Abatida pela amnésia, Clarice entra em um teatro para fazer um teste. Hermes, diretor da peça, lhe diz que é preciso mais do que atuação para interpretar tal papel. Na visão dele, ela precisa sentir que é a personagem. Confundindo a ficção que a atriz pensa estar vivendo no palco, ela começa a lembrar de fragmentos de sua própria história. Com intenso trabalho artístico da atriz Fernanda Petit – em uma composição que denota estudo e aplicação, em uma entrega hipnotizante que, infelizmente, não foi reconhecida pelo júri oficial aqui em Gramado – e composto visualmente por uma bela fotografia em preto e brando de Eduardo Nascimento Rosa, o filme incita o espectador a desvendar o incerto. Seria aquilo visto em cena apenas fantasia, ou quão próximo da realidade intérprete e realizador estariam conectados? A diretora Mirela Kruel, realizadora experiente de diversos curtas e também do emocionante longa O Último Poema (2015), exerce essa investigação entre estes limites, ao mesmo tempo em que convida o espectador a exercer não apenas sua dúvida natural, mas também uma desconfiança maior que vai além do palco ou da tela, em uma experimentação que não reconhece conformidades e nem respostas banais.
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