Se você procura um clássico para dar de presente de Natal, com certeza a novíssima versão em blu-ray de Bonequinha de luxo é uma ótima opção. A adaptação do livro de Truman Capote é controversa, afinal, a princípio Marilyn Monroe seria a prostituta que vive desventuras, por vezes muito dramáticas e violentas, como um aborto, com um michê homossexual. Porém, na versão em formato de comédia romântica que ficou conhecida em todo mundo, inclusive como tema de vários pôsteres, quadros, camisetas e outros objetos decorativos, Audrey Hepburn dá vida a uma garota excêntrica que sonha em ter um marido rico, mas se envolve com um escritor que vive com as contas pagas pela amante casada e se muda para o prédio dela.
Além das cópias em blu-ray e DVD, a edição especial de 50 anos traz uma cópia do roteiro de filmagem, três fotos em preto e branco, uma carta do diretor Blake Edwards para Audrey e muitos, mas muitos extras interessantes. Um deles, o Sr. Yomioshi, discute o homônimo personagem, um dos mais polêmicos do filme. Polêmico pois quem o vive é Mickey Rooney, ator norte-americano que vive o vizinho japonês com uma maquiagem caricatural: ele é dentuço, de óculos e visivelmente tratado como ignorante no longa. No documentário extra, o próprio diretor comenta que, mesmo não tendo nenhuma reclamação na época, se fosse filmar Bonequinha de luxo de novo nos dias de hoje, ele mudaria justamente isso. Outros representantes de atores orientais também colocam a boca no trombone e discutem o preconceito que Hollywood tinha na época com os asiáticos.
Deixando as polêmicas de lado, o melhor do filme é que Audrey Hepburn criou um tipo divertido e encantador de personagem tresloucada que conquista a todos e que seria repetido em muitas e muitas comédias românticas ao longo dos anos (compare com várias personagens de Meg Ryan em filmes como Sintonia de amor e Mensagem para você, ou ainda com Sandra Bullock em Enquanto você dormia). A maioria dos longas do mesmo gênero, por sinal, tratariam também de Nova York, que parece ser o berço do estilo. Aliás, o filme por si só basta pela clássica cena inicial, com a personagem diante da vitrine da joalheria Tiffany’s, comendo um croissant – sim, o café da manhã dela.
Outros extras valem a pena ser conferidos, como o making of do clássico e o documentário É tão Audrey: um ícone do estilo, mostrando a influência da atriz para a moda nos últimos 50 anos, desde a sua elegância até a sua magreza – alguma semelhança com as supermodelos de desfiles? Entre as premiações do filme estão as indicações para o Oscar nas categorias de roteiro, direção de arte e atriz. Então, seja pelo filme, pelos extras, pela polêmica ou tudo reunido: esta edição especial não pode faltar na coleção de qualquer cinéfilo que se preze.
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.