O gaúcho Rafael Sieg de Azevedo nasceu em Panambi, no interior do Rio Grande do Sul, no final dos anos 1970. Depois de protagonizar o filme Manhã Transfigurada, primeiro longa-metragem feito inteiramente em Santa Maria, cidade onde se graduou em Artes Cênicas, emendou uma série de outros projetos no cinema, como Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro, e A Última Estrada da Praia, de Fabiano de Souza. Nesse meio tempo, em 2008, foi convidado a ir para Buenos Aires participar da produção internacional A Velha dos Fundos, que somente agora, quatro anos depois, chegou às telas brasileiras. E foi sobre esse papel que o ator, que atualmente mora no Rio de Janeiro, conversou com exclusividade para o Papo de Cinema!
Como surgiu o convite para participar de A Velha dos Fundos?
O convite veio do Beto Rodrigues, da Panda Filmes, co-produtora do filme, com quem eu já havia trabalhado em outras produções. Foi um presente de aniversário, literalmente. Estava almoçando sozinho, ele nem sabia que era meu aniversário… aliás, achei que estava me ligando por isso. Me apresentou a proposta de filmar em Buenos Aires, falou que tinha enviado meu material para o diretor e que ele havia gostado. Perguntou também se eu conhecia o trabalho do Pablo, e respondi que sim, tinha assistido e ficado encantado com Buenos Aires 100 km. Topei na hora.
Para este papel você precisou falar em espanhol. Foi muito difícil essa preparação? O fato do personagem ser brasileiro aliviou essa responsabilidade?
Quando aceitei o convite não pensei muito sobre isso. O espanhol é uma língua familiar para nós, gaúchos. Já havia estudado por um ano a língua e poderia me preparar. Naquele momento, o espírito de aventura e a vontade de filmar em outro país foram maiores. Chegando lá, Pablo Meza (diretor) e Natacha (esposa dele e produtora) foram muito gentis e pacientes. O fato do personagem ser um brasileiro que mora em Buenos Aires há alguns anos colocou as coisas no devido lugar. A comunicação se dá em variados níveis; vontade, paixão, coragem e sensibilidade me ajudaram a colaborar com filme. Para mim, estar lá era coerente com o meu momento pessoal e com o tema do filme.
Como foram as filmagens em Buenos Aires e o que você achou do resultado final do filme?
Ainda não tive a oportunidade de assistir ao filme. Estou aguardando a estreia por aqui (Rio de Janeiro, onde o ator mora atualmente) para conferir. Passei cinco dias em Buenos Aires, filmei durante quatro noites. Todas as cenas são dentro de uma espécie de papelaria, da qual sou o dono, onde o personagem do Martin Piroyanski vai tirar cópias dos seus estudos da faculdade e acaba conseguindo um emprego. Afinamos rapidamente sobre o tema do filme e sobre o personagem que eu faria – um sujeito enraizado dentro daquela loja e que havia perdido ‘seu original’ dentro de tantas cópias. Para mim, foi um momento muito especial pelo filme e particularmente pelas pessoas envolvidas nesse projeto. Ser acolhido em outro país para filmar foi mais que um presente.
(Entrevista feita no dia 25 de junho de 2012)
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