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Luciana Paes é a surpresa do momento. Após participações coadjuvantes, porém marcantes, em comédias como Onde Está a Felicidade? (2011) e Crô: O Filme (2013), ela chamou a atenção ao aparecer como uma das protagonistas de Sinfonia da Necrópole (2014), filme que rodou os festivais nessa época mas só foi estrear nos cinemas dois anos depois. Nesse meio tempo, apareceu em séries de televisão como Me Chama de Bruna (2016) e 3% (2016), além de outros sucessos na tela grande, como Mãe Só Há Uma (2016), Amor em Sampa (2016) e Malasartes e o Duelo com a Morte (2017). E logo estará de volta nos aguardados O Animal Cordial (2017) e A Sombra do Pai (2017). Só que o personagem que ficou é a Jaqueline de Sinfonia da Necrópole, pelo qual recebeu sua primeira indicação ao Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro, e já na categoria de Melhor Atriz, disputando com nomes consagrados como Sônia Braga e Glória Pires. E foi sobre esse trabalho que tivemos um bate-papo inédito e exclusivo. Confira!

 

Qual foi a sua reação ao ler o roteiro e ser convidada para fazer parte de Sinfonia da Necrópole?
Esse convite veio através do Eduardo Gomes, o protagonista. Nós fomos colegas no EAD, a gente sempre se amou, é preciso dizer (risos). Sempre tivemos vontade de trabalhar juntos, e o sinto um pouco responsável por ter me levado para o cinema como um todo. Um dos primeiros curtas que fiz, A Mão que Afaga (2012), da Gabriela Amaral, que foi premiado em Gramado e em Brasília, também foi por causa dele – ele fazia um ursão naquele filme! Sempre fui movida por essa paixão do Edu. E quando me falou da Juliana Rojas, fui pesquisar as coisas que ela havia feito e.. nossa, cara! Primeiro, que não consegui entender qual seria o tom do filme. Assistindo aos trabalhos anteriores dela, pensei que seria algo mais na linha do Tim Burton. Meio estranho, talvez em preto e branco. Durante as filmagens, através de coisas como o figurino, cabelo, é que a ficha começou a cair. Ensaiamos muito, e isso ajudou a definir o tom. Mas foi somente no set que consegui entender quem eu era ali, do externo para o interno.

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Você embarcou de imediato na proposta do filme?
Com certeza. Não tinha nenhuma dúvida, em momento algum. Não sabia exatamente o que ela queria, mas sabia que iria fazer parte daquilo (risos). Saltei de alegria!

 

Musical não é um gênero com grande tradição no Brasil. Nunca chegou a pensar “nossa, isso não vai dar certo…”?
É engraçado. Eu tenho uma coisa com a música. Recentemente, participei de uma competição no estilo Dança dos Artistas, no Programa do Faustão, que precisava cantar e dançar. Não sou cantora profissional, mas adoro me arriscar. Outra coisa é que eu e a Ju nos entendemos de imediato. Percebo a morte de uma maneira muito próxima que a dela, por exemplo. Quanto aos musicais, sempre fico com a impressão de que as pessoas riem demais. Aquela coisa americana de, mesmo triste, estar rindo. Me parece forçado. Por isso era importante dar a nossa versão disso tudo.

 

Como foram os ensaios? Essa parte representou um desafio muito grande para você?
Nós fizemos uma preparação antes, claro. E, como disse, posso não ser profissional, mas me considero uma pessoa que canta. O meu grande problema é que minha voz é muito aguda. Me sinto mais confortável em notas graves. E isso foi o que exigiu mais de mim.

 

Como você percebeu a reação do público quanto ao Sinfonia da Necrópole?
O filme é muito popular, e gosto disso. Apesar dele ser muito esquisito, é claro (risos). Se uma pessoa o assistir sem saber nada sobre ele, vai sair satisfeita. Ele não tem essa coisa cabeçuda. É esquisito por outras razões. Em resumo, é um filme simples.

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Com Eduardo Gomes, em cena de Sinfonia da Necrópole

Você gosta de ir ao cinema? Ou prefere assistir em casa?
Eu adoro, claro. Pensando nessa temática do Sinfonia da Necrópole, um filme que gostei muito foi o Dançando no Escuro (2000), do Lars von Trier. Acho sublime como a música é usada como transcendência. Ela é o sonho da palavra. Mas confesso que tenho assistido mais a programas em casa. Acho Breaking Bad (2008-2013) genial, por exemplo. Essa trajetória do homem comum, mostrando como o ser humano é moldável.

 

Se a tua vida fosse um filme, qual seria o título?
A minha vida seria uma tragicomédia, com certeza (risos). Acho a vida meio engraçada e triste. Um título? “Ridículo” (risos)!

(Entrevista feita ao vivo em Gramado, Rio Grande do Sul)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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