Os arranjos de um casamento é cenário de diversas comédias. O francês Que Mal Eu Fiz a Deus? soma-se à lista, mas com uma pitada de polêmica. O filme conta a história de quatro irmãs de uma família católica, cada uma em um relacionamento amoroso com um homem de origem diferente: um chinês, um muçulmano, um judeu e um negro. O matrimônio da caçula faz surgir preconceitos por parte dos pais.
O diretor Philippe de Chauveron esteve no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês para conversar com a imprensa local sobre seu filme. Em entrevista exclusiva ao Papo de Cinema, o cineasta falou sobre as polêmicas do roteiro e como as piadas foram recebidas em seu país.
De onde surgiu a ideia para o filme?
Veio de várias frentes. Tudo começou quando eu soube que a França era um país campeão em número de casamentos. Tenho quatro irmãos e sou de família católica. Tivemos uma situação similar em casa e resolvi tratar o tema com humor.
O humor pode ser usado para falar de coisas sérias. Esse é seu objetivo com o filme?
Para fazer uma boa comédia, você precisa de um assunto delicado. Não gosto de comédia com temas fáceis. É importante falar sobre a imigração na França de hoje e prestar uma homenagem para a riqueza de nossa sociedade, algo que só foi alcançado com a contribuição dos imigrantes.
O filme causou polêmica na França?
No começo, não foi tanto. Com o sucesso, veio a polêmica, com jornalistas e políticos dando opiniões. Não imaginávamos que isso fosse acontecer, mas conseguimos uma reação boa. A extrema direita diz que nosso filme celebra demais os imigrantes, enquanto a extrema esquerda diz que o filme é racista (risos).
Qual a sensação de apresentar o filme no Brasil, que também tem um povo plural?
Eu não sei como será a recepção, mas estou curioso. O filme tem um tema universal, sobre casamento e racismo, então não é difícil para qualquer espectador fazer uma conexão.
(Entrevista feita ao vivo em São Paulo em junho de 2015)