Os dois nasceram em 1975 – ou seja, não possuem nem 40 anos ainda. Mesmo assim, são responsáveis por um dos filmes de maior bilheteria do ano – a animação Uma Aventura Lego (2014), que já faturou mais de US$ 250 milhões só nos EUA – e por duas franquias que também surpreenderam, tanto junto ao público como com a crítica – a dupla dirigiu o primeiro Tá Chovendo Hambúrguer (2009) – e produziu o segundo – e está no comando de Anjos da Lei 2 (2014) e do anterior, Anjos da Lei (2012), versões cinematográficas do antigo seriado de televisão! E foi aproveitando a estreia deste novo trabalho dos amigos cineastas que o Papo de Cinema conversou com exclusividade com eles, por telefone, direto de Los Angeles! Confira!
Olá! É um prazer falar com vocês. Antes de mais nada, gostaria de me desculpar pelo meu péssimo inglês… espero que perdoem qualquer deslize meu nessa conversa!
Phil Lord: Imagina! Nós é que nos desculpamos por não falarmos a sua língua. Aliás, nem em espanhol a gente se defende, não é Chris?
Christopher Miller: Eu falo russo. Vamos fazer essa entrevista em russo? (risos) brincadeira, estou brincando… nem comece a falar russo comigo!
Ok, vamos lá. Como vocês dois se conheceram e decidiram trabalhar juntos?
PL: Nos conhecemos ainda durante a faculdade, fomos colegas, e desde muito cedo percebemos que gostávamos das mesmas coisas, e, principalmente, achávamos graça das mesmas piadas. Nosso humor é muito parecido, e foi isso que nos atraiu para trabalharmos juntos.
CM: Foi uma atração forte, é claro, que extrapolou todos os limites… quer dizer, apaga essa parte, o que vão pensar de nós… (risos)
Channing Tatum e Jonah Hill não são uma escolha óbvia para uma dupla de policiais. Como vocês chegaram a esses dois nomes?
CM: Mas eles combinam juntos, não? Nós achamos, ao menos, e foi por isso que seguimos em frente com o projeto.
PL: Na verdade, nós fomos contratados para fazer o primeiro Anjos da Lei (2012). E gostamos tanto que decidimos não ir embora! Mas falando sério, quando fomos convidados para assumir a franquia, os dois já haviam sido escalados. Claro que também estranhamos, mas assim que o trabalho começou percebemos que eles se entendiam muito bem, e que isso era o mais importante.
CM: O Jonah foi o primeiro a se envolver, ele que chamou o Channing. Eles são amigos, e são diferentes fisicamente, mas também combinam muito um com o outro – mais ou menos como nós dois.
Como foi trabalhar com os dois astros?
CM: Pois é, hoje os dois são astros. Channing é o campeão das bilheterias, o Jonah tem suas indicações ao Oscar… mas dois ou três anos atrás eles não eram ainda tudo isso, sabe? E eles seguem sendo aqueles mesmos caras, bem humorados e com muita energia. O Channing é um dos caras mais engraçados que conheço. E o Jonah passa aquela imagem que precisa de alguém que cuide dele, então é bom tê-lo ao lado de um cara grandão, forte, como seu melhor amigo. Os dois se complementam.
Pelo que podemos perceber nos créditos finais de Anjos da Lei 2 – que são hilários – ideias não faltaram para essa continuação. O que foi determinante para escolher a nova trama?
PL: Uma coisa era certa para nós: para fazer um novo filme, era preciso ter uma boa história. Foi quando pensamos: que tal fazer uma sequência sobre como é difícil fazer uma sequência? Esse foi o conceito básico!
CM: Isso serviu também como metáfora para o que queríamos fazer com a história. Como seguir com aquela relação, porém num nível seguinte, mais avançado? A partir disso a ida deles para a universidade nos pareceu o mais natural possível. Era sobre os dois estarem querendo fazer coisas novas, porém ainda se importante muito um com o outro.
