Ator, político, Mister Universo. Arnold Schwarzenegger tem um dos currículos mais variados entre os astros de Hollywood. Conhecido por seu porte, digamos, avantajado, o austríaco pode até não ser mais o chamariz de bilheteria que era entre as décadas de 1980 e 1990, mas seu carisma e popularidade ainda são dos mais altos quando seu nome vem à tona.
Schwarzenegger não é um intérprete com grande veia dramática. E isso não chega a ser uma ofensa, visto que sua presença em tela é poderosa por si só, arrancando urros da multidão que sempre esperar ouvir um “hasta la vista, baby” quando ele aparece. Neste dia 30 de julho o ator completa mais um aniversário. E com mais de três décadas de uma carreira consolidada, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores filmes – e, claro, aquele que merece ser lembrado.
Por Matheus Bonez
Ok, ignore o fato de Schwarzenegger ter sido indicado ao Framboesa de Ouro por este papel. Não fosse pelo sucesso de Conan, o Bárbaro, o ator não teria entrado na lista que o lançaria para futuros sucessos, especialmente seu eterno papel de Exterminador. Baseado no personagem criado por Robert E. Howard ainda em 1932, o guerreiro cimério lidava com um mundo onde a magia negra predominada. O personagem de Schwarzenegger busca a vingança pela morte de seus pais, perpetuada pelo maligno líder um culto, Thulsa Doom. Com ótimas cenas de luta, mesmo com um orçamento tão precário, o longa dirigido por John Milius pode até ser considerado trash em diversos aspectos, mas foi uma das primeiras adaptações de um personagem que fazia sucesso nos quadrinhos e surpreendeu por resgatar o tom das histórias tão lidas pelos fãs. Sem falar, é claro, que o papel de Conan caiu como uma luva para o austríaco, que se tornou o intérprete perfeito. Uma pena que, dois anos depois, ele encararia uma péssima continuação que nem merece ser lembrada.
Por Robledo Milani
O início de uma saga. É curioso olhar para trás, quase três décadas depois, e perceber como tudo que tinha para dar errado acabou dando tão certo! O Exterminador do Futuro foi o primeiro passo da franquia mais bem sucedida de Arnold Schwarzenegger (os quatro filmes já arrecadaram quase US$ 1,5 bilhão somente nas bilheterias). Além disso, foi o trabalho que melhor explorou seu “physique du role” e serviu decisivamente para torná-lo um dos maiores astros do século XX. No entanto, neste filme escrito e dirigido por um novato James Cameron, Arnold não é o mocinho – e, sim, o vilão que vem do futuro para eliminar o líder da revolução antes mesmo dele nascer. Mesmo assim, o carisma brutal do austríaco foi suficiente para mudar as regras do jogo – tanto que nas continuação Schwarzenegger estava de volta, porém em papel invertido, agora lutando pelo time do “bem”. Ainda que tropeçando junto ao público – não ficou nem entre os 20 filmes mais vistos de 1984 nos EUA – e inspirado em histórias em quadrinhos, conquistou uma legião de fãs que segue rendendo frutos até hoje. Tanto que o quinto episódio já foi confirmado para 2015, novamente com o Governator como protagonista!
Por Rodrigo de Oliveira
Depois de ser o vilão em O Exterminador do Futuro (1984), Arnold Schwarzenegger se transformaria em um dos maiores heróis do cinema de ação da década de 80. Seu sotaque carregado e sua falta de expressões não eram problema para os personagens que encarnava, sempre homens durões, com o dedo no gatilho e prontos para resolver qualquer disputa no braço. Com tantos longas-metragens deste calibre para escolher, Comando para Matar pode não ser a opção mais óbvia, mas é uma das mais divertidas. No filme, Schwarza vive John Matrix, um ex-combatente que se vê obrigado a voltar à ativa quando sua filha é sequestrada por mercenários. Como todo bom filme de ação dos anos 80, a testosterona é o que faz a trama girar. Tiros e explosões aos montes, cenas de perigo com dublês nada parecidos com Schwarzenegger e toda uma gama de easter eggs que só os fãs do cinema da época poderão apreciar com gosto. Como bônus, Comando para Matar ainda presenteia o espectador com ótimas frases de efeito que só Schwarza sabe entregar. A melhor de todas: “Você é engraçado, Sully. Gosto de você. É por isso que vou te matar por último”.
Por Dimas Tadeu
Num tempo em que ninguém nem sonhava com a trilogia Matrix, ainda na década de 1990, a ficção científica já brincava com a obscura ilusão que separa o real do virtual. O Vingador do Futuro, adaptado da obra de Philip K. Dick foi um dos grandes sucessos dessa onda. Mas diferente da elegância “cool & clean” que permeia a famosa trilogia das irmãs Lana e Lilly Wachowski, o filme queria mesmo era explodir cenários, mostrar efeitos especiais que na época chocavam o espectador e desfilar figurinos e objetos de cena exóticos. Quem melhor para capitanear isso tudo do que Arnold Schwazenegger? O corpulento austríaco deixaria o franzino Neo, de Keanu Reeves, morrendo de medo. Sua (aqui já célebre) ausência de expressão facial despenca como uma luva num personagem que entra na tela, basicamente, pra quebrar tudo. Até porque, antes que alguém fale qualquer coisa, ele já entra disparando suas bazucas e metralhadoras, arrebentando o raio-x do aeroporto e arremessando cabeças explosivas de um jeito que, Matrix que me perdoe, só Schwarza e os anos 90 sabiam fazer.
Por Renato Cabral
Mais uma parceria de Arnold Schwarzenegger com o diretor James Cameron, True Lies é um remake do filme francês La totale! (1991) e nos apresenta a história de um agente secreto (Schwarzenegger) americano que por anos manteve o emprego em segredo de sua esposa (Jamie Lee Curtis) e filhos. Porém, ele acaba forçado a se revelar para tentar impedir um grupo terrorista que sequestrou sua família e que ainda ameaça a nação americana com um ataque nuclear. Lançado em 1994, seguindo os anos de auge da carreira de Schwarzenegger, essa produção de Cameron o coloca em uma performance em que mistura suas habilidades já bem conhecidas para filmes de ação e ainda sua desenvoltura para a comédia. Vale destacar o equilíbrio de humor durante toda a produção e as algumas tiradas que deixam o filme com um ar leve, além da ótima química do ator com Curtis e sem esquecer da inesquecível, e longa, cena de perseguição em que o protagonista corre pelo centro da capital americana montado em um cavalo passando por avenidas, entrando em prédios e elevadores.
+1
Por Pedro Henrique Gomes
Em Os Mercenários 2, Schwarzenegger já aparecia sorrateiro, coadjuvante, pontuando a ação com seus bordões históricos, seu corpo pesado, suas metralhadoras implacáveis. Em O Último Desafio ele volta à cena, mas desta vez para retomar a noção da idade que já inscreve certo cansaço na sua musculatura, já lhe tira o fôlego na metade do segundo tempo. Mas ele ainda assim vence. No filme de Kim Jee-woon o ex-governador precisa mais da ajuda dos amigos para combater os rivais, pode menos no corpo a corpo, mas supera as adversidades. Um filme assim, com um personagem-história, munido de sua coragem e alteridade, se mostra uma brincadeira feliz com as caricaturas dos dinossauros do cinema de ação do passado. Seu sucesso está justamente na perspicácia do jogo, buscando fazer desta história cinematográfica oitentista, que nos remete a memória do início ao fim, ao mesmo tempo outra narrativa em que estabelece um personagem com autonomia dramática. Eis o trunfo de O Último Desafio, fazer bom uso do Exterminador. E vice-versa.