Nascida no dia 18 de agosto de 1978, a atriz paranaense Fabiula Nascimento chamou a atenção do grande público pela primeira vez em uma produção feita em sua própria terra natal: Estômago (2007), filme revelação de Marcos Jorge que tinha João Miguel como protagonista e foi o vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro naquele ano! Fabiula não chegou a ser indicada ao Oscar nacional – seria, no entanto, quatro anos depois, por Bruna Surfistinha (2011) – mas levou o Prêmio Contigo como Melhor Atriz Coadjuvante! Depois vieram outros sucessos, como a comédia Cilada.com (2011), e produções televisivas, como a novela Avenida Brasil (2012). Para este ano ela tem nada menos do que cinco filmes inéditos, e o primeiro deles foi o feminino S.O.S.: Mulheres ao Mar, de Cris D’Amato. E foi durante o lançamento deste projeto que a atriz conversou com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!
Vamos começar falando sobre a sua personagem em S.O.S.: Mulheres ao Mar. O que mais lhe atraiu nela?
O que mais gostei na Luiza foi o caráter livre e descontraído dela. É uma mulher real, do nosso cotidiano, que existe e está por aí, nas ruas. Gosto disso, é o que procuro com o meu trabalho. Ela não tem muitas dificuldades, não possui um grande conflito. E serve também como contraponto para a Dialinda (Thalita Carauta), pois o meu humor tem um timing diferente. Fiquei muito feliz em poder realizar esse filme, a personagem me entusiasmou e as parcerias foram incríveis. Há muito tempo queria trabalhar com a Cris D’Amato, a diretora, que é uma pessoa incrível. E vir pro set de filmagem e encontrar a Giovanna, o Gianecchini… nossa, é um sonho!
Como foi o trabalho com a diretora Cris D’Amato?
A Cris é um amor de pessoa, já a admirava de longe, agora sou sua fã confessa! Ela constrói tudo muito junto do elenco, valoriza o nosso trabalho, está sempre disposta a ouvir. Essa troca é muito importante para um ator, pois é assim que crescemos. E tive muita liberdade para criar a Luiza, pois ela não está em busca de nada, possui uma leveza de vida, que serve contra a loucura da irmã, que embarca nesse navio para salvar o casamento, que joga roupas no mar, que invade o quarto dos outros. A Luiza é afim de tudo e de todos, quer mais é se divertir!
Você estreou no cinema com um filme muito elogiado e premiado, o Estômago. Desde então tem participado de projetos desafiadores, como Bruna Surfistinha e o ainda inédito O Lobo Atrás da Porta (2013). No que S.O.S.: Mulheres ao Mar tem de diferente dos seus trabalhos anteriores?
Acho que só o fato de ser uma comédia romântica é bastante diferente no meu caso, não? Nunca havia feito nada no gênero. E o humor desse filme é bastante chique, não tem torta na cara, não é pastelão. É uma história que está sendo contada, sem forçar na tentativa de buscar o riso, a graça vem naturalmente pelo que já estava no roteiro. O filme mostra situações completamente possíveis, há outras Luizas por aí que podem estar vivendo a mesma coisa neste exato momento. Eu, mesma, conheço várias Luizas. Esse tipo de temperamento, de relaxar e curtir o momento, acredito que facilita a identificação com o público. É a personagem mais suave da minha carreira, que apenas quer se divertir. Qualquer pessoa gostaria de ser amiga dessas mulheres, e estou bastante feliz com o resultado.
O filme foi inteiramente filmado no cruzeiro?
Não, várias cenas foram feitas no cruzeiro, mas tiveram algumas em Roma, em Veneza, e as de estúdio foram no Rio de Janeiro. Mas a parte mais divertida, sem dúvida alguma, foi a que fizemos no navio. Não era um cruzeiro alugado para nós, pelo contrário, estávamos ali no meio de todo mundo, e sempre que era preciso fazer uma cena contávamos com a participação de todo mundo, o que rendeu momentos ótimos. Eram mais de 3 mil pessoas juntas, com paradas em diversas cidades, foi uma grande engenharia.
