Duda já sabe o que quer ser quando crescer: médico de monstros. Sem pedagogia alguma, sua professora ri da revelação, assim como os demais colegas da escola. Mas o que fazer quando, no meio da noite, um monstro bate à sua janela com um chifre quebrado, pedindo ajuda? Essa é a investigação a que se dedica o diretor Gustavo Teixeira, que conta com, basicamente, duas crianças como protagonistas – os ótimos Marcelo Oliveira e Giovanna Leirião – para estimular a imaginação não só dos pequenos, mas também daqueles que já cresceram, mas não esqueceram que um dia também já ousaram sonhar com fantasias não tão óbvias. O clima pode, inicialmente, brincar com o terror naturalmente associado à estas figuras – e a direção de arte de Rafael Blas deixa essa intenção clara nos cartazes de filmes de Drácula e outros seres assustadores como se fossem uma decoração óbvia em quartos de meninos e meninas tão jovens. Mas se por instantes somos agraciados com a visão do clássico Frankenstein (1931) de Boris Karloff, em uma reverência carinhosa, logo nos deparamos com a mais saudável aventura infantil, incluindo até intervenções em animação que muito colaboram com o clima envolvente do projeto. Um conto de fadas às avessas, mas que termina por oferecer um sorriso que irá aquecer até os mais desconfiados.
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