“Nós não enxergamos as pessoas”, disse Fábio Porchat em coletiva de imprensa sobre Entre Abelhas. “O filme fala sobre essa invisibilidade visível. Cada vez que você vai se fechando no seu mundo, você precisa menos das pessoas.” O ator se referia a contemporaneidade, mas também a seu personagem no longa: Bruno para de enxergar as pessoas depois do fim de seu casamento.
Quem acompanha o protagonista em seus dramas emocionais é Davi, vivido por Marcos Veras (Copa de Elite, 2014). O melhor amigo tem seus próprios dilemas ligados a sua infidelidade conjugal, o que atrapalha a conexão com os problemas de Bruno. “Ele também não enxerga as pessoas, mas de outra maneira”, explica Veras. “Ele se comporta como se tivesse uns quinze anos.”
Por conta da separação, Bruno voltou a morar com a mãe, papel de Irene Ravache, “que dá credibilidade ao filme”, segundo Porchat. “Ela tinha muito interesse em saber como a gente trabalha”, afirma Luis Lobianco (Tim Maia, 2014). “A gente trocou muita experiência.” No filme, ele vive um garçom que participa de experimentos constrangedores para ajudar Bruno a ver as pessoas.
Apesar do elenco com membros do Porta dos Fundos, Entre Abelhas não é uma comédia. O filme traz momentos de humor, mas em seu âmago é um drama com história universal. “Em nenhum momento a gente queria que ficasse datado ou marcado demais”, falou o diretor Ian SBF. “Podia ser em qualquer lugar do mundo.”
“É um filme que afirma que esse grupo quer oferecer de tudo um pouco”, alerta Lobianco. “Ficamos conhecidos com humor, mas podemos fazer outras coisas.”
(O jornalista acompanhou a coletiva de imprensa do filme em São Paulo)