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Mike Mendez começou a se envolver no cinema há pouco mais de uma década, mas seu nome já consta nos créditos de mais de 30 títulos, seja como editor, ator, roteirista, produtor ou, principalmente, como diretor. E foi para o lançamento do seu mais recente longa como realizador, Big Ass Spider, exibido na sessão de encerramento do Fantaspoa 2013 – Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, que o cineasta veio ao Brasil. “Este é o nono evento em que estamos exibindo Big Ass Spider, mas a energia de estar em um festival e o retorno do público após cada exibição sempre faz com que pareça como da primeira vez para mim”. E foi assim, muito bem humorado e empolgado com as reações dos espectadores, que ele conversou com os presentes após a sessão. E o Papo de Cinema, é claro, estava presente para fazer esse registro. Confira!

 

Como foi a seleção dos protagonistas?

A gente não tinha como contratar um diretor de elenco. Então tive que procurar entre os meus contatos, até nos conhecidos dos meus amigos. Ou seja, o elenco basicamente foi escolhido através da minha lista de amigos no Facebook. O Greg Grunberg, por exemplo, o consegui porque ele é amigo de um outro diretor que é amigo meu. Já o Lombardo Boyar foi um conhecido que chegou pra mim e disse: “tenho o cara perfeito para ser o José”. Tudo o que respondi foi “ele tem bigode? Pois começo a filmar em duas semanas e seria muito legal se ele tivesse bigode”. E ter aceito estas indicações foi uma das melhores decisões da minha vida, pois eles estão realmente perfeitos em cena, exatamente como imaginava estes personagens. Foi uma sorte muito grande terem essa química impressionante juntos. Filmes são como mágica, ou funcionam ou não.

 

Como foi trabalhar com o Greg Grunberg?

Uma das melhores experiências com elenco que já tive. Ele é muito generoso, sua entrega foi total. Às vezes os atores estão lá apenas para lerem seus diálogos, e com o Greg foi diferente, pois ele tinha ideias, interagia com os outros atores, foi bastante colaborativo, mesmo. Ele trouxe muita energia junto com o Lombardo, que foi maravilhoso. Algumas partes do roteiro foram reescritas especialmente para eles. E consegui-lo para o papel foi relativamente fácil, após ter mostrado os testes de efeitos da aranha e o quão convincentes conseguiríamos ser.

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E sobre o roteiro. Foi você que escreveu?

Não.

 

Quem escreveu essa história absurda, então?

(Risos) Um cara chamado Gregory Gieras, que nunca cheguei a conhecer. Não chegamos a ter uma única reunião juntos. Na verdade, ele escreveu um roteiro chamado Dino Spider, que era sobre uma aranha gigante metade dinossauro. A grande diferença era que esse texto original, ainda que tivesse alguma graça, era basicamente sério, e quando me apresentaram a proposta eu disse para os produtores: “por favor, né?” Era impossível fazer esse filme levado à sério! De alguma forma acabei os convencendo, mas tinham ainda muito medo de transformar o filme numa comédia, então tive que mentir durante quase todo o processo de filmagens (risos).  Quando viram as primeiras cenas prontas, no entanto, não tiveram como resistir: a energia estava ali!

 

Como foi a participação do Lloyd Kaufman no filme?

Adoro diretores, cineastas, e muitos são meus amigos pessoais. Quando participei, como ator, do filme Terror no Pântano 2 (2010), também haviam muitos outros diretores fazendo pequenas participações. Foi quando Lloyd Kaufman chegou pra mim e disse “se alguma vez você estiver fazendo um filme e precisar de qualquer tipo de ajuda, conte comigo! Eu pago minha passagem, minha hospedagem, só pelo prazer de estar colaborando”. Aí me dei conta que seria um ator a menos que teria que pagar, então o chamei na hora (risos)! Mas é claro, adoro os filmes dele e foi uma honra poder contar com ele no Big Ass Spider!

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A equipe de Big Ass Spider

Quanto tempo duraram as filmagens?

O filme inteiro foi feito em apenas 17 dias. O Ray Wise, por exemplo, permaneceu conosco por 15 dias. Era tudo muito calculado para que fosse possível realizá-lo.

 

Os efeitos foram todos digitais ou chegou-se a fazer uso de animatrônicos?

Até chegamos a construir uma aranha robótica, mas ficou tão ruim que acabamos abortando a ideia. Adoro efeitos visuais realistas, mas neste caso o CGI foi a nossa salvação. Big Ass Spider foi um filme muito barato, e seria mais rápido e econômico fazer tudo digitalmente. O único efeito real em todo o filme é aquele rosto que é derretido após ser atacado pela aranha. Sabe, os efeitos naturais estavam muito ruins, a companhia de CGI era ótima, então a escolha foi meio óbvia.

 

Qual foi o orçamento de Big Ass Spider?

O filme inteiro, desde a pré-produção, filmagens, elenco e finalização, custou apenas meio milhão de dólares. O que, vocês sabem, não é nada! Foi um grande desafio torná-lo realidade com um orçamento tão limitado, mas quando era criança a diversão era fazer filmes caseiros, com os amigos, num espírito de festa e brincadeira. Que foi exatamente o que acabou acontecendo também dessa vez. Sem pressão, nos divertindo muito. Foi uma experiência incrível. Todos os extras da cena do parque, por exemplo, estão entre os meus amigos do Facebook ou no Twitter! Eu publiquei um anúncio: “venha ser morto por uma aranha gigante e ganhe um hambúrguer grátis”, e mais de 200 pessoas apareceram!

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Quanto foi investido apenas na pós-produção?

Cerca de 100 mil dólares foram investidos em cerca de 700 cenas com efeitos especiais, que foram feitos por uma companhia do Paquistão – eu nem sabia que existiam computadores lá! E é por isso também que agora me odeiam nos Estados Unidos! Foi um filme inteiro feito via Skype! É claro que os efeitos não ficaram perfeitos, mas estão muito bons e nos surpreenderam com o que eles conseguiram fazer!

 

Big Ass Spider será exibido nos cinemas?

O filme teve sua primeira exibição pública três semanas atrás, num festival nos Estados Unidos. Mesmo assim, para uma produção destinada para a televisão, a repercussão tem sido impressionante. Desde então já fomos convidados a participar de uns 15 ou 16 festivais – inclusive esse aqui no Brasil – e já vendemos os direitos de exibição para diversos mercados estrangeiros. Ou seja, é bem provável que logo esteja em cartaz também no Brasil, se não nos cinemas, com certeza em casa. É um filme para televisão e home vídeo, e que também deverá ter uma sobrevida interessante na internet.

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E quais seus próximos projetos?

Tenho um sonho, que provavelmente não irá acontecer, mas adoraria ver Alex e José em novas aventuras. Seria uma série como Os Caça-Fantasmas, mas contra insetos e monstros gigantes! Quem sabe, se muitos foram assistir ao Big Ass Spider, isso se torne realidade?

 

(Entrevista feita em Porto Alegre no dia 19 de maio de 2013)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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