Exatamente isso. Passei por uma jornada de 12 horas para chegar ao Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, que está acontecendo nesta semana aqui na Cidade de Goiás (imagem acima), interior do Estado de Goiás. Saí da minha casa às 5h da manhã, em Porto Alegre, e entrei no quarto da simpática Pousada do Sol, aqui na Cidade de Goiás, exatamente às 5h da tarde. O percurso foi longo, e até um pouco sofrido, mas parece ter valido o esforço.
Primeiro o vôo foi de Porto Alegre até São Paulo. Quase três horas de espera depois, outro vôo, agora de São Paulo até Goiânia. Nunca tinha estado na capital goiana, mas a primeira impressão foi bem positiva. Me pareceu ser uma cidade ampla, organizada e, ao mesmo tempo, com muito a ser feito ainda. Depois descobri que é uma capital jovem, então o que pensei não estava tão errado assim. De Goiânia até a Cidade de Goiás foram mais umas 2 horas e meia – de van! O interior de Goiás é outra aventura. Acho que nunca tinha estado tão no interior do Brasil como agora. Fantástico!
Visitar a Cidade de Goiás é como uma viagem no tempo. Caminhar por estas ruas estreitas, de chão de pedra, com uma arquitetura nitidamente secular, faz qualquer um pensar sobre nossa história e nosso passado. E é também o lugar perfeito para um festival tão original e bem bolado: aqui, cinema e meio ambiente são preocupações que andam lado a lado.
Vieram comigo de São Paulo o cineasta Kiko Goifman e o pesquisador, roteirista e cineasta Jean-Claude Bernardeth. O Kiko eu já entrevistei duas vezes, nos lançamentos dos filmes 33 (2002, muito bom, vale conhecer), e Atos dos Homens (2006), que concorreu em Gramado há alguns anos. O Bernardet também já entrevistei, em Porto Alegre, após participar de um curso por ele ministrado no Santander Cultural. São duas personalidades muito diferentes, e por incrível que pareça, complementares. Os dois acabam de fazer um filme juntos (FilmeFobia, com Kiko dirigido e Jean-Claude atuando) e aqui no FICA participaram nesta sexta-feira pela manhã de um debate chamado Café Cinematográfico: O Cinema Documentário Contemporâneo. Se levarmos em conta que os dois acabaram de fazer um longa de ficção juntos, dá pra se ter uma idéia do quão interessante foi o papo deles!
Cheguei aqui na Cidade de Goiás esperando encontrar amigos gaúchos: Carlos Gerbase ministrou o curso Táticas de Guerrilha do Cinema Digital: produção, distribuição e exibição de filmes de baixíssimo orçamento (certamente inspirado na experiência que ele teve com o lançamento de 3 Efes, no ano passado, 2007), enquanto que a santa-mariense Carolina Berger apresentou o curta Herança (2008) na mostra competitiva. Porém os dois já tinham ido embora!
O Gerbase é um mestre, todo mundo conhece seus trabalhos e não há muito mais a ser acrescentado. Já a Carolina, pra quem não conhece, é preciso dizer: ela é uma querida. Fui colega dela num júri no Santa Maria Vídeo e Cinema, e este documentário dela é realmente muito bom – foi bastante premiado no festival de Santa Maria. Quem ainda não assistiu, aconselho ir atrás!
O legal aqui no FICA é que, ao mesmo tempo em que há espaço para o cinema, há também uma grande discussão ecológica. Um dos destaques desta manhã era o Fórum Cerrado, o clima e o Meio-Ambiente, com Edson Sano e Mercedes Bustamante. Ou seja, todos os interesses são bem atendidos por aqui. À noite está acontecendo uma mostra com filmes do Cacá Diegues (um dos homenageados), e no final de semana terá uma exibição hors concours de Chega de Saudade (2007), da Laís Bodanzky, além do show de encerramento ser com o Luís Melodia. Um fim de festa que promete ser movimentado!
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