Entre as futuras possibilidades, não chegaram a cogitar uma pelo Brasil? Filmes como Velozes e Furiosos, Crepúsculo e até o Incrível Hulk já passaram por aqui…
CM: Cara, é uma ótima ideia, sabia? Imagina só o Jenko e o Schmidt em pleno Carnaval, Rio de Janeiro, muita mulher… hum, não sei se eles iriam aguentar… (risos)
PL: Colocar os dois num ambiente completamente improvável é o segredo do sucesso da série. E certamente tê-los no Brasil seria surpreendente. Quem sabe a gente os leva nas Olimpíadas de 2016? Eu adorei o Velozes e Furiosos 5 (2011), aí no Rio… foi muito divertido. Sim, é uma boa ideia! Vamos fazer!
Vocês são conhecidos também por trabalharam com animações. O que é melhor, desenhos ou pessoas reais?
PL: Nós gostamos dos dois, e pretendemos seguir fazendo as duas coisas. Nossos próximos projetos são seguir com os filmes do Lego, que iremos produzir. Então, é interessante essa alternância.
CM: Animação é um processo muito demorado, leva-se anos para fazer cada filme. Com os dubladores nós tivemos o primeiro gosto de como se relacionar com atores, como criar os personagens a partir dos intérpretes. É algo espontâneo, e é isso que gostamos ao trabalhar com live action. Toma menos tempo, é mais divertido, porém não se tem tanto controle dos detalhes. Cada coisa tem suas vantagens e desvantagens, e o que buscamos é sempre o melhor dos dois mundos.
Há tantas participações especiais no Uma Aventura Lego, porque não uma aparição surpresa de Schmidt e Jenko?
PL: Mas eles estão lá! O Channing Tatum faz a voz do Superman e o Jonah Hill é o Lanterna Verde! E os dois vieram gravar suas vozes juntos, foi uma sessão muito engraçada, com muitos improvisos.
CM: E tem mais, no apartamento do Emmet há um pôster do Anjos da Lei! Dá pra ver rapidamente, e foi a nossa homenagem! Uma coisa bem macho e suja (risos)!
E que tal uma versão dos Anjos da Lei com bonecos lego em uma ilha feita de comidas?
CM: Uau! Essa é uma boa ideia! Seria um super filme! Nunca pensei… uma metáfora de nós mesmos… Mas talvez a gente convide o Channing e o Jonah para dirigirem, e daí nós mesmos seremos os protagonistas. Inversão total!
Ok, deixando a brincadeira de lado… como tem sido a recepção de Anjos da Lei 2 nos Estados Unidos e nos mercados internacionais?
PL: Surpreendentemente boa. Cada novo país que o filme chega, quando vamos olhar as críticas e o retorno das bilheterias ficamos ainda mais espantados. Enquanto fazíamos o filme não ficamos pensando se tal coisa era americana demais, se aquilo iria funcionar da França ou no Brasil, por exemplo. Apenas queríamos contar a melhor história possível, do jeito que acreditamos.
CM: Mas mesmo assim tem muitos elementos que são bem característicos, como o lance do futebol americano, das fraternidades, coisas que só existem aqui. Mesmo assim, o mundo inteiro parece ter percebido que estamos falando de temas universais, de relacionamentos, sobre se apaixonar. Há muita ação, muita comédia física, e essas são coisas que são facilmente traduzíveis para qualquer língua.
No primeiro filme foi o Johnny Depp, agora temos Anna Faris, Seth Rogen, Richard Grieco… qual destas participações foi mais especial?
CM: Eu não posso escolher uma favorita. Todas foram muito especiais para nós. O que posso dizer é que tivemos muita sorte em poder contar com tantos amigos fazer essas coisas incríveis ao nosso lado.
PL: De qualquer forma, no primeiro dia em que chegamos ao set e nos deparamos com o Johnny Depp ali, fantasiado e pronto para gravar, foi alucinante. Eu precisava me beliscar para acreditar que aquilo estava, mesmo, acontecendo. Foi incrível!
(Entrevista feita por telefone direto de Los Angeles no dia 20 de agosto de 2014)
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