Um curto desenho de incomunicação embalado pela precisa trilha de Gustavo Vargas. Nos pouco mais de quatro minutos de exibição, o filme de Eduardo Reis nos convida a sentir o isolamento de um morador de rua. Metafórica e visualmente, ele caminha lado a lado com a solidão – ou seria Solidão, assim mesmo, com letra maiúscula? Afinal, ela aqui não é apenas um estado de espírito, é uma companhia que consome, entristece e pouco oferece em contrapartida. Porém é atenta ao seu redor, e sabe que sua presença tem função limitada – e data e oportunidade para acabar. No que se propõe, gerar desconforto e alguma tristeza, o curta cumpre seu papel. A animação se destaca pela simplicidade e pelos sentimentos envolvidos cada vez mais presentes na sociedade contemporânea, estimulando o espectador a imergir no desânimo, ainda que em seguida o erga com qualidade e competência narrativa.