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5+1 :: Ben Stiller

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Ele nunca foi indicado ao Oscar. Nem mesmo ao Globo de Ouro. No entanto, sua filmografia já soma quase US$ 3 bilhões nas bilheterias de todo o mundo! Ator consagrado com mais de uma centena de créditos no currículo, Ben Stiller é também um diretor e roteirista de respeito. Reconhecido como um dos grandes comediantes da Hollywood atual, não restringe suas performances apenas ao estilo mais escrachado, explorando ainda tons dramáticos ou até mesmo melancólicos a cada novo trabalho, sem deixar a sátira ou a ironia de lado. Vencedor de quatro troféus no MTV Movie Awards, se identifica com uma geração mais debochada, sem tenta atenção aos modelos tradicionais, ao mesmo tempo em que é sucesso também como dublador (na trilogia Madagascar) ou em produções mais voltadas para toda a família (como outra trilogia que leva seu nome à frente do elenco, Uma Noite no Museu). No dia 30 de novembro o astro comemora mais um aniversário, e a equipe do Papo de Cinema se reuniu para apontar seus cinco trabalhos mais marcantes – à frente e atrás das câmeras – além de indicar uma obra não tão popular, mas que merece ser descoberta. Confira!

 

Quem vai ficar com Mary? (There’s something abou Mary, 1998)
Nesse mega sucesso do final dos anos 1990, Ben Stiller faz um daqueles protagonistas atrapalhados e abobalhados, mas muito bem intencionados, que se tornariam recorrentes em sua carreira. A diferença é que, aqui, ele está nas mãos dos irmãos Peter e Bobby Farrelly, diretores despudorados e chegados num humor físico escatológico – são deles algumas obras exemplares nesse sentido, como Debi & Lóide (1994) e o recente Passe Livre (2011). O resultado é um filme absolutamente sem limites, que lança o personagem de Stiller numa espiral de situações constrangedoras, que vão de um acidente pavoroso com um zíper a uma luta com um cachorrinho endiabrado; mas que, ao mesmo tempo, consegue ser extremamente carinhoso no trato com as figuras que povoam sua narrativa. Trata-se de um dos grandes feitos dos Farrelly, provavelmente seu melhor trabalho. E o mesmo vale para Stiller. – por Wallace Andrioli

 

Entrando Numa Fria (Meet the Parents, 2000)
Gaylord Focker, ou Gaylord Pinto no Brasil, passa a maior parte deste filme em atrito com o pai de sua namorada, Jack (um alegre, restrito e conservador Robert De Niro). Interpretando um neurótico e retraído namorado, Ben Stiller sofre uma gama interminável de indignidades durante sua incursão de uma semana na casa do sogro que o reprova sem alívio. Os problemas vão desde piadas sobre sua profissão como enfermeiro até um teste de polígrafo em que o velho ranzinza quer saber se o genro assiste pornografia ou usa drogas. Stiller transita lentamente de bobo para herói, persistindo até encontrar seu lugar em uma família que faz tudo para excluí-lo. Apesar das situações embaraçosas, o ator parece estar em um dos seus mais confortáveis papéis como protagonista. Um dos traços de genialidade do roteiro é usar o judaísmo como trampolim para um choque cultural, com implicações que vão além de seu efeito cômico, lembrando traços típicos de um personagem de Woody Allen. Focker é o melhor exemplo da habilidade de Stiller de gerar humor e desconforto de uma só vez. – por Victor Hugo Furtado

 

Zoolander (2001)
Que Ben Stiller é um comediante acima da média, não dá pra negar. Quando ele resolve unir sua função como ator aos trabalhos de dirigir e produzir o próprio filme, o resultado poderia ser desastroso. Afinal, quantos outros astros já fizeram o mesmo por puro ego e falta de humildade? Porém, felizmente aqui isso não se repete. Na pele do modelo, personagem-título do filme, nosso homenageado esbanja talento como a pessoa mais bonita do mundo da moda. Seja pela duck face, a burrice estampada em cada fala, as roupas extravagantes ou sua rivalidade com Hansel (Owen Wilson) permeada pelas melhores gags possíveis, o ator e diretor entrega uma das melhores sacadas sobre o mundo da moda ao criticar a falsidade e futilidade do meio com puro bom humor. Não que este seja o principal motivo. O objetivo geral é fazer rir, mesmo. E Stiller alcança esse resultado como poucos. O sucesso cult acabou rendendo uma continuação mais de uma década depois. Pena que sem a mesma originalidade e eficiência da produção original, uma das melhores comédias daquele ano. – por Matheus Bonez

