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Roland Emmerich pronto para o ataque!

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01 ROLAND EMMERICH papo de cinema

Após ter destruído a Casa Branca no mega sucesso Independence Day (1996), que arrecadou US$ 800 milhões de dólares, o diretor Roland Emmerich estava relutante em fazer isso de novo. Quando leu o roteiro de O Ataque, de James Vanderbilt, entretanto, ele mudou imediatamente de ideia. O que despertou o interesse do cineasta não foi o seu potencial pirotécnico — pelo qual o diretor de O Dia Depois de Amanhã (2004) e 2012 (2009) se tornou bem conhecido — mas a dinâmica entre os personagens da história. O maior reconhecimento da parte de Emmerich com relação ao seu envolvimento com o elenco foi benéfico para O Ataque, e não só porque recrutou dois dos astros mais requisitados de Hollywood na atualidade — Jamie Foxx, logo após o ator ter vivido o protagonista do faroeste de Quentin Tarantino, Django Livre (2012), e Channing Tatum, o astro de sucessos recentes como Anjos da Lei (2012) e Magic Mike (2012). E foi sobre esse novo trabalho, dirigir grandes astros e a paixão pelos espetáculos cinematográficos que o diretor comenta nesta publicada com exclusividade pelo Papo de Cinema. Confira!

 

Por que você quis destruir a Casa Branca novamente?
Me enviaram esse roteiro e era tão bom que tive de superar a minha reação inicial ao ler o título! Mas era simplesmente uma ótima trama, e elas não aparecem com tanta frequência. O filme é muitas coisas. Isso é o que é mais interessante. É um “buddy movie”, tem uma linha narrativa muito forte envolvendo a menina, e a pequena Joey King (que interpreta a filha de Tatum nas telas) é fantástica. Em linhas gerais, também é um filme de ação e, além disso, é um thriller político — porque você vê um pouco do que acontece nos bastidores do poder.

Channing Tatum, Jamie Foxx e Roland Emmerich

É um terreno que lhe é familiar?
Não. É diferente para mim. O desafio é manter o filme em movimento e bem variado. Então, não é sempre a mesma coisa que se repete. E há a mecânica da história – onde estão os bandidos, onde estão os mocinhos – e de como manter seu realismo. Cada filme é diferente para mim.

 

Você deve ter vibrado em escalar dois dos atores mais requisitados do momento nos papéis de protagonistas, não?
Depois que os conheci, não poderia ter ficado mais satisfeito. Primeiro, encontrei o Channing Tatum em Nova York e, depois, em conversas com a minha equipe, disse: “Seria uma felicidade de nós contássemos com ele”. É um daqueles casos em que a gente conhece alguém e pensa: “Ai, meu Deus, ele é perfeito para esse papel. É elegante, é inteligente, é atraente e também tem uma empatia com as pessoas que faz com que você se sinta imediatamente à vontade”. Com o Jamie Foxx foi outra história (risos). Viajei até a Louisiana para vê-lo, e quando cheguei lá ele estava caracterizado como escravo. Usava uma barba e tinha algumas cicatrizes. Minha reação inicial foi: “Ai, meu Deus!”, mas, no decorrer do jantar, nos conhecemos um pouco melhor. Foi somente quando trabalhamos juntos que percebi como tudo funcionava bem. Isso também é o que você precisa fazer como diretor — você precisa avaliar: “Esses caras formarão uma boa dupla?”, mas durante nosso jantar, os conheci um pouco melhor e percebi como ambos só tinham elogios um para o outro, eram mutuamente fãs entre si. Isso sempre é importante — que as pessoas se gostem, porque não creio que se possa fingir isso nas telas. Então, quando começamos as filmagens, a gente vivia se cumprimentando com um ‘toca aqui’, os produtores, o roteirista e eu. A gente dizia: “Ai, meu Deus, isso é melhor do que esperávamos. Isso é absolutamente fantástico”. É muito importante a química entre as pessoas. Agora, não consigo imaginar o filme com mais ninguém.

Cena de O Ataque

O Jamie deu “vida e alma” ao set?
Jamie Foxx estava sempre nos entretendo. Ele é um pianista fantástico, e tínhamos um piano de cauda na residência presidencial na Casa Branca. Eu ficava ansioso para filmar na residência, porque o Jamie sempre dedilhava ao piano.

 

O fato de ser europeu o diferencia dos atores norte-americanos?
Eles só zombam do meu sotaque. Quantas vezes ouvi imitações minhas nos sets de filmagem? Mas, falando sério, acho que temos uma sensibilidade um pouco diferente. Quando você vem da Europa, fica um pouco mais por fora de tudo e assume melhor uma posição de observador. Você pode retratar a vida norte-americana de um modo ligeiramente diferente. Os atores não se importam muito com isso. Eles ligam mesmo é para a dinâmica da filmagem, se a câmera não se interporá no seu caminho, e todas essas coisas. Quando você roda um filme de ação, é muito importante manter um clima leve, porque é um trabalho muito tedioso, sobretudo quando filma cenas de ação e precisa rodá-las repetidas vezes. Os atores ficam um pouco chateados com isso, então, você precisa manter tudo leve e divertido.

 

Como você consegue passar uma mensagem positiva num filme de ação?
Creio que todo bom filme de entretenimento deve ter uma mensagem. Realmente acredito nisso, porque do contrário fica sem alma. Em todos os meus filmes tentei instilar algum tipo de mensagem. Procuro não pesar a mão, porque não quero que as pessoas se irritem com isso. É bom ter uma mensagem e torcer para que todo filme e história nos revelem algum aspecto da condição humana.

Roland Emmerich no set de O Ataque

Você incorporou alguns belos momentos no seu filme de ação…
Sim, na cena de abertura, os helicópteros Marine 1 e 2 fazem um desvio na sua rota junto ao Lincoln Memorial, porque o personagem do Jamie, o presidente, é um grande admirador do Lincoln. Eles dão rasantes sobre o Memorial, fazem um giro completo e se dirigem à Casa Branca. É uma sequência longa que mostra a beleza da luz do começo da manhã, e é muito bonita.

 

Após o seu filme anterior, Anônimo (2011), que foi uma produção bem mais modesta, como foi novamente dirigir uma grande produção como O Ataque?
Embora tenha uma temática totalmente diferente, Anônimo não é tão diferente assim dos meus demais filmes. Na verdade, aprendi muita coisa em Anônimo que usei em O Ataque. Acho que passei a me envolver um pouco mais com os atores. Quero dizer, sempre me envolvi com eles e tentei orientá-los, mas creio que me tornei um pouco mais consciente disso depois deste filme, porque percebi que funciona quando explicamos as coisas de uma maneira bem detalhada. E, em termos de estilo, também descobri uma panorâmica que funciona bem, e me disseram: “Por que não fazer um filme de ação com uma grande angular para ter uma aparência diferente?” É mais difícil e você pode esconder menos, mas é uma experiência bem interessante.

Jamie Foxx, Maggie Gyllenhaal, Channing Tatum e Roland Emmerich

Por que é mais difícil?
Porque, normalmente, você filma em plano aberto, pois há todo tipo de coisas ao redor do ator, e, neste filme, eu disse: “Vamos esquecer isso”. É um pouco mais inflexível filmarmos algo com plano fechado, porque tudo precisa ser mais bem planejado. Tudo precisa ser um pouco mais perfeito. Mas em O Ataque senti a tranquilidade e a certeza necessária para isso. E o filme está à altura dessa nossa dedicação.

 

(Entrevista cedida com exclusividade para o Papo de Cinema pela Sony Pictures do Brasil)

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