Wesley Rodrigues é, no campo da animação, mais ou menos como foi Raul Seixas na música, ou Chacrinha, na televisão: ele vem para complicar, sem explicar nada. Animador que participou da equipe de Até que a Sbórnia nos Separe (2013) e realizador do coletivo O Último Engolervilha II (2016), ele retorna à composição anárquica deste último, porém em um visual inspirado no seu primeiro trabalho como realizador, o premiado Faroeste: Um Autêntico Western (2013). Ambientado entre o campo e a cidade, ele coloca seu novo protagonista em um duelo repentista com pássaros cantores, porém deixando o microfone artificial de lado e assumindo a viola como instrumento maior. O resultado não é dos mais agradáveis aos olhos inexperientes, mas deverá satisfazer aqueles curiosos por novidades nesse gênero. Carente de uma melhor harmonia entre os diálogos dos personagens e a trilha de Dênio de Paula, o filme ainda subverte as expectativas através da montagem escolhida pelo próprio realizador, que dá a entender estar mais inclinado a uma viagem lisérgica do que a uma narrativa tradicional. Pirulitos e cartolas, cabeças aos céus, pontos de ônibus e outros elementos aparentemente incongruentes se alinham em uma composição que ganha força somente se vista em conjunto, somando suas partes umas às outras, porém nunca vistas em separado, pois qualquer análise isolada deverá apontar suas mais visíveis fragilidades. É uma opção curiosa, de valor inequívoco, ainda que não plenamente satisfatória em todas as suas intenções.