 

Trovão Tropical (Tropic Thunder, 2008)
Esta produção vale mais pela direção de Ben Stiller do que pela sua performance em frente às câmeras. Isso porque seu personagem, embora tenha sua graça, está longe de ser o melhor em cena. Esse mérito recai em Robert Downey Jr., indicado ao Oscar por sua atuação, como o ator australiano do método que apela para um escurecimento de pele para viver um homem negro. Como o tom e condução foram comandados por Stiller, nada mais justo que ele levar, ao menos, metade dos louros. A trama é bem sacada e acompanha as filmagens de um épico de guerra chamado, justamente, Trovão Tropical. Um time de primeira é escalado para estrelar, contando com o astro de ação Tugg Speedman (Stiller), que deseja provar seu valor como ator sério. Tudo dá errado quando a equipe é levada para uma selva de verdade, onde guerrilheiros confundem os atores por soldados. Além de satirizar produções cinematográficas, faz piada com Hollywood como um todo. Chefes de estúdio megalomaníacos, puxa-sacos rastejantes e agentes metidos a espertos são a tônica de algumas cenas. A direção caprichada de Stiller deixa tudo mais divertido, com ótimas (e surpreendentes) participações de Matthew McConaughey e Tom Cruise. – por Rodrigo de Oliveira

 

A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty, 2013)
Ben Stiller dirige e protagoniza esta agridoce adaptação de uma história de 1939 escrita por James Thurber, que possibilitou a racionalização acerca dos homens que desde sempre sonham acordados com atos de heroísmo. O Walter Mitty do título é um pesquisador fotográfico para a revista Life que escapa de seu cotidiano ordinário quando imagina a si mesmo em situações fantásticas – o que concede a Stiller a possibilidade de construir sequências em locações incríveis com efeitos digitais excepcionais. Quando a revista anuncia sua derradeira edição, Mitty decide partir em busca da imagem perdida perfeita, assim também tornando seu imaginário criativo em aventuras reais. Stiller não era um estranho na cadeira de diretor, mas explora possibilidades narrativas até então inéditas em sua filmografia com esta dramédia habilmente escrita por Steve Conrad e lindamente fotografada por Stuart Dryburgh, indicado ao Oscar por O Piano (1993). Ao seu lado, Kristen Wiig e Sean Penn têm papeis de destaque, mas é o próprio Stiller quem rouba as sequências que protagoniza como o personagem título, que funciona como uma espécie de alter ego de todo sonhador e idealista que deseja salvar o mundo, conquistar a mocinha (ou mocinho) e ter um final feliz. – por Conrado Heoli

 

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O Solteirão (Greenberg, 2010)
Quando um ator fortemente identificado com a comédia decide incursionar pelas vielas do drama, inevitavelmente chama a atenção. Foi o que aconteceu com Ben Stiller em 2010 ao protagonizar este longa-metragem do diretor Noah Baumbach. Encarnando um solteirão de 40 anos que decide dar um tempo no trabalho, Stiller surpreendeu muita gente que duvidava de seu êxito longe das gags, das caretas e do tipo predominantemente divertido que foi construindo ao longo da carreira. Durante o período sabático, seu personagem volta à cidade interiorana onde nasceu, reencontrando boa parte das caras que povoam suas lembranças, constatando que muita coisa mudou. Incumbido de cuidar da casa do irmão de mudança temporária para Los Angeles, ele tem tempo suficiente para pensar acerca da própria vida, não sem sentir o peso das expectativas que pairam sobre um homem que, de acordo com as convenções, já deveria ter “se tornado alguém”, profissional e pessoalmente. O trabalho de Stiller localiza o protagonista na fronteira entre a melancolia e o ridículo, sendo esta instância oriunda mais das situações que o cercam. O nova-iorquino Ben Stiller mostrou que antes de ser um especialista em comédia, é um intérprete com vasto repertório. – por Marcelo Müller

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