Bill Murray é daquelas figuras fáceis de identificar em cerimônias de premiação ou grandes eventos do gênero. É sempre um dos que mais faz caretas ou solta piadas certeiras. Mais do que um comediante, o astro também pode ser chamado de ator completo, já que, após anos navegando pelo nem tão sereno território cômico, investiu em tons mais dramáticos, atingindo tanto sucesso quanto suas participações em filmes como Os Caça-fantasmas (1984), Feitiço do Tempo (1993) e As Panteras (2000).
Indicado uma única vez ao Oscar, vencedor do Globo de Ouro e do Emmy e lembrado 80 vezes em premiações, seja como indicado ou ganhador, Bill Murray é um dos mais bem sucedidos comediantes que migraram da televisão para o cinema. Atualmente, o ator tem migrado para trabalhos mais alternativos, mas sem esquecer a veia cômica. No dia 21 de setembro, o astro celebra mais um aniversário e a equipe do Papo de Cinema comemora lembrando de seus cinco melhores filmes – e mais aquele que merece um destaque especial, é claro. Confira!
Os Caça-fantasmas (Ghostbusters, 1984)
Por Rodrigo de Oliveira
“Se há algo estranho na vizinhança. Quem você vai chamar?” Assim cantava Ray Parker Jr. na célebre música tema de Os Caça-fantasmas, divertidíssimo longa-metragem dirigido por Ivan Reitman, com um incrível time de atores defendendo os papéis centrais. Se Harold Ramis e Dan Aykroyd dividiam as tarefas de roteiristas e nerds do grupo, Bill Murray era a estrela. Vivendo o conquistador barato Peter Venkman, um sujeito que não tinha escrúpulo nenhum em cantar mulheres enquanto fazia testes pseudocientíficos, o ator – famoso à época por sua passagem pela série de tevê Saturday Night Live – encarnava o caça-fantasma mais carismático do bando. Sempre com uma piada na ponta da língua e com atitudes arrogantes para com seus colegas de trabalho, Peter roubava a cena sempre que aparecia. O mesmo aconteceu na continuação, lançada em 1989, que ainda sem os mesmos atributos do original, divertia. Há tempos se fala em um terceiro filme da série e a possível (e provável) ausência de Bill Murray reprisando seu papel cômico mais icônico deixa um sabor amargo na boca dos fãs. Detalhe é que o ator fez uma ponta hilária em Zumbilândia (2009) brincando de caça-fantasma, uma participação que encheu de alegria os saudosos fãs da cinessérie sobrenatural.
Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993)
Por Yuri Correa
Dirigido pelo recentemente falecido Harold Ramis, Feitiço do Tempo conta a história do rabugento jornalista Phil (Bill Murray) que, por algum motivo misterioso, começa a reviver o mesmo dia consecutivamente sem que ninguém mais pareça perceber. Logo o meteorologista começa a explorar as vantagens de reviver as mesmas situações repetidamente, sempre considerando uma maldição este fenômeno pelo qual está passando. O que talvez ele demore a perceber é todo o bem para si mesmo e para as pessoas a sua volta que poderia realizar através desta eventualidade. Divertido e melancólico em parcelas iguais, o longa-metragem de Ramis avança com ritmo e retira humor e comoção de seus cortes. Mas é o carisma de Murray aliado à boa trama que fazem do projeto um sucesso tão lembrado e bem guardado no coração dos fãs de todos os envolvidos. Atemporal como sua própria proposta, Feitiço do Tempo continuará atual e adorável durante muitas gerações ainda, que adorarão a ideia de acordar ao som de I Got you Babe.
Três é Demais (Rushmore, 1998)
Por Matheus Bonez
O segundo longa-metragem dirigido por Wes Anderson foi o que catapultou a carreira do cineasta no mundo. Recheado de elogios da crítica e eleito um dos melhores filmes de 1998, Rushmore (o título original) talvez não tivesse tido tanta força não fossem os nomes de seu elenco. Entre eles, Bill Murray. No papel de Herman Blume, o ator compõe um personagem rico em detalhes que muda (ou revela) a personalidade por conta de uma paixão. Se no início ele se transforma no melhor amigo do protagonista, o excêntrico Max Fischer (Jason Schwartzman), ao tentar ajuda-lo a conquistar a professora Rosemary Cross (Olivia Williams), o jogo inverte e ele mesmo acaba se afeiçoando à docente. A confusão é armada e, mesmo com o tom seco da comédia de Anderson, Murray se destaca ao mudar seu Herman do correto homem de meia idade para um amoral conquistador barato e sem sucesso. Tal trabalho foi alvo de prêmios e indicações, inclusive a lembrança como um dos finalistas a Melhor Ator Coadjuvante no Globo de Ouro da época.
Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003)
Por Thomás Boeira
Naquele que é, sem dúvida, o melhor filme dirigido por Sofia Coppola até agora, Bill Murray interpreta Bob Harris, ator desiludido e que está de passagem pelo Japão para gravar um desinteressante comercial de whisky. Enquanto isso, Charlotte (Scarlett Johansson) vive uma realidade entediante no país, ao passo que seu marido, John (Giovanni Ribisi), fica a maior parte do tempo trabalhando. É quando Bob encontra a garota ocasionalmente, dando início a uma bela e improvável amizade. Dessa forma, passamos a acompanhar dois personagens que encontram um no outro o apoio que tanto precisam para suportar suas existências vazias, algo tratado com sensibilidade e até bom humor por Coppola. No entanto, a espinha dorsal de Encontros e Desencontros é mesmo a maravilhosa química entre Murray e Johansson, que, se não fosse tão boa, certamente prejudicaria a narrativa. Ambos têm atuações dignas de prêmios, e não deixa de ser uma pena que apenas ele tenha sido lembrado pela Academia, recebendo aquela que até o momento é sua única indicação ao Oscar de Melhor Ator.
Flores Partidas (Broken Flowers, 2005)
Por Marcelo Müller
Jim Jarmusch construiu sua carreira nos circuitos alternativos, filmando histórias que, não raro, inserem uma experiência imigrante dentro da América das oportunidades, nas quais o diálogo é protagonista e trilha sonora um dos principais coadjuvantes. Em Flores Partidas, o cineasta levou às telas o drama de um solteirão convicto, recém-separado de sua última namorada, que recebe cartas sobre um filho desconhecido. Ele, então, parte pelos Estados Unidos atrás desse garoto. Bill Murray é o protagonista de Jarmusch, aquele que empreende a viagem menos para conhecer a verdade e mais para encontra-se, para tentar resgatar fragmentos de si. Se nos acostumamos a ver Murray em comédias, em filmes que exploram sua veia cômico-sarcástica, aqui o registro é bem mais íntimo, interiorizado. Nessa economia, temos um Murray que transpassa a aura cult de ator descolado, esta que lhe valeu um lugar cativo dentro da cultura pop, para vermos, de fato, o Murray ator, intérprete com inúmeros recursos, que aqui sustenta a tensão entre o dito e o não dito trabalhando nas minúcias.
+1
Nosso Querido Bob (What About Bob?, 1991)
Por Robledo Milani
Este filme não foi um grande sucesso de público, muito menos de crítica. Arrecadou pouco mais de US$ 60 milhões nas bilheterias norte-americanas, e a indicação mais importante que recebeu foi a de Melhor Performance Cômica no… MTV Movie Awards! Ainda assim, pode ser facilmente apontado como uma das pérolas escondidas da filmografia de Bill Murray. Com direção do mestre Frank Oz (o mesmo dos hilários A Pequena Loja dos Horrores, 1986, Os Safados, 1988, e Será Que Ele É?, 1997) a partir do roteiro de Tom Schulman (vencedor do Oscar pelo icônico Sociedade dos Poetas Mortos, 1989), esta divertida comédia de absurdos apresenta Murray como uma pessoa mentalmente instável que entra em surto quando seu psiquiatra decide tirar férias. Recusando-se a ser tratado por outro profissional, Bob faz a coisa mais óbvia que lhe vem à mente: decide seguir o doutor (em uma interpretação de Richard Dreyfuss que funciona com precisão como contraponto ao histrionismo do colega) em seu descanso, tornando o que seria um momento de paz e diversão num verdadeiro tormento – mas só para o terapeuta, pois a personalidade hipnótica do paciente conquista toda a família daquele que está sendo perseguido. Divertido como poucos, é um ótimo exemplo de produção despreocupada que sobreviveu com competência ao passar dos anos, além de nos oferecer um desempenho iluminado do protagonista.
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