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Um dos homenageados da edição 2011 do Festival de Cinema de Gramado, Selton Mello recebeu um kikito especial por sua história no cinema. Nada mais justo premiar um profissional com mais de 20 títulos no currículo, mas não teria sido mais adequado esperar um pouco mais ou optar com alguém não tão jovem? Afinal, o primeiro trabalho de Mello para a tela grande foi em 1997 – nem quinze anos atrás! Apesar disso, foi uma escolha bonita – seu talento é inegável – e ofereceu à noite de abertura do evento gaúcho um brilho especial, com a presença do artista e de praticamente toda a equipe do seu segundo trabalho como diretor, O Palhaço, que foi exibido como longa convidado fora de competição. Na ocasião, o realizador e intérprete falou sobre esse novo trabalho e sobre a homenagem recebida.

Como encarou a notícia que receberia essa homenagem em Gramado?
Foi uma surpresa e uma alegria. Eu venho a Gramado desde 1992, quando ainda nem fazia cinema – era somente um ator de televisão. Mas naquela época já tinha uma ansiedade dentro de mim que apontava que este seria o meu caminho. Se pudesse, iria agora até a rodoviária de Gramado e pegaria um ônibus até 1992 para falar com aquele rapaz e pedir que ele se acalme, pois vinte anos depois ele estará nesse palco, recebendo esse prêmio tão bonito. Tem gente que sonha com a casa própria, com o  carro próprio, não é mesmo? Pois eu sonhava com o kikito próprio, e agora o tenho!

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Qual é a tua história com o Festival de Gramado?
É impressionante, mas em todo esse tempo nenhum dos meus filmes chegou a ser exibido nas mostras competitivas em Gramado. Isso só foi acontecer quando fiz meu primeiro trabalho como cineasta, o curta Quando o Tempo Cair, em 2006, com o Jorge Loredo (o Zé Bonitinho). Ali comecei esse romance, e vejo agora que temos tudo para virar casamento! Estar aqui, abrindo o festival com esse filme que fiz com tanto empenho e carinho, é muito gratificante.

Sobre o que trata O Palhaço?
O Palhaço é sobre todos nós. É sobre o artista que vive dentro da gente e muitas vezes não aceitamos. É sobre reconhecer o que temos e obtermos felicidade com isso. Como se diz no filme: “o gato bebe leite, o rato come o queijo, e o palhaço faz palhaçada”. Temos que fazer o que somos melhores. E, em última instância, é sobre a família, que é o bem mais precioso que temos.

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Como foi fazer o filme?
Meu primeiro longa, Feliz Natal, foi muito dolorido. Eu sofri muito, não sabia nada, tinha muito a aprender – ainda tenho, mas agora me sinto um pouco mais seguro. Tanto que nele nem atuei. Agora foi muito mais leve. Tinha bem em mente o que queria dizer, tive uma parceira fabulosa ao meu lado – a Vânia Catani, produtora incansável – e uma equipe fabulosa. Contar com Paulo José ao meu lado como protagonista foi um presente que eu nunca irei esquecer. E sem falar dos outros, do Ferrugem, do Loredo, do Moacir Franco, da Teuda Bara, do Jackson Antunes… nossa, muita gente boa reunida. Com um time assim tudo o que eu tinha a fazer era não atrapalhar. E acho que deu resultado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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