Espanhol famoso pelo sex appeal e pelas atuações intensas, Antonio Banderas é o legítimo exemplar de galã latino que conseguiu ir além do óbvio. Premiado 33 vezes e indicado outras 38, incluindo três lembranças só no Globo de Ouro, o galã já mostrou sua versatilidade em diversas produções, não sendo apenas o macho man que muitos produtores hollywoodianos insistem em colocá-lo nas telas. Há espaço para todo um amálgama de personagens que variam de alguém com problemas psicológicos profundos, um herói clássico de filmes de ação ou até dublando um gato de botas famoso por ludibriar qualquer um com o olhar manhoso. No dia 10 de agosto o ator completa mais um aniversário e a equipe do Papo de Cinema comemora com a escolha de seus cinco melhores trabalhos e mais um que merece atenção redobrada. Confira!
Ata-me (1990)
Antonio Banderas é um ótimo ator. Transforma-se num dos grandes quando dirigido por Pedro Almodóvar, cineasta responsável por alçá-lo ao estrelato no passado. Aqui ele interpreta um jovem que acaba de deixar um instituto psiquiátrico. Ele está obcecado por uma atriz pornô envolvida com drogas, vivida por Victoria Abril, com quem transou no passado. Ela largou a vida dos filmes adultos, passando a filmar terrores B. Finalmente, após encontra-la, ele a amarra numa cadeira, determinado a soltá-la apenas quando ela o amar. Almodóvar capta em Banderas uma predisposição ao ambíguo, ao conflituoso, aos tipos que caminham sem rede de produção pela corda bamba que separa a sanidade da loucura. Seus personagens sob a égide do cineasta espanhol são extremos, exagerados, de atitudes insólitas, exceção, em princípio, feita ao engomadinho de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1989). Embalado pela trilha do lendário Ennio Morricone, Antonio Banderas condensa no olhar desesperado, ávido pela aceitação de seu objeto de desejo, a tragédia de Rocky, alguém extremamente solitário e, por isso mesmo, predisposto a qualquer coisa para aplacar a dor de viver assim. Excelente trabalho de Banderas , sobretudo no que diz respeito à entrega visceral ao sofrimento alheio. – por Marcelo Müller
A Balada do Pistoleiro (Desperado, 1995)
Em 1992, o texano Robert Rodriguez chamou a atenção dos cinéfilos com seu primeiro trabalho, O Mariachi (1992), um longa de ação de baixíssimo orçamento, que rapidamente ganhou status de cult. O sucesso garantiu uma base de fãs e também financiamento para realizar uma continuação, desta vez em Hollywood. A história segue diretamente os eventos do filme anterior, com o personagem principal – o Mariachi que se torna um assassino de aluguel, carregando armas na caixa de seu violão – buscando vingança contra o traficante responsável pela morte de sua antiga namorada. Rodriguez repete as características marcantes de sua estreia: o visual estilizado, as cenas de ação violentas e inventivas, a influência dos faroestes de Peckinpah e Leone, além do cinema de John Woo. O diretor também inicia aqui parcerias com diversos atores, como Cheech Marin, Danny Trejo, Salma Hayek e o espanhol Antonio Banderas, se firmando como astro nos EUA após ganhar fama pelo filmes com Almodóvar, e que encarna confortavelmente o tipo do herói sem nome, de comportamento suave e galanteador. Um papel que marcou sua carreira e que ele repetiria em Era Uma Vez no México (2003), capítulo final da trilogia. – por Leonardo Ribeiro
Evita (1996)
Após se consagrar na Espanha como ator-fetiche de Pedro Almodóvar, Antonio Banderas decidiu focar sua carreira em Hollywood, se envolvendo em diversos projetos internacionais de maior ou menos estatura. Porém entre papéis coadjuvantes em produções de destaque e protagonistas em longas pouco vistos, ele teve sua primeira grande chance de verdade nos Estados Unidos ao assumir a voz de uma nação neste musical que adapta para a tela grande a trajetória da icônica primeira-dama argentina. Sucesso na Broadway, o filme ganhou direção do inglês Alan Parker – um veterano no gênero – e status de projeto dos sonhos da diva pop Madonna, que assumiu o papel principal. Mas se todo os holofotes estavam voltados para ela, Banderas consegue se levantar por méritos próprios, e como Che ele é o antagonista ideal, por vezes criticando, em outras saudando os sucessos e derrotas da líder populista que então pouco tempo deixou sua marca impregnada no século XX. Ele canta e dança como poucas vezes antes – ou depois – e a indicação que recebeu no Globo de Ouro como Melhor Ator em Comédia ou Musical por este trabalho é apenas um justo reconhecimento ao talento de um astro em sua melhor forma. – por Robledo Milani
