Lavínia Gutmann Vlasak tem esse sobrenome pouco usual aos brasileiros devido a sua ascendência, composta de tchecos e alemães. Nascida no dia 14 de junho de 1976 no Rio de Janeiro, começou cedo sua vida profissional, primeiro como modelo – atividade que a levou a passar anos fora do país, vivendo em lugares como Estados Unidos, Portugal e Espanha – depois se estabelecendo como atriz. Começou na televisão, fez uma pequena participação em um longa internacional, e hoje se divide entre a telinha e a telona. Nesta última, após quatro anos afastada – seu último longa havia sido o infantil Xuxa em O Mistério de Feiurinha (2009) – marca presença novamente a partir dessa semana na comédia Se Puder… Dirija!, estrelada por Luiz Fernando Guimarães, Reynaldo Gianecchini, Bárbara Paz, Leandro Hassum e grande elenco. E foi sobre este trabalho que Lavínia Vlasak conversou com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!
Como você recebeu o convite para participar de Se Puder… Dirija?
Olha, foi bastante simples. Estava em casa, assistindo televisão, quando o telefone tocou. Era a diretora de elenco da Total Filmes, com quem eu havia trabalhado antes no Se Eu Fosse Você (2006). Fiquei muito feliz com o convite, e como já conhecia todo mundo, tinha certeza que a proposta seria boa. Antes mesmo de ler o roteiro já havia decidido participar. Mesmo assim, pedi para ler o texto, e fiquei encantada com a história.
O fato de ser um filme em 3D contribuiu na decisão?
O 3D foi só a cereja do bolo. Claro que é emocionante, estar no elenco do primeiro filme com atores feito no Brasil com uma tecnologia que está tomando conta do mundo! Foi muito bacana, ser pioneiro com uma novidade tão especial. Mas o que nos conquistou foi o roteiro, que fala da família, de pai com filho, da esposa, dos colegas de trabalho, e sempre de um modo muito bonito, como um resgate das relações humanas.
Mas o emprego da tecnologia 3D dificultou as filmagens? Foi complicado para o elenco?
Quase não percebemos. O (diretor) Paulo Fontenelle pegou a gente no colo, foi extremamente cuidadoso com isso para que todo o aparato técnico em volta interferisse o mínimo possível nas nossas atuações. Ele dizia: “façam o de vocês e não se preocupem com o resto”. Ou seja, é claro que percebíamos que havia um cuidado maior ao nosso redor, mas o processo todo das filmagens foi muito tranquilo, então não teve a menor diferença para nós o tipo de câmera que eles estavam usando.
Você se identifica com a Ana, sua personagem? Já viveu uma situação parecida com a dela, dividida entre o ex-marido e o cuidado com os filhos?
Consigo me ver passando pelas mesmas situações que a Ana, claro, apesar de nunca ter enfrentado algo parecido na vida real. Creio que a paciência, a fé em acreditar que as pessoas podem melhorar é algo essencial para o convívio humano. Precisamos ser assim. As pessoas são complicadas, é assim mesmo. As coisas são simples, o ser humano é que é complicado. E essa situação, em nome do bem da criança, os dois, pai e mãe, precisam se esforçar. Já presenciei algo parecido com amigos, com familiares, então em um certo nível a gente acaba se identificando.
Se Puder… Dirija é um filme que busca um diálogo com um público mais amplo. Estamos vivendo o momento das comédias no cinema nacional?
Acredito que sim, é um bom momento para se rir, e o nosso cinema tem percebido isso. Acredito que somos um povo que usa a comédia o tempo inteiro, inclusive no dia a dia. Assuntos sérios, quando tratados com bom humor, podem ser enfrentados de uma maneira melhor. É aquela velha história do “rir para não chorar”. É possível que seja uma coisa local, que em outras culturas, em outros meios sócio-político, o cenário atual seria levado de forma mais séria, mas o povo brasileiro acaba encontrando um meio para aliviar as coisas. É algo natural, faz parte da gente. Está no nosso DNA. Consequentemente, levamos isso também quando buscamos um entretenimento. É mais fácil rir do que chorar, se preocupar. Há muitos filmes nacionais de outros gêneros, como drama, o policial, que são muito bons, porém não alcançam grandes públicos. É um reflexo dessa nossa condição.
Seu primeiro filme foi uma produção internacional – Tensão em Alto Mar, de 2002 – em que apareceu ao lado do Henry Thomas, que quando garoto foi protagonista de E.T. (1982). Como foi essa experiência?
Este filme foi filmado em Angra dos Reis, onde, curiosamente, estou neste exato momento. Aliás, se me espichar um pouco consigo ver a casa onde aconteceram as filmagens. Foi uma experiência muito bacana, meu primeiro convite para o cinema. Estava nervosa, é claro. Imagina, vi E.T. quando criança! Foi o segundo filme que assisti na vida – o primeiro foi Fantasia (1940), da Disney, que relembro com carinho até hoje! Mas sobre o Tensão em Alto Mar, foi uma coisa muito curta, só uma participação rápida. Meu personagem mal aparece, mas de certo modo conduz os demais para a conclusão da história. Até hoje não sei como chegaram até o meu nome. No elenco estava também a Dominique Swain, a protagonista de Lolita (1997), do Adrian Lyne. Ela estava muito em alta, e foi muito querida comigo. Fomos boas amigas durante a estada deles no Brasil.
Dos filmes que você já fez, há algum carinho especial por algum deles?
A gente tem carinho por todos, né? É como pedir para escolher qual o seu filho favorito! Quando participamos de um filme, o cinema é muito especial, nos envolvemos desde o início, torcemos muito para que o resultado final seja o melhor possível. Mas se fosse preciso escolher um deles, diria o Se Eu Fosse Você, que foi o mais visto, um sucesso inesperado, ninguém acreditava que fosse ter uma comunicação tão grande com o público. Isso deixou todos os envolvidos muito felizes. Mas cada filme conversa de uma maneira diferente com o espectador. Qual filho mais gosto? Impossível!
(Entrevista feita por telefone desde o Rio de Janeiro no dia 23 de agosto de 2013)
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