Nesta edição do festival tivemos diversos documentários. Entre falsos e reais, este se destaca dos demais pelo olhar diferenciado proposto pelo jovem cineasta Wagner Previtali, que combina ficção e registro documental em uma mesma narrativa. Criado a partir dos próprios sentimentos do diretor, a obra se lança a proposta de retratar a como se dá a aceitação da homossexualidade, construída em outros e em si próprio. O protagonista, interpretado por Mateus Felipe com um desânimo que tanto pode ser encarado como a desilusão do personagem como despreparo do intérprete, se divide entre permanecer nos grupos de discussão das massas, em maioria banais, e ingressar no bando de jovens alternativos descobridores das novas sexualidades e que não precisam do acolhimento das pessoas que os julgam. O filme, que denota mais uma força de vontade dos seus realizadores em propor uma discussão do preparo dos mesmos para assumir essa tarefa, cativa mais pela urgência do seu discurso do que pela excelência de sua técnica. No entanto, mesmo com uma ou outra falha de prática dos atores, se mostra eficiente em seus objetivos mais imediatos, principalmente pelo singelo enquadramento proposto por Wagner e pelos diretores de fotografia Lucas Vieira e Micael Jambers, que alternam ambientes domésticos e externos, indo do íntimo ao público, para indicar os estados de espírito deste menino solitário que vive de vender capas de celulares, mas deixa clara uma vontade de fazer, ir e, principalmente, ser muito mais do que aquilo que está ao seu redor, cenário este que, evidentemente, não é suficiente para lhe definir.
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