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A beleza imponente do Cine São Luiz recebeu na noite de ontem, 16, a abertura da vigésima sexta edição do Cine Ceará. Antes mesmo de os trabalhos no palco começarem, grande parte dos espectadores presentes se manifestou contra o governo federal interino, portanto cartazes e entoando gritos favoráveis ao retorno da presidenta recentemente afastada de suas funções legislativas. Esse tom político, aliás, foi predominante na cerimônia. Depois que o reitor da Universidade Federal do Ceará, Jesualdo Pereira Farias, declarou oficialmente aberto o evento, foi a vez do Secretário Estadual da Cultura, Fabiano dos Santos Piúba, fazer uso do microfone para, além de exaltar a presença do público e a representatividade do Cine Ceará à comunidade cinematográfica, protestar igualmente contra o atual governo.

A noite também foi marcada pela entrega do troféu Eusébio Oliveira à embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes Rangel, como tributo à cinematografia mexicana, não por acaso prestigiada com uma mostra paralela nesta edição. A embaixadora disse estar orgulhosa por receber em nome de seu país uma honraria de tamanha expressividade. Logo depois, foi a vez do ator Chico Diaz, o grande homenageado da abertura, subir ao palco. Seguindo a tendência já deflagrada, ele fez um discurso inflamado contra a classe política brasileira, exibindo também um cartaz com a frase “Fora Temer”, sendo prontamente ovacionado pela plateia. Logo depois, emocionado, o ator lembrou fragmentos de sua história, sobretudo os motivos que o fizeram largar a arquitetura em prol da arte de representar, bem como as diversas geografias percorridas a fim de retratar a diversidade do homem brasileiro, do nordestino retirante ao imigrante marginalizado nas periferias das metrópoles.

Chico Diaz recebe a homenagem das mãos do cineasta Halder Gomes - Foto Rogerio Resende
Chico Diaz recebe a homenagem das mãos do cineasta Halder Gomes – Foto Rogerio Resende

Chegada a vez do cinema propriamente dito na tela do São Luiz, foi dada a largada à mostra competitiva de curtas-metragens com a exibição de Abissal, de Arthur Leite, documentário no qual o realizador investiga questões nebulosas pertinentes à sua família. A espontaneidade da avó do cineasta e protagonista do filme, dona Rosa, cativou o público, que respondeu diversas vezes ao carisma dela. Logo após, foi a vez do primeiro longa-metragem da mostra ibero-americana ser exibido na tela do São Luiz. Avó, do diretor basco Asier Altuna, trouxe uma trama centrada nas dificuldades de relacionamento entre consanguíneos de gerações distintas, para isso se valendo de uma linguagem ora poética, ora inclinada ao realismo. Continue conferindo o Papo de Cinema tudo o que acontece na capital cearense até o dia 22 deste mês.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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