Comediante talentoso, dos mais da atualidade. Depois de fazer bastante sucesso na televisão, sobretudo nos programas Pânico na TV (Rede TV) e Pânico na Band (Rede Bandeirantes), Eduardo Sterblitch estreou nos cinemas em 2012, exatamente com Os Penetras. Interpretando Beto, jovem inicialmente engambelado pelos personagens de Marcelo Adnet e de Stepan Nercessian, mostrou que podia fazer bonito também nas telonas. Os Penetras 2: Quem Dá Mais? representa uma espécie de prova de fogo, afinal de contas, nesta sequência ele assume sozinho a função de protagonista, valendo-se de trejeitos ainda mais expressivos para dar vida a esse “novo” trambiqueiro. Prestes a estrear na bancada do programa Amor & Sexo, da Rede Globo, Sterblitch está colhendo, em diversas plataformas, os frutos de seu trabalho. Conversamos rapidamente com ele sobre como foi voltar ao mundo da malandragem celebrada pelo cineasta Andrucha Waddington. Confira nossa entrevista exclusiva.
No filme de 2012 você dividia o protagonismo com o Marcelo Adnet. Agora é, de fato, o personagem principal. No que isso muda a sua construção cênica do Beto?
Na verdade, eu acho que o que muda, mesmo, é somente a perspectiva. O primeiro filme fica mais em cima do personagem do Adnet, o segundo realmente é mais focado no meu. Tendo um terceiro, eu acho que deveria ser mais do ponto de vista do Nelson (personagem do Stepan Nercessian). Sei que tem um protagonismo, que não tem como escapar dessa definição, mas eu vejo realmente a diferença entre o primeiro e o segundo filme mais como uma questão de POV (point of view), de perspectiva.
No primeiro longa, o Beto é um cara inocente que acaba entrando num mundo novo, ao qual se adapta gradativamente, inclusive por encontrar ali uma família, torta, mas uma família…
Pelo menos ele se apoia nisso, né? (risos). Para o Beto aquilo acaba se tornando realmente uma família. No primeiro, ele é um cara mais triste, tem uma carga ali que não existe neste segundo. Ele simula constantemente fazer parte dessa vida de vigarice. Mas ele se mantém essencialmente inocente, e neste filme eu pude explorar ainda mais isso.
Os dois filmes celebram o jeitinho brasileiro, uma vigarice romântica, por assim dizer, de maneira bem carinhosa, nada pejorativa. O Beto se encaixa nisso como um forasteiro. O Andrucha (Waddington, o diretor) trabalhava de que forma esse contraste contigo?
Ele deixava a gente brincar muito, improvisar, testar os limites. Enquanto os outros personagens, de certa maneira, surfam numa onda de realismo, o Beto está ainda mais solto neste segundo filme, mais livre para ir além, para fazer loucuras, essas coisas. O Andrucha me deixou bem à vontade para compor o Beto dessa forma livre, meio destrambelhada e maluca.
Como foi reencontrar Mariana Ximenes, Stepan Nercessian e Marcelo Adnet depois de quatro anos?
Foi ótimo. Na verdade, a gente nunca deixou de ter contato. Ficamos amigos depois de Os Penetras, então foi um reencontro, de fato, de pessoas muito queridas no set de filmagem.
Tem algum cômico de cinema que influencie você? O Eduardo era uma criança e posteriormente um adolescente que gostava de assistir a filmes?
Ah, são tantos. Acho que os filmes a que eu mais assisti na infância foram Ace Ventura: Um Detetive Diferente (1994) e O Máskara (1994). Eu via muita coisa do Robin Williams, do Tom Hanks, dos que depois se tornaram “classudos”, tipos os da série Corra Que a Polìcia Vem Aí. Eu sempre busco referências em todos os lugares, do mais erudito ao mais popular, do antigo ao novo. Assisti muito Buster Keaton e Os Três Patetas, também. Não tenho necessariamente uma referência principal, mas várias, tento sempre acompanhar um pouco de tudo para ver o que dá para fazer diferente.
(Entrevista concedida por telefone em janeiro de 2017)