João Guilherme Ávila, desde pequeno, teve os holofotes na sua direção. Filho do cantor sertanejo Leonardo, ele estreou como ator aos 7 anos de idade, no curta-metragem Vento (2009), de Marcio Salem, no qual atuou ao lado de Vivianne Pasmanter. A fama, como parece, estava no seu caminho. Logo em seguida começou a se destacar como cantor, seguindo os passos do pai, ao mesmo tempo em que se dedicava também à atuação. A primeira grande oportunidade veio como protagonista da nova versão de Meu Pé de Laranja Lima (2012), baseado no clássico infantil. Na sequência, marcou presença na novela Cúmplices de um Resgate (2015), programa que o colocou ao lado da colega de elenco Larissa Manoela, que foi sua namorada por mais de um ano. Agora, ele está de novo ao lado da atriz como dublador de um dos personagens principais da animação O Reino Gelado: Fogo e Gelo, que está chegando nessa semana aos cinemas. E a gente conversou com o ator justamente sobre esse novo trabalho. Confira!
Olá, João, tudo bem? Como surgiu o convite para participar da dublagem de O Reino Gelado: Fogo e Gelo?
Ah, pois então, foi bastante simples. O pessoal da California Filmes, que está lançando o longa no Brasil, me ligou pra fazer o convite. Eu já os conhecia, então a abordagem deles foi muito tranquila. Por acaso, eu estava com a Larissa na época em que ela havia dublado O Reino Gelado 2 (2014), então tinha acompanhado todo aquele processo. E foi mais ou menos por aí que surgiu essa oportunidade, entraram em contato pra gente fazer juntos, ela já estava confirmada, e continuamos amigos, então foi de boa. Fui até lá conversar com eles, foi super legal, fiquei empolgado na hora. Mas sei lá, dublar em si foi um pouco confuso, pois nunca tinha feito isso antes. Então tive que aprender, pois é bem diferente do que cantar ou apenas atuar. Como gosto muito de ver desenho animado, e sempre assisto em português, já estava familiarizado com as vozes daqui, com o método brasileiro, digamos assim, de dublagem.
Além de atuar, você é também cantor, ou seja, está acostumado a trabalhar com a voz. Você acredita que o processo de dublagem é mais simples do que cantar? Ou mais difícil?
Olha… não sei dizer, sinceramente. São duas coisas muito diferentes, na real. O importante é que tem que estar com a voz boa do mesmo jeito, independente do que se for fazer. Então, tem que ter aqueles cuidados básicos, né? Se você ficar rouco, nossa, tá lascado, não importa se é para cantar ou para dublar. Mas na dublagem você acaba usando sua voz de uma maneira diferente. Porque não é só entrar no estúdio de gravação e falar aqueles diálogos. Tem que estar atuando com o corpo inteiro, pois o uso da voz é também parte da atuação. A dublagem é um processo completo, de corpo inteiro, que envolve o rosto, mas se espalha. Pra cantar é até mais simples, pois você cria seu estilo e acaba cantando de qualquer jeito, ou melhor, do seu jeito. Já a dublagem não, é preciso estar a serviço daquele personagem.
Você estreou no cinema já como protagonista de um texto clássico, ainda criança, em Meu Pé de Laranja Lima. Como foi essa experiência?
Puxa, era muito novo, tinha apenas 9 anos, era uma criança. Este foi o meu primeiro grande trabalho, só havia feito um curta antes, com 7 anos. Então, essa era a minha primeira produção de peso, e já com toda essa responsabilidade. Eu era muito pequeno, então não lembro muito bem, só que foi uma experiência incrível. Eu estava no colégio, e durante as filmagens fomos para o interior, para Cataguazes, então foi uma verdadeira farra, quase como se estivesse de férias. E todo aquele pessoal junto, gravando, todo mundo na mesma vibração, foi muito emocionante. Lembro com muito carinho desse período, e é um filme que amei ter feito e do qual tenho muito orgulho de ter participado.
