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Batizada como Mônica Garcia Assis, a atriz resolveu mudar seu nome artístico para Mônica Martelli (sobrenome materno) seguindo um conselho do mestre Chico Anysio, que percebeu a cacofonia que se formava entre o final do prenome e o início do primeiro sobrenome. E assim tinha o início da carreira dessa carioca que começou como comediante no programa Chico Total (1995), mas desde então já apareceu me novelas, minisséries, talk shows e até na Dança dos Famosos! No cinema sua experiência também não é de hoje, tendo estreado em 2006 com o filme Trair e Coçar é só Começar, de Moacyr Góes. E foi apostando na mesma origem deste – uma comédia teatral de grande popularidade – que a atriz volta agora aos cinemas com seu maior sucesso até então: Os Homens são de Marte… E é pra lá que eu Vou, baseado no texto de sua própria autoria. Foi durante o lançamento deste mais recente filme que a estrela conversou com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!

 

Como surgiu a Fernanda, protagonista de Os Homens são de Marte… E É pra lá que eu vou?
A Fernanda é inspirada em mim, um pouco autobiográfica. São várias características que ela possui, várias histórias dela realmente aconteceram comigo. Como, por exemplo, aquela passagem pela Bahia, sabe? Passei 10 dias por lá, apaixonadíssima, até que caí na real! Fiquei solteira por três anos, então tudo que ouvia e vivia durante esse tempo e que achava que poderia render algo interessante em termos dramatúrgicos ia anotando e guardando. Primeiro veio a peça, que ensaiei na sala da casa da minha mãe, estreamos num teatro pequenino. Mas foi a realização que mudou minha vida. Com ela já viajei o Brasil inteiro, fui para Portugal. Só faltava, mesmo, o cinema.

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Elenco reunido na pré-estreia de Os Homens são de Marte...

Sua personagem passa por várias desventuras até encontrar o amor da vida dela. O que ela aprende com cada uma delas?
Eu acho que a Fernanda não é dispensada, ela dispensa. Trabalha, é produtora de sucesso, não quer encontrar um homem que dê um jeito na vida dela, não quer uma marido apenas para constar. O que ela quer é um amor, um parceiro, um companheiro de verdade e para todas as horas. Mas acontece que durante esse processo vários homens cruzam o caminho dela, e a mulher, naturalmente, tem essa mania da expectativa de encontrar o amor, algo que assume de forma escancarada, sem medo de ser feliz. Todo mundo quer casar, mesmo que não seja de véu e grinalda, e ela não tem vergonha de assumir isso. Mas daí surge a ansiedade que pode atrapalhar. Ela, no entanto, aprende a sair do papel da escolhida e, ao longo do filme, descobre que também pode escolher. Sabe, muitas mulheres vão dar a primeira vez e depois permanecem casadas por 20 anos, nem sabem o que é homem direito. A Fernanda não, ela tá escolhendo. Aos poucos, deixa aquela posição carente, de estar muito à disposição. Ela aprende a se valorizar.

 

Poucos filmes nacionais, atualmente, conseguem um público que você conseguiu no teatro. Depois de todo o sucesso que a peça teve, porque adaptá-la para o cinema?
Desde o início da minha peça, sempre tive um namoro com o cinema. Todo produtor sempre falava que tinha que fazer o filme. Mas era difícil arrumar tempo. Fazia a peça de segunda a segunda, depois ainda tinha que rodar na televisão… Mas, enfim, agora é a hora. É uma realização muito grande! Ver a minha história na tela grande, isso de alguma forma eterniza esse momento tão importante da minha vida. E o engraçado é que finalmente consegui casar, né? Ao menos na ficção (risos)! Porque tinha a minha família toda na cena do casamento, e isso era algo que eu devia a eles. Eu morei junto durante anos, mas nunca cheguei a casar oficialmente, nunca fiz festa. Vivi um casamento de dez anos, e foi muito bom, mas um dia acabou. Na vida é tão difícil dar certo, então quando acontece a gente quer celebrar aquele amor! Foi muito especial.

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Ao lado de Paulo Gustavo, em cena de Os Homens são de Marte...

Fale um pouco sobre sua parceria com o Paulo Gustavo, que é um dos destaques do elenco. Os Homens são de Marte e Minha Mãe é uma Peça (2013) são quase filme irmãos, certo?
O Paulo Gustavo é minha alma gêmea. Nós nos conhecemos há 9 anos, ele fazia uma peça no mesmo teatro que eu, na sala ao lado. Um dia foi ver minha peça, acabou assistindo quatro vezes, e foi por isso que quis fazer também um monólogo. Temos uma carreira autoral meio parecida. Fazemos projetos juntos, somos muito amigos mesmo, daqueles de se falar duas vezes por dia. Então tê-lo ao meu lado nesse filme era fundamental, o personagem foi escrito pensando nele.

 

O Herson Capri, além de ter uma pequena participação, é também um dos produtores do filme. Como foi o envolvimento dele?
Ele é TUDO na minha vida! A Suzana Garcia – esposa do Herson – é a co-diretora, co-autora, preparadora de elenco… ou seja, ele colaborou com tudo! Esteve ao nosso lado o tempo todo. Desde o início do processo criativo.

 

Como foi trabalhar com o Marcus Baldini, diretor que vem de Bruna Surfistinha (2011), um filme também feminino, porém com uma temática bem mais pesada?
O Baldini tem um bom gosto muito grande, é um cara que vem de publicidade, com um gosto estético apurado. Então ele fazia todo o sentido para uma produção incrível como essa, em que se vê o dinheiro que foi gasto, está tudo na tela. O Baldini esteve junto comigo e com Suzana o tempo inteiro, fizemos uma boa parceria, e ele entende bem desse universo feminino. Às vezes a gente dava uma ou outra dica para ele, como por exemplo, tive que explicar que mulher troca de calcinha 10 vezes antes de sair com um cara. Sabe, esse tipo de coisa? Então foi uma parceria muito boa, com bastante conversa e entendimento.

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Monica Martelli e o diretor Marcus Baldini no set de Os Homens são de Marte...

A comédia está em alta no cinema brasileiro, principalmente aquela protagonizada por mulheres. Ingrid Guimarães, Heloisa Perisse, Giovanna Antonelli… quais as razões desse sucesso?
Acho que o mundo feminino rende muitas histórias. Mulher é muito mais louca, complexa, o universo feminino é muito rico. Somos mais malucas, e isso rende mais, tanto para o drama quanto para a comédia. E a mulher de hoje decide onde vai, faz seus próprios programas. Ou seja, existe um público feminino ativo que é muito grande. As mulheres querem se ver nas telas, querem se identificar.

(Entrevista feita por telefone direto do Rio de Janeiro no dia 17 de junho de 2014)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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