Matthieu Delaporte é um cineasta corajoso. Afinal de contas, na companhia de Alexandre de La Patellière, ele já dirigiu três superproduções baseadas na obra imortal de Alexandre Dumas, um dos autores clássicos da literatura francesa. Depois de levar em duas ocasiões a trama de Os Três Mosqueteiros às telonas, dessa vez ele se debruçou sobre O Conde de Monte Cristo (2024), produção desafiadora que é um dos destaques do Festival Varilux de Cinema Francês 2024.
De passagem pelo Brasil para participar do Festival Varilux, Matthieu Delaporte conversou com o Papo de Cinema sobre o tamanho do desafio, além de citar quais são as dores e as delícias de dialogar com um autor tão conhecido em um filme gigantesco. Muito simpático, ele disse estar feliz em nosso país e curioso pela resposta do público brasileiro. Confira abaixo a entrevista exclusiva com Matthieu Delaporte.
Como é conduzir um empreendimento deste tamanho, um filme com tantos cenários, figurinos e personagens?
Eu e o Alexandre de La Patellière já trazemos essa experiência dos dois filmes que fizemos com base em Os Três Mosqueteiros. Então, estamos habituados a um circo desse tamanho. O principal cuidado que temos nesse caso é para não se deixar esmagar por esse gigantismo todo, sempre se concentrando na história e nos personagens. A gente pode ter 50 cavalos e diversos barcos na imagem, mas se não nos interessarmos pelos personagens a coisa simplesmente não funciona.
Alexandre Dumas segue vivo e relevante ainda na atualidade. Como se apropriar de um autor tão importante?
Diante de um autor tão famoso, de uma história tão célebre, por mais incrível e paradoxal que isso possa parecer, dá uma tranquilidade. Isso porque não há como estragar uma coisa tão importante assim. O livro vai sempre existir, independentemente se o filme for bom ou não. Ele estará preservado nas bibliotecas do mundo. Quando trabalhamos com autores tão conhecidos, me parece que o indicado é fazer uma adaptação o mais pessoal possível para não repetir pontos de vistas antes utilizados. Nos sentimos muito livres. Estávamos diante de um livro de 1400 páginas. É preciso fazer escolhas, simplesmente não dá para mostrar tudo.
O filme é dividido entre apresentação, cadeia e vingança. E das quase três horas de duração do longa, a vingança ocupa cerca de duas horas. Era possível fazer qualquer recorte. E por que vocês optaram por essa ênfase?
Se nós tivéssemos duas horas na prisão, precisaríamos ter um filme de cinco horas (risos). Trata-se, como você disse, de um filme em três atos, mas que também pode ser visto como uma ópera em cinco atos. A vingança é dividida em duas: a preparação e a execução da vingança, na qual desejamos a violência.
É preciso amadurecer essa trajetória…
Sim, isso exige tempo. É importante mostrar como a vingança gangrena o personagem aos poucos. A imagem inicial do protagonista é a de um homem puro, simples, mas precisamos de um grande tempo para compreender como esse sentimento vai corroendo o homem e o transformando numa figura muito diferente.
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