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Embora sem a mesma quantidade de trabalhos empolgantes do primeiro dia, o segundo bloco de curtas-metragens gaúchos apresentados no Palácio dos Festivais reforçou a impressão de que o Estado está repleto de talentos que podem impulsionar não apenas o cenário local nos próximos anos, mas também e sobretudo, contribuir com a cinematografia brasileira. Nesses dois dias, vimos filmes que representam de maneira instigante a produção recente que ocorre nas faculdades, nas grandes e pequenas produtoras, ambientes de onde saem realizações cada vez mais maduras e prontas para encarar o público.

 

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Casa de Pompas – Direção: Bruna Fortes e Gabriel Paixão
Divertido documentário sobre uma grande figura de Pelotas, dono de uma funerária local, que fala com bastante naturalidade e bom-humor a respeito da morte. A grande sacada aqui é a generosidade de deixar o “personagem” tomar a tela, alternando o tempo dos depoimentos para reforçar sua posição frente à inevitável.

Descompasso – Direção: Rodolfo de Castilhos Franco
Tecnicamente um curta muito bem realizado, tanto no que diz respeito à composição dos quadros quanto à utilização do som. Contudo, a repetição incessante de procedimentos o faz andar em círculos, o que torna a sessão cansativa.

– Diminutivos – Direção: Luciana Mazeto e Vinícius Lopes
Aqui o mais legal é a maneira como a menina que fica em casa sozinha cria ficções para se divertir, seja com seus barquinhos de papel ou mesmo interpretando cenas de filmes clássicos. Pena que a ideia não se desenvolve para além da simpatia.

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Domingo de Marta – Direção: Gabriela Bervian
Um dos grandes curtas da Mostra. O peso da velhice e do abandono é capturado em sua melancolia cotidiana por meio de uma senhora idosa que vê cancelado o almoço de domingo com a família. A câmera se imbui de sutileza para mostra a tristeza residente nesse pequeno infortúnio que deflagra uma situação de desamparo próximo ao fim da vida.

– O Encontro – Direção: Fabricio Silva
A mais curta das realizações apresentadas. Apenas o registro de um encontro e depois a volta no tempo para mostrar como ele iniciou, provavelmente. Nada muito a dizer, assim como o próprio filme, a meu ver.

O Que Ficou Pra Trás – Direção: Pedro Guindani
A trama começa muito bem, com o passado voltando para assombrar um dos personagens. Entretanto, assim que a situação familiar se descortina, o filme fica à deriva, até um fim que não encontra lá muito significado no seu caráter inconcluso.

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Os Meninos Perdidos – Direção: Giordano Gio
Curta bastante divertido que se reveste de nostalgia para mostrar uma amizade juvenil fortalecida numa caça ao tesouro. As referências a filmes e artigos dos anos 1980 estão tanto naquilo que os personagens encontram quanto no seu comportamento, clara homenagem a protagonistas de longas icônicos para quem cresceu vendo Sessão da Tarde.

Sioma – O Papel da Fotografia – Direção: Karine Emerich e Eneida Serrano
Talvez o documentário mais relevante da Mostra, resgata a figura de Sioma Breitman por meio de suas fotografias, elas que na maioria das vezes ilustram os depoimentos. As diretoras optaram por fazer do trabalho visual do biografado o ponto central da narrativa e, a meu ver, acertam na mosca.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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