Além da televisão, você atuou também na aventura Entrando Numa Roubada (2015), do André Moraes, não é mesmo?
Na verdade, foi só uma participação especial. Foi uma grande brincadeira, né? Eu apareço rapidamente, mas foi muito divertido. O André chamou muita gente, o filme é bastante movimentado, muito engraçado, com ação, perigo, um elenco enorme. Então, fiquei muito feliz de terem lembrado de mim e feito esse convite.
Voltando ao Reino Gelado: Fogo e Gelo. Você se guiou bastante pelo roteiro original ou houve espaço para improvisações?
Na dublagem, ao menos no nosso caso, não houve nenhum tipo de espaço para qualquer improvisação. O Reino Gelado: Fogo e Gelo é uma produção russa, mas que fez tanto sucesso que está circulando o mundo todo. Então, a nossa dublagem foi feita em cima de outra, da versão norte-americana, em inglês. Isto quer dizer, já era uma adaptação, entende? Cada vez que o personagem fala, já estava dublado por outro ator, e esse foi o meu guia, onde me baseei para fazer a minha parte. E havia muito o que fazer, era preciso seguir de perto o que o outro havia feito, seguir sua entonação de voz, seus pontos de parada, do começo ao fim. Pra dizer a verdade, foi até mais fácil, pois havia esse guia para a gente seguir.
Como foi trabalhar ao lado de nomes como Larissa Manoela e João Cortes na dublagem nacional de O Reino Gelado: Fogo e Gelo? Vocês chegaram a gravar juntos?
Não, na verdade o processo de dublagem é sempre individual. Cada um faz a sua parte em separado. E não teria como ser diferente. Se fôssemos fazer tudo juntos, cada vez que um erra o trabalho do outro ficaria comprometido também. E seria preciso esperar, muito mais demorado no final das contas. Então, cada um tem uma agenda, faz as suas falas e pronto, o pessoal da direção nacional que se encarrega de juntar tudo. E assim é melhor, até por uma questão de organização com os compromissos de cada um, né? Nem todo mundo está disponível para ficar junto ao mesmo tempo.
Você já assistiu ao filme? O que achou?
Assisti sábado passado. Achei muito legal, bem divertido. É um desenho muito bom, ficou bem emocionante. Quando estamos gravando, até por ser tudo em separado, não temos noção exata do todo e de como ficará depois de combinado com o que os outros atores fizeram. Mas esse resultado ficou maneiro. Acho que vão gostar ainda mais do que dos filmes anteriores.
Você é o Fogo de O Reino Gelado: Fogo e Gelo, não é mesmo? O que este personagem lhe ensinou?
Pois então, sou o Roni, que é o personagem novo nesse terceiro filme da franquia. E ele vira o Fogo no desenrolar da trama, mas… não quero dar nenhum spoiler, viu? Na verdade, ele passa uma imagem que não é exatamente a verdade, então tem que tere muito cuidado sobre o que dizer a respeito dele. São várias coisas que vão acontecendo com ele durante a história, e a verdadeira identidade dele acaba sendo o grande mistério. Mas posso dizer que é um cara muito sonhador, que o grande desejo dele é ser super, entende? Ele tem esse desejo de ser mais, de ir além daquilo que conhece, e quando adquire esses novos poderes, as coisas começam a mudar na cabeça dele. Mas não diria que é uma má pessoa, afinal, isso é uma coisa boa que aconteceu com ele, pois é um cara que vive com a cabeça nas nuvens, meio longe da realidade, e essa jornada o irá aproximar do dia a dia, até pra ficar mais pé no chão.
E como você acha que o público irá receber O Reino Gelado: Fogo e Gelo?
Espero que gostem tanto quanto curtiram os outros anteriores. Esse é bem legal, na verdade, acho que é o melhor da série – e não é porque eu faço parte, viu? (risos)
(Entrevista feita por telefone direto de São Paulo em agosto de 2017)
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