A Máscara do Zorro (The Mask of Zorro, 1998)
Criado por Johnston McCulley em 1919, o icônico herói Zorro foi levado para as telonas diversas vezes em produções de todos os tipos e de vários países, e em 1998 rendeu este A Máscara do Zorro, que veio a ser uma das boas surpresas daquele ano. Dirigido por Martin Campbell, o filme trouxe o Zorro original, Diego de la Vega (Anthony Hopkins), treinando o jovem Alejandro Murrieta (Antonio Banderas) para ser seu sucessor, enquanto ambos planejam se vingar do governador corrupto Rafael Montero (Stuart Wilson). A partir disso, o filme se constrói como uma aventura divertida e com belas cenas de ação, tendo em Antonio Banderas um intérprete carismático e bastante seguro naquele que foi um de seus primeiros papeis como protagonista em Hollywood, merecendo elogios ainda pela dinâmica que desenvolve com Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones como seu interesse amoroso, Eléna. Em 2005, Banderas voltaria a encarnar o herói na continuação, A Lenda do Zorro, mas esta, infelizmente, já não merece tanta atenção. – por Thomás Boeira
A Pele que Habito (La Piel que Habito, 2011)
Primeira parceria entre Antonio Banderas e o cineasta Pedro Almodóvar desde Ata-Me (1990), o filme adapta o conto Tarântula para um terror psicológico segundo a visão singular do famoso diretor. Vera (Elena Anaya) é uma refém na casa do Doutor Robert Ledgard (Banderas), um cientista misterioso que parece se dedicar a criação de um tipo de pele sintética. Um experimento que tem alguma relação com sua prisioneira. Não demora até que o filme comece a explorar os eventos que os levaram até essa configuração, enquadrando Ledgard usando arames grossos para moldar um bonsai à força, algo que diz muito sobre sua figura no desenrolar surpreendente deste thriller angustiante, inusitado e muitas vezes bem humorado de Almodóvar. O ator volta para o comando do diretor no momento certo para viver outro sequestrador, papel que a intensidade do nosso homenageado faz com que seja assustador e imponente. – por Yuri Correa
+1
O Caminho dos Ingleses (El Camino de Los Ingleses, 2006)
Uma das facetas pouco conhecidas de Antonio Banderas é seu trabalho como diretor. Claro que isto se deve ainda mais aos poucos filmes no currículo sendo atrás das câmeras. O primeiro, Loucos do Alabama (1999), estrelado por sua mulher Melanie Griffith, já foi uma boa estreia, mas com O Caminho dos Ingleses (que não foi lançado aqui) o espanhol ganhou o prêmio Label Europa Cinemas no Festival de Berlim. O filme se passa nos anos 1970, quando um jovem que está saindo da adolescência e entrando na fase adulta tem este momento pela saída do hospital após alguns meses de cama. Graças às conversas com um colega de quarto mais velho, ele resolve mudar de vida com a ajuda de amigos e um possível novo amor. Mesmo com a premiação em Berlim, o roteiro e a estrutura do longa foram muito criticados por uma superficialidade neste conto de amadurecimento. Talvez até seja sob certos aspectos, mas Banderas se mostra, mais uma vez, um bom diretor de atores e que sabe realizar uma bela decupagem de suas imagens. Ou seja, mesmo que possa soar artificial nas palavras, o filme ganha muitos pontos pelo aspecto poético. Por um motivo ou outro, é um projeto interessante de ser visto ou revisto, pois revela um cineasta com muito potencial para produções adultas, mostrando que o espanhol não é só um latin lover ou um ator talentoso. Ele é multifacetado com louvor. – por Matheus Bonez
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