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A catarinense Bruna Linzmeyer, nascida na pequena cidade de Corupá no dia 11 de novembro de 1992, é uma artista que, aos poucos, está conseguindo firmar seu nome do cenário cultural brasileiro. Após começar sua carreira como modelo e ter participado do concurso Garota Verão na RBS TV / Rede Globo no seu estado natal, decidiu se mudar para São Paulo e estudar teatro. Quando estava planejando abandonar tudo novamente e ir para o México, recebeu um convite do diretor Luiz Fernando Carvalho, que a chamou para a minissérie Afinal, O Que Querem as Mulheres? (2010). O sucesso, a partir de então, ficava cada vez mais perto. O passo seguinte foi se aventurar nos palcos e, em seguida, em telenovelas. Agora ela estreia também no cinema, participando do longa coletivo Rio, Eu Te Amo (2014) – e, de cara, ao lado de dois veteranos: dividindo a cena com Rodrigo Santoro, sob o comando do cineasta Carlos Saldanha. Foi sobre esse novo desafio que a atriz conversou com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!

 

Rio, Eu Te Amo é também a sua estreia no cinema. Como você se envolveu com esse projeto?
Pois é, foi o meu primeiro filme. Na verdade não é o primeiro que faço, mas acabou estreando antes. Sabe, não sei exatamente como aconteceu, não foi muito especial, preciso confessar. Em algum momento o Carlos Saldanha, o diretor, entrou em contato comigo. Ele se aproximou dizendo que tinha uma proposta, que era algo que talvez me interessasse. A primeira coisa que me perguntou foi se eu tinha experiência com dança, e isso logo despertou minha atenção, pois sou também bailarina, por anos fiz ballet. Então começamos a conversar a respeito, eu ia me interessando cada vez mais pelo que ele ia dizendo. Posso afirmar que foi uma identificação imediata, e o resultado é que deu tudo certo e hoje estou aqui.

 

Rio, Eu Te Amo é um filme sobre o Rio de Janeiro, mas no seu episódio se vê muito pouco da cidade. Qual a razão de filmar no Theatro Municipal?
Eu tenho uma relação muito bom com o palco, gosto muito de teatro. A história já estava definida quando me convidaram, então tive pouco poder de influência neste tipo de decisão. Mas posso afirmar que um dos elementos que mais me interessaram foi essa possibilidade de fugir do óbvio, de mostrar um outro lado da cidade. Estudo ballet desde criança, fiz dança também na televisão, agora mesmo estou envolvida em um espetáculo teatral que também terá muito de dança, então é algo natural para mim. Fiquei muito feliz com o convite, foi a oportunidade e o momento certo para explorar essa outra profissão que está escondida dentro de mim. Além disso tivemos uma preparação muito bacana com o pessoal do Grupo Corpo, que são realmente fantásticos. Foi algo único, que nunca havia vivido até então.

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Como foi dividir a cena com o Rodrigo Santoro, que é um dos maiores nomes do cinema brasileiro atual?
O Rodrigo é maravilhoso. Já o conhecia, havíamos trabalhado juntos na televisão antes, então o entendimento foi imediato, foi como reencontrar um velho amigo. Passamos muito tempo juntos para criar esses personagens, começamos com os corpos desses bailarinos, trabalhando bem cada movimento, cada expressão. Ensaiamos por duas semanas, tivemos leituras do roteiro com o Saldanha, discutimos cada uma das questões psicológicas do texto. Outra coisa que ajudou muito foi o Sergio Penna, que é um mestre. Ele passou um dia conosco nos dando um auxílio diferenciado, é um dos melhores preparadores de elenco do país! Lemos tudo que a Elena Soárez, a roteirista, nos passava, as inspirações que ela teve, tudo que poderia contribuir de alguma forma. Em nenhum momento me senti sozinha, era eu e o Rodrigo o tempo todo, um ao lado do outro, juntos. Foi muito bacana.

 

Você conhecia os outros filmes da série Cities of Love? O que acha deles?
Acho incríveis, gosto muito dos dois filmes anteriores. O meu preferido até então era o Nova York, Eu Te Amo (2009), que acho que tem uma sensibilidade muito especial. Mas isso era antes, né? (risos) Não é por nada, não, mas o nosso ficou maravilhoso. Essa ideia de homenagear o Rio de Janeiro com esse filme que é uma verdadeira declaração de amor a cidade veio no melhor momento possível. O Rio é uma cidade fetiche, todo mundo já ouviu falar, quem não conhece quer vir, que já veio quer voltar, é um lugar maravilhoso. É motivo de desejo ao redor do mundo, e essa possibilidade que o filme nos oferece de abraçar cada canto daqui, todos os bairros, as cores, as expressões… nossa, estou muito feliz de poder fazer parte disso tudo. E o Rio, Eu Te Amo é uma maneira incrível de pontuar essa imagem, que agora vai dar a volta no mundo.

 

O episódio de vocês, Pas De Deux, foge dessa ideia do Rio de Janeiro como cartão postal. Isso foi de propósito?
O que posso dizer é que esse era um desafio consciente dos produtores, que queriam mostrar uma visão mais abrangente possível da cidade. Mas sei também que os diretores tiveram muita liberdade para contar a história que desejassem, a única exigência é que fosse sobre o amor, qualquer tipo de amor. O Saldanha que surgiu com essa ideia, e juntos nos propomos a contar algo único, é um minifilme dentro de um projeto muito maior. O nosso foco era como se Pas De Deux fosse o filme completo, nos dedicamos por completo em cada um daqueles minutos que dura o nosso capítulo. Acho que foi isso que fez o conjunto ser tão especial.

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O diretor Carlos Saldanha só havia dirigido animações até participar de Rio, Eu Te Amo. Como foi trabalhar com ele?
Nossa, o Saldanha é um gentleman! Ele é um diretor muito doce, o set dele é muito vivo, e ao mesmo tempo calmo, tranquilo. Foi tudo feito com tranquilidade, dentro do planejado, sem atropelos nem insegurança. Acho que talvez por ter trabalhado muito com animação, em que se pode ver cada frame do processo, observando cada detalhe, lhe permitia essa visão global dos acontecimentos. Sua direção é muito precisa, sabe exatamente o que quer a cada instante. Qual palavra usar, qual imagem fica melhor para o que precisa ser passado para o espectador. O equilíbrio entre o doce e o triste, na concepção dele, é quase como uma brincadeira, uma quebra-cabeça que só precisa ser montado e nós somos peças desse quadro maior que já está na mente dele. Ele é um cara muito educado, gentil, e como já havia trabalhado com o Rodrigo, os dois estavam ali juntos pra me ajudar. Foi uma experiência incrível!

(Entrevista feita ao vivo direto do Rio de Janeiro no dia 08 de setembro de 2014)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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