Filipe Barros quer provocar. E este movimento começa já na abertura, quando somos apresentados a um filme de… Igor Schmidt! A partir deste ponto, somos convidados a acompanhar este jovem que, após a morte do seu avô, decide empunhar uma câmera super-8 e dissecar as cicatrizes de sua família. Nesta tentativa de entender porque o avô era obcecado por fatos estranhos que haviam acontecido na sua cidade, se defronta com acontecimentos históricos que ainda mexem com o imaginário popular. A Guerra Fria, as corridas – armamentista e espacial – dão o tom dessa história sobre dramas familiares. Com momentos de tensão que empolgam o espectador, não atinge o esperado pela falta de desenvoltura de alguns dos entrevistados. Mas não seria essa justamente a intenção do realizador? Pois, o que logo se percebe, é que o espectador está diante de um falso-documentário. Uma proposta que nasceu na internet, em perfis fictícios nas redes sociais, e que se espalhou a ponto de – quase – ganhar vida própria. Em Gramado, no debate após a exibição, o diretor afirmou que o futuro do cinema está na internet, e não mais nas salas de exibição. Uma postura polêmica, que incomoda alguns, mas estimula a criatividade de outros. Bem o que ele faz aqui: um exercício de experimentações, tanto na forma como no conteúdo. Nem sempre acerta, mas por isso deixa de ter seu valor? Muito pelo contrário, aliás.
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