Abrindo as atividades pela manhã com um caloroso debate com a presença da equipe do filme exibido na noite anterior, Tatuagem (2013), o quarto dia de atividades do 41º Festival de Gramado reservou ainda outras surpresas no Palácio dos Festivais. Primeiro, tivemos o início da Mostra Cinema Gaúcho, com longas-metragens produzidos no Rio Grande do Sul nos últimos doze meses, com sessões à tarde. A programação noturna, por outro lado, foi de curtas e longas brasileiros em competição, além de mais um representante da mostra de longas estrangeiros.

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Foto: Itamar Aguiar

Desde o ano passado o Festival de Gramado optou por extinguir sua Mostra Paralela, que mostrava um panorama das novas produções nacionais, para dar lugar a uma amostra mais regional com longas-metragens gaúchos lançados recentemente. Foram exibidos duas produções na segunda-feira: a primeira, Dyonélio (2013), de Jaime Lerner, busca entender quem foi Dyonélio Machado, abordando o universo dessa figura emblemática num filme que trata a ficção como documentário e o documentário como ficção. A segunda produção da tarde foi o média-metragem Danúbio (2013), de Henrique Freitas Lima, primeiro filme da série Grandes Mestres, que resgata a vida e a obra de artistas plásticos gaúchos, e aqui se detém na a trajetória de Danúbio Gonçalves.

As mostras noturnas foram abertas com a exibição de um curta-metragem de animação: Faroeste – Um Autêntico Western, de Wesley Rodrigues, sobre urubus que atacam e matam diversos animais, porém um grupo se junta e contrata um matador forasteiro para acabar com a tortura. A produção apresenta uma belíssima direção de arte em 2D, além de uma ótima trilha sonora.

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Foto: Cleiton Thiele

O longa latino do dia foi Venimos de Muy Lejos (2013), de Ricardo Piterbarg, sobre os diversos imigrantes que adentraram a Argentina e ajudaram a construir a nação que conhecemos hoje, ao passo que registra os esforços na realização de um documentário sobre um grupo de teatro que busca reconstruir cenas dessa imigração de modo cômico. Com uma ótima premissa, o filme de Piterbarg tropeça nos excessos que vão desde as atuações até mesmo a edição. Parece que já foi o tempo em que Gramado era conhecido pela melhor seleção de filmes latinos em festivais na América Latina.

Após o intervalo, a segunda sessão começou com uma nova exibição do curta-metragem Tomou Café e Esperou (2013), que concorria também na Mostra Competitiva de Curtas Gaúchos e agora representa o estado na Competitiva Nacional. Coproduzido pela Sofá Filmes, Avante, Gogó e Tokyo Filmes, produtoras porto-alegrenses, o delicado filme de Emiliano Cunha pareceu ter conquistado não só os jurados do festival duas vezes, mas também o público presente.

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Foto: Edison Vara

O quarto dia de programação oficial chegou ao fim com mais uma produção nacional – aliás, o único documentário da mostra de longas brasileiros. Betse de Paula é a diretora de Revelando Sebastião Salgado (2013), sobre o consagrado fotógrafo Sebastião Salgado. Primoroso e dedicado, a produção não é interessante somente para os já conhecedores do trabalho do artista, mas também aos que o conhecem pela primeira vez. Didático sem parecer simplório, o filme flui de uma maneira linda, se valendo de depoimentos do próprio fotógrafo.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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