Mario de Andrade: O Turista Aprendiz (2025) chega aos cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 27. O mais novo trabalho do experiente cineasta Murilo Salles estreia nas demais cidades brasileiras nas semanas seguintes. O filme mostra a viagem do modernista Mario de Andrade pelo Rio Amazonas nos anos 1920, um pouco antes de publicar a sua obra-prima, Macunaíma. O elenco conta com Rodrigo Mercadante, Dora Freind, Dora de Assis, Lorena da Silva e Zahy Guajajara.
Rodrigo Mercadante já interpretou o modernista Mário de Andrade em outros momentos, como ele nos contou nesta entrevista exclusiva concedida ao Papo de Cinema de maneira remota. E em Mario de Andrade: O Turista Aprendiz fica muito claro que ele não apenas entende o personagem, como também é capaz de o incorporar para recontar essa história da viagem de um artista intelectual sudestino pelas profundezas de um país até então quase desconhecido. Confira logo abaixo a nossa entrevista exclusiva com Rodrigo Mercadante.
“Eu sabia que iam produzir um filme sobre o Mario de Andrade, mas nem havia mandado material por conta da faixa etária. Sou mais velho do que o Mario quando ele morreu. Um amigo meu e do Murilo em comum, o Luiz Antônio Rocha, insistiu para eu mandar o material (…) Enviei um vídeo tocando e cantando a música ‘Viola Quebrada’ e dizendo uns poemas do ‘Paulicéia Desvairada’. Murilo me chamou para conversar e percebemos que somos dois apaixonados por Mario de Andrade. Foi uma aproximação, acima de tudo, afetiva”.
“Mario de Andrade entra na minha vida de maneira afetiva. Devo ter lido tudo dele, não como estudioso. Sou migrante, venho de Minas Gerais e tenho uma relação de amor e ódio por São Paulo. Conhecer as obras do Mario foi me aproximando dessa cidade de um modo amoroso, tanto que estou aqui há 30 anos. A primeira vez em que fiz um espetáculo baseado em Mario foi em 1994, com A Moral Cotidiana. Fiz esse espetáculo para a rua, mas não interpretava o Mario nele”.
“Depois, durante as comemorações dos 450 anos de São Paulo, fiz o Mario num espetáculo chamado Mario 110, SP 450. Aí me debrucei sobre os poemas dele a respeito de São Paulo. Meu método de trabalho era curioso nessa época, pois eu pegava os poemas e ia ler nos lugares dos quais eles falavam (…) e isso foi me trazendo uma aproximação das coisas. A poesia me ensina a ver melhor a cidade”.
“O Murilo precisou ter paciência comigo. Para nós do teatro, mais especificamente do teatro de grupo, é muito complicado fazer as coisas sem ter o controle do que vai ser o sentido final da obra. Eu não fazia ideia do que seria o filme. Fiquei amigo do Murilo. Tivemos conversas e embates muito bons. Era uma troca muito intensa sobre esse objeto Brasil. Fiquei nos estúdios direto e para mim o maior desafio é mesmo fazer uma coisas da qual você desconhece o sentido final”.
“Fiquei encantado com o processo. O Murilo consegue duas coisas muito boas: o filme conversa com o tempo presente e mantém o humor, essa capacidade de rir de si mesmo. É uma criação a partir de um clássico. O Murilo consegue fazer isso de modo humorado e eu adoro. Esse tipo de cinema mais experimental é o que eu gosto de assistir como expectador”.
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