A abstinência é o tema central da trama de Thiago Massimino. Em cena, Miguel (Cassiu Nascimento, em uma atuação forte e de absoluta entrega) está acorrentado num quarto e se vê prisioneiro da própria culpa. Além de dependente químico, o rapaz está isolado por força da mãe, que o considera um doente. Ao se apresentar ao espectador, a atriz Glória Andrades simboliza a esperança materna e redentora do terror dos grandes centros: o crack. Mesmo sem muitas expectativas de um futuro positivo, o curta dialoga com temas recorrentes e convida a refletir sobre o tratamento de jovens deteriorados pela influência negativa. E tudo isso em uma composição extremamente simples: dois atores, em um único cenário. A estrutura pode ser teatral, mas Massimino a explora com cuidado e paciência, dando tempo ao seu elenco e sem invenciones que possivelmente iriam mais distrair do que colaborar com a discussão apresentada.
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