Débora Nascimento despontou para o grande público interpretando a inesquecível Tessália na novela Avenida Brasil (2012), folhetim exportado para diversos países, o que a tornou uma figurinha carimbada internacionalmente. Depois de se aventurar no mundo dos super-heróis, estrelando O Incrível Hulk (2008), da Marvel, cuja trama se passa parcialmente no Brasil, ela ocasionalmente voltou às telonas em meio a uma agenda televisiva absolutamente lotada. Interpretou Teresa em Budapeste (2009) e viveu uma musa no filme Rio, Eu Te Amo (2014). Em Uma Viagem Inesperada (2019), coprodução Brasil/Argentina, ela dá vida à namorada brasileira do protagonista argentino, aquela que está prestes a dar à luz a um filho com dupla nacionalidade. Conversamos brevemente com a atriz por telefone para falar um pouco sobre a experiência de rodar um filme dirigido por alguém tão experiente quanto Juan José Jusid. Débora esbanjou simpatia e o resultado deste Papo de Cinema exclusivo você confere agora.
Débora, como foi a sua entrada no projeto? O que lhe atraiu nele?
Foi uma grande surpresa. Recebi o convite da Boulevard Filmes, a produtora brasileira. Acredito que o Juan, o diretor, já me conhecesse por conta da Tessália, a personagem de Avenida Brasil, que fez um grande sucesso na Argentina. Adorei o convite, inclusive porque sempre fui apaixonada por cinema argentino. Também sou fã do Pablo Rago, então o prazer foi imenso. Fico grata pela novela ter me proporcionado isso de entrar no cinema argentino.
Acabei de entrevistar o Juan. Ele disse que, realmente, já te conhecia por causa da novela…
Ah, então é isso, agora confirmei as minhas suspeitas (risos).
Sempre fez parte de seu desejo, como atriz, trabalhar em produções internacionais, com cineastas estrangeiros?
Antes desse filme, já tinha feito O Incrível Hulk, da Marvel. Na verdade, aquele foi meu primeiro longa-metragem. Mas nunca separei isso de filme estrangeiro e nacional. O que importa, antes de qualquer outra coisa, são as personagens, especificamente a complexidade delas. Continuo pensando exatamente assim, o que me interessa são as personagens. Não me fecho para o mundo, claro. Quem sabe, mais à frente, possa fazer algo lá fora. Mas, acredito nisto da personagem encontrar a gente. As oportunidades estão aí.
E como se deu a interação com o Pablo Rago, o intérprete de seu namorado?
Ele tem um bom humor cativante, é um ótimo ator, excelente no jogo de cena, além de ter um portunhol maravilhoso (risos). Brincávamos muito em cena. Ele sempre foi super respeitoso, é um excelente profissional. Ensaiamos e discutimos bastante as sequências. Já o admirava antes, agora ainda mais. Vendo o filme depois, as cenas na Argentina, apenas confirmei que ele arrasa.
Tanto em Uma Viagem Inesperada quanto no inédito O Olho e a Faca suas personagens são pequenas. O que lhe importa é estar filmando, é fazer parte da engrenagem do cinema?
Não é importante o tamanho da personagem, mas sim a sua complexidade. No O Olho e a Faca eu tinha até mais cenas. Mas nem me aborrece o fato de algumas terem “caído”, pois as que ficaram são bem importantes. No fim das contas, o que vale é o significado de cada uma delas e da construção que você faz. Melhor um personagem denso com poucas aparições do que um superficial que esteja constantemente na tela. Venho aprendendo e amadurecendo cada vez mais, como ser humano e artista. Estou em constante evolução. Não é porque somei mais anos de carreira e algumas bagagens diferentes que vou negar personagens menores, com menos aparições.
Com quais diretores e diretoras, brasileiros e estrangeiros, você gostaria de trabalhar?
Ah, são tantos (risos). Laís Bodanzky é uma, sou completamente apaixonada por ela. O Quentin Tarantino, o Pedro Almodóvar… aí a gente sonha, né? (risos). Adoraria que tanto o Lázaro Ramos quanto o Wagner Moura me dirigissem. Também gostaria muito de trabalhar com a Anna Muylaert e o Sergio Machado. São tantos os diretores e diretoras, especialmente brasileiros, com os quais quero trabalhar. Tenho muita vontade de colaborar com pessoas novas, que experimentam e ousam, que trazem novidade e pensam fora da caixinha. Estamos todos aprendendo.
(Entrevista concedida por telefone em março de 2019)