Como foram as filmagens em alto-mar? Por quais cidades vocês passaram?
Saímos do Rio de Janeiro, subimos pela costa brasileira, e depois direto para a Europa. Lá passamos pela Itália e pela França. Em Nice chegamos a ter uma folga, que foi quando saimos às compras. Mas deu certo porque estava tudo inteiramente decupado, a diretora sabia exatamente o que queria. Foi maravilhoso. Nada de ruim aconteceu, contamos com uma figuração incrível, que era o pessoal do próprio navio, que viajavam conosco. Foi um trabalho-passeio, muito legal, uma experiência completamente nova. Foi primordial estarmos todos juntos confinados no navio, porque formou uma grande turma. São laços de afeto que surgiram ali e que nos acompanham até hoje. E essa afinidade se percebe também na tela, o entrosamento foi muito importante.
Qual foi o momento mais difícil para você: a cena inicial, quando está selecionando rapazes na praia, ou quando invade a banheira do cantor italiano?
Olha, vou te contar a verdade: nenhuma das duas foi muito difícil, viu? (risos) A Luiza é muito safada, e fui na onda dela, que podia fazer? Mas foi tudo muito tranquilo, e até as cenas mais apimentadas ainda assim são leves, é um humor bem família. Não tem nada muito escandaloso ou polêmico. Até o beijo com a Thalita foi divertido, não é sensual. As pessoas se divertem assistindo tanto quanto nós nos divertimos fazendo. Mas ela é danada, sim, e às vezes a Cris tinha que me segurar, porque senão a coisa ia longe (risos)!
Tem alguma história engraçada dos bastidores pra nos contar?
Olha, deixa eu pensar… Acho que o mais divertido não foi exatamente nos bastidores do filme, mas aconteceu durante a viagem. Eu adoro um doce, preciso ter algo por perto quando bate a vontade, e numa dessas paradas em terra firme comprei um pote de Nutella – eu AMO Nutella – pra deixar no meu quarto. Só que tinha um cara, muito simpático, oriental, com os olhinhos puxados e que não falava uma palavra em português, que limpava os quartos. E vou te contar, pode roubar a minha mãe que não vou perceber, mas não mexa na minha Nutella! Sempre que dou umas colheradas, deixo uma marquinha no doce, pra saber onde parei – é uma mania! E logo percebi que o coreano tava metendo a mão na minha Nutella! Todo dia ele ia lá e dava umas duas ou três colheradas! Mas me diverti com aquilo, daí comprei outro pote e deixei aquele pra ele. E tu não vai acreditar, até o fim da viagem ele havia comido tudo, deixou só um pouquinho no final! Mas da outra Nutella ele não se aproximou, pois guardei no cofre!
S.O.S.: Mulheres ao Mar foi feito pensando em qual público?
Acho que a Cris – e tenho certeza que nós, que estávamos ali, na frente das câmeras – não tinha essa preocupação. Qual público? Qualquer pessoa que queira se divertir, passar bons momentos dentro do cinema e relaxar um pouco. Esse não é um filme só para mulheres, é pra todo mundo. A ideia era fazer algo para a família toda, que fosse romântico, engraçado, com passagens engraçadas e outras mais dramáticas. Até os homens vão se divertir, pois os personagens masculinos não são canalhas, são pessoas reais – o marido terminou a relação antes de ir embora com a outra, o cantor italiano era fiel à esposa, o Gianecchini é sempre muito sincero no que está sentindo. Todo mundo ali está tentando viver uma história nova, e acho que isso funciona com espectadores dos oito aos oitenta anos. É um filme que mostra que é bom correr atrás do amor!
(Entrevista feita ao vivo com a atriz no dia 11 de março de 2014)
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