Um dos dois únicos curtas produzidos no Rio Grande do Sul – ao lado de Telentrega – selecionado tanto para a mostra gaúcha quanto para a nacional, essa realização da novata Julia Zanin de Paula tem um nítido objetivo: provocar. Em sua apresentação no Palácio dos Festivais, em Gramado, a jovem cineasta declarou ao público presente: “espero que vocês se assustem”. Pena que ela persiga essa intenção apostando no exagero, ao invés da sutileza. A direção de arte de Sandro Dreher, detalhista e fruto de nítida pesquisa, e a fotografia de Bolivar Lauda, atenta ao fluir das emoções, evidenciam um apuro técnico, porém a edição de Vitor Liesenfeld, dentre outros elementos, vai na contramão, entregando ao público um resultado mais próximo ao videoclipe do que da realização cinematográfica. Assim, fica óbvia a busca por reações imediatas da plateia. Em cena, acompanhamos a menina interpretada por Laura Hickmann em um inocente dia no circo. Porém, o que começa como diversão, logo se converte no maior dos seus pesadelos. Transformar palhaços e anões em figuras de terror é um recurso até batido, e voltar a eles exige criatividade e inovação – algo, aqui, infelizmente inexistente. Ao mirar no cinema de Tod Browning, em especial do clássico Monstros (1932), tudo que a diretora alcança é uma cópia pastiche de um episódio menos inspirado de American Horror Story (2011-), a série pop de Ryan Murphy estrelada por Lady Gaga. Talvez, se assumisse com orgulho essa função de homenagem, é possível que alcançasse melhores notas. Do jeito que se apresenta, ousando uma pretensa autoralidade, tudo que consegue, no entanto, é resvalar em um vazio que compromete até mesmo os visíveis méritos presentes.
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