A despeito da pouca idade, Nicolas Prattes não é exatamente um iniciante na carreira de ator. Aos 21 anos, ele já tem uma trajetória com vários papeis de destaque, especialmente na televisão e no teatro. Atualmente um dos destaques da novela da Rede Globo O Tempo Não Para, ele agora finalmente estreia nos cinemas, já na condição de protagonista, num papel bastante difícil. Em O Segredo de Davi (2018) – primeiro longa de Diego Freitas, após ter se destacado pelo curta Sal (2017), exibido no Festival de Gramado 2017 – a preparação foi árdua. Nicolas chegou a relatar desmaios durante as filmagens, devido a intensidade física e mental exigida pelo personagem. Davi é um extrovertido estudante de cinema que esconde um passado sombrio. Após o primeiro assassinato, algo muda e o garoto passa a ser instigado a cometer outros crimes, se tornando um serial killer. Por conta das rotinas extenuantes da gravação da novela, conversamos muito brevemente com Nicolas Prattes por telefone, tentando desvendar um pouco os mistérios do personagem, suas inspirações e o que o filme representa ao jovem galã. Este Papo de Cinema você confere a seguir.
Davi é um personagem complexo e praticamente impossível de definir. Você se questionou muito sobre como entrar nessa mente excêntrica ao receber o roteiro?
Foi um grande desafio. Tive muito prazer ao me jogar de cabeça no processo, ao contar essa história diferente de todas com as quais me envolvi anteriormente enquanto ator. Foi uma alegria enorme fazer parte desse projeto, além de um dos maiores desafios que já tive na minha carreira.
Teve algum ator ou mesmo personagem famoso do cinema que te inspirou na hora de compor o personagem? Um Norman Bates de Psicose ou alguém tão perturbado quanto?
Inspirei-me, na verdade, em O Abutre (2014) e Donnie Darko (2001), aliás, dois filmes com Jake Gyllenhaal. Norman Bates, claro, até porque eu vi a série Bates Motel. Vi Cisne Negro (2010), então acabei pegando vários elementos para compor o Davi, além dos meus de estudos prévios.
O roteiro, assim como a decupagem, colocam Davi em evidência, sua perspectiva, como se ele narrasse tudo, mesmo sem precisar de um off para isso. Não dá pra dizer que muitas das coisas que acontecem são apenas frutos de sua mente?
Acho que não. Acredito que, embora o filme deixe espaços à visão de cada um, as coisas em torno da faculdade, além de tudo o que acontece com ele mais novo, realmente são verdade, porque ele as projeta depois, quando mais velho. Por exemplo, a investigadora é real, porque ela o conhece de verdade. Porém, seria bem interessante pensar que tudo é da cabeça dele, um verdadeiro plot twist, com ele deitado na cama imaginando o que está fazendo. Mas, acredito que tudo seja verdade, mesmo.
O filme aborda uma questão bem atual, centralizada nas ações de Davi: o exibicionismo e o voyeurismo das redes sociais. Você sente que Davi é como alguém que busca várias formas de chamar atenção para ser percebido e, ao mesmo tempo, se isolar de todos?
Acho que o filme serve de alerta para o uso das redes sociais. Há muita gente que as utiliza para o mal, assim como o Davi. Então, certamente o longa é um bom exemplar de alerta para se preservar diante de uma possibilidade dessas.
Você é um jovem ator que está numa carreira em ascensão. Gostaria de interpretar mais personagens como o Davi nos futuros trabalhos?
Aceitarei todos os personagens que me desafiarem artisticamente, que me complementarem como ator, porque acredito que a carreira de um intérprete é isso, construída desafio por desafio, com trabalhos diferentes, um melhor que o outro, já que o tempo de estudo entre um e outro acaba sendo maior. Quero me superar a cada trabalho, me descobrir ainda mais como ator.
(Entrevista feita em novembro de 2018, por telefone, numa ponte Rio de Janeiro/Porto Alegre)
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