo, pediram para eu ver uma cena no monitor. Achei péssimo e disse a eles (risos). Tinha ficado muito ruim. Normalmente quando falo assim, os diretores travam. Mas eles entenderam e assimilaram. Refizemos a cena e ficou muito melhor, ou seja, não tem aquele ego todo. O foco é sempre no trabalho. Eles estavam dispostos a encarar a realidade e a progredir. Quando fazemos um filme, tentamos, experimentamos coisas e chega uma hora que nos sentimos satisfeitos, mas sem intelectualizar tanto.
E como está a sua expectativa para encontrar o público brasileiro no Festival Varilux de Cinema Francês 2024?
É o sonho absoluto (risos). A gente nunca sabe como vai ser o lançamento do filme nas salas. É incrível o momento em que o filme acaba na telona e temos a resposta do público, sem falar na possibilidade de reencontrar os atores, como foi recentemente em São Paulo. Passou-se dois anos, mas parece que nos vimos ontem. Nos amamos, de verdade. Estamos falando de um filme com poucos recursos. Nos bastidores haviam um camarim para os homens e outro para as mulheres. Convivemos muito proximamente.
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