Ismaelino Pinto nasceu em Belém do Pará, é advogado e jornalista de formação. Foi videomaker nos anos 80, premiado em festivais como O Video Brasil, Festival de Vitória, Festival Guarnicê do Maranhão, Festival do Piauí, FestRio e outros. Organizou mostras de filmes e vídeos em Belém, como o Festival do Minuto, Cine-Vide Pará e foi programador do Cine Libero Luxardo. Durante doze anos apresentou na Cultura FM o programa “Lanterna Mágica”, e na TV Cultura o “Curta Pará”. Também comentou cinema para a Rádio CBN/O Liberal, o Portal ORM e o Jornal Hoje, edição local, na TV Liberal (afiliada, TV Globo). Realiza cobertura dos principais festivais de cinema do país como: Gramado, Brasília, Cine PE, Guarnicê, Festival da Paraíba e outros. Atualmente é colunista do Jornal O Liberal, no Caderno Magazine – Variedades.
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Como nasceu em você a paixão pelo cinema?
Meu pai era um apaixonado por artes. Íamos muito a cinemas, circos e teatros. E eu sempre tive uma fascinação muito grande por filmes, via todos que passavam na TV e ia sempre ao cinema pra ver tudo, até hoje faço isto.
Qual é o sentido de ser crítico nos dias de hoje?
Mais do que um indicador de formas, sentidos e caminhos, acho que o critico de hoje tem o dever de abrir os olhos do leitor/espectador para detalhes que talvez passem despercebidos por conta da quantidade de informação que ele tem. O crítico deve ser o caminho para o espectador desvendar um filme.
Qual sua posição frente a nova crítica de cinema, que germinou na era dos blogs e das revistas virtuais?
Vejo como algo normal. Hoje o público tem mais possibilidade de ver criticas e comentários dos filmes, antes restrito ao jornal e TV. Quanto mais, melhor!
Como vê o academicismo de certas linhas de pensamento na crítica cultural? Acredita que a dissecação de um filme, tornando a análise o mais objetiva possível, tende a enfraquecer a importância da análise subjetiva?
Acho que existe leitor para todas as vertentes da critica. Existe o espectador da uma analise mais profunda, como aquele que quer algo mais leve. Vem daí a idéia de que “o que a critica gostou o público não gosta”, antes só existia a chamada “critica cabeça”, aquela que muitas das vezes distanciava o público dos filmes.
Quais são seus críticos de cinema favoritos? Os de outrora, que influenciaram ou ainda influenciam seu trabalho, e os de agora, que acredita sustentarem com talento a causa da crítica de cinema.
Em Belém, Pedro Veriano, que é um dos maiores conhecedores de cinema que existe no norte. Sua esposa, Luzia Miranda, uma critica mais cerebral, digamos assim, pois é professora de dialética na universidade federal. Veriano me ensinou a olhar o cinema sempre com olhos de espectador comum, não perder a magia em si. Nacionalmente, Luiz Carlos Merten me encanta pelo frescor do olhar, sempre há uma alegria de ver e ter cinema.
É célebre a história de Antonio Moniz Vianna parou de escrever quando da morte de seu maior ídolo, John Ford, pois acreditava que nada tinha mais a acrescentar como pensador diante da crise criativa contemporânea. Qual diretor cuja morte já lhe provocou semelhante desalento?
Tantos. Acho errado qualquer tipo de radicalismo. Não podemos matar em nós o prazer e sempre ver. Os neorealistas me encantam sempre (Rosselini, principalmente), gosto dos cineastas do leste europeu, dos russos, e principalmente de Fellini, que nunca deixou de ser um espectador mesmo sendo diretor. Mas chegar a dizer que pela morte de um eu deixaria de ver cinema, é muito forte!
A perda de espaço de textos críticos nos veículos impressos é sintoma da falta de interesse público, ou a busca ávida dos veículos pela adequação a tempos de pouca reflexão?
Acho que a culpa pode vim da própria critica que se fazia antes, dura, radical, sem dar espaço para outras visões. Com isto os impressos endureceram. Quanto ao interesse publico, ele sempre existirá. Só acho que no Brasil não temos publicações boas pra cinemas. As revistas que haviam, que eram inclusive bastante fraquinhas, não sobreviveram. Hoje a web possui um papel fundamental pra critica de cinema.
Discutir “comércio versus arte” ainda é válido quando percebemos qualquer cinematografia?
Acho que devemos discutir tudo. Só não podemos dissociar arte e mercado. Eles devem existir e para os dois existirem, um tem que ser independente do outro.
Como vê o cinema brasileiro atual?
Sempre tenho a maior boa vontade com o cinema do Brasil. Não por pena, ou por levar em conta que devemos ser condescendente com nosso produto, mas porque temos um cinema forte, vigoroso. O chato, o errado, é a comparação.
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