Não é uma informação confidencial, mas todos estranham quando descobrem que Bruce Willis é alemão, e não um legítimo norte-americano. É claro que sua nacionalidade não é de extrema relevância para determinar seu carisma e personalidade ou sua capacidade de atuação, que, inclusive, foi o que colocou fim à sua gagueira ao pisar em um palco pela primeira vez aos 17 anos, época em que Bruce se mudou ara Nova York para tentar o estrelato. Após passar por empregos como bartender e segurança de uma usina nuclear (onde, inclusive, contraiu pneumonia e ficou um mês internado), o ator começou a ter chances em pontas de alguns filmes até estrelar o seriado A Gata e o Rato (1985 – 1989) e, neste meio tempo, conseguir o papel que lhe marcaria na história: John McClane, o herói “duro de matar”.
Desde então, além de estrelar cinco filmes da saga Duro de Matar, Bruce Willis participou tanto de blockbusters como Armageddon (1998), O Sexto Sentido (1999) e Os Mercenários (2010) quanto de filmes mais autorais, como Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), Os 12 Macacos (1995) e Moonrise Kingdom (2012). Para celebrar os 59 anos (a serem completos no dia 19 de março de 2014) deste que é um dos atores mais queridos (e bem pagos) de Hollywood, a equipe do Papo de Cinema elegeu seus cinco melhores filmes – e mais aquele que merece ser lembrado.
Por Thomás Boeira
Duro de Matar é um filme de ação clássico. Trazendo um policial que precisa enfrentar o grupo de terroristas liderado por Hans Gruber (Alan Rickman, um vilão perfeito), que invade um prédio comercial e faz todos os funcionários de reféns, o filme de John McTiernan revolucionou o gênero e virou referência para produções subsequentes. Mas parte do sucesso do filme se deve a Bruce Willis e não é à toa que ele virou um grande astro logo depois. No papel de John McClane, Willis encarnou um herói de ação que não era apenas carismático, durão e sarcástico, mas também bastante vulnerável, o que consequentemente nos fazia temer por seu destino ao longo do filme, detalhe que diferenciou o personagem dos John Rambos que apareciam na época. Duro de Matar acabou virando uma franquia, e apesar de nenhum dos filmes ter o brilhantismo do original, quase todos se revelaram belas continuações que nos fizeram gostar ainda mais de seu protagonista. A exceção, é claro, fica por conta do desastroso quinto filme, lançado no ano passado.
Por Marcelo Müller
Em Pulp Fiction – Tempo de Violência, Bruce Willis interpreta Butch, um boxeador que se vê arrastado pela corrupção. Precisando de grana, a princípio ele topa fazer parte de um esquema escuso de manipulação de resultados para beneficiar determinadas pessoas. Sua parte é simples: apanhar mais do que bater e beijar a lona para alegria dos apostadores do adversário, entre eles seu contratante. A cena na qual ouve o plano ao som de Let’s Stay Together é uma das mais impactantes do filme, pois contrapõe a sujeira do diálogo com o romantismo da música. Mas nos 45 do segundo tempo, Butch muda de ideia, quem sabe levado por sua pesada consciência, pela pressão da própria moral, e derrota o oponente, para depois fugir em disparada do preço que terá de pagar. Não se brinca com mafiosos, ele logo saberá. Há a famosa sequência da katana (espada japonesa), na qual Butch toca o terror em seus perseguidores, mas o que define esse personagem são as suas escolhas. A priori locador de sua ética, ele assume as duras conseqüências de, a tempo, desfazer a barganha prejudicial à sua integridade.
Por Dimas Tadeu
Ver Bruce Willis correndo, batendo em vilões, disparando armas e fazendo proezas de magnitude acrobática não é exatamente uma novidade. Mas usando roupas coloridas e coladas, num cenário futurista psicodélico e contracenando com uma drag queen e uma garota num “spandex”, aí é coisa rara. Foi o que Luc Besson conseguiu urdir com seu O Quinto Elemento. O filme, lançado com certo estardalhaço na época, acabou ganhando um lugar cativo nas prateleiras cults – e olhado de rabo de olho pelos fãs de filmes típicos de ação. Bruce Willis dá alma a essa maluquice com um personagem que viaja entre referências que vão de Taxi Driver, de 1976 (por sinal a profissão dele no filme), aos Jetsons e seus carros voadores. Se seus dons artísticos não são os mais ortodoxos, eles com certeza se casam perfeitamente com o contexto de O Quinto Elemento, fazendo deste um dos filmes imperdíveis do astro.
Por Matheus Bonez
“I see dead people”(ou “eu vejo gente morta”) se tornou uma das frases mais clássicas do cinema, mesmo sendo de um filme relativamente novo. Porém, muito mais do que a sentença, a trama bem amarrada com o final surpreendente, a bela direção de um promissor M. Night Shyamalan, a monstruosa atuação do novato Haley Joel Osment ou a delicada interpretação de Toni Collette, O Sexto Sentido também merece elogios por seu protagonista, um Bruce Willis entregue como nunca havia se visto. Longe dos maneirismos típicos de sua persona como John McClane e seus derivados dos filmes de ação ou dos tipos debochados de comédias bobinhas, aqui o astro está contido na pele do psicólogo que precisa tratar do garoto que vê espíritos. Willis foge da zona de conforto e conduz seu personagem de uma forma tão fora de seu mundo que chega a causar indignação que tal fato tenha passado despercebido na época e o astro não tenha sido lembrado em importantes premiações por tamanha entrega. Seu Malcom Crowe cria empatia imediata não apenas com o menino assustado do filme, mas também com a plateia, que chora junto com seu personagem ao descobrir o que de fato está acontecendo no clímax do longa. Emoção genuína, para dizer o mínimo.
Por Eduardo Dorneles
Hartigan é um policial íntegro, em uma cidade absurdamente corrupta de uma história em quadrinhos confessadamente inspirada nos filmes noir dos anos 1940 e 50. Além da imposição física e intelectual e dos altos padrões morais que regem sua postura, ele ainda revela o charme típico dos mocinhos do cinema preto e branco. Para adaptar a saga O Assassino Amarelo, um dos três contos que compõem o filme Sin City – A Cidade do Pecado, era necessário alguém que correspondesse a essas características à altura do personagem. Ninguém melhor do que Bruce Willis para traduzir isso. E ele consegue! O que a princípio seria apenas uma oportunidade de fazer algo novo, se transforma em um dos filmes mais marcantes de sua carreira. Willis não precisa fazer esforço algum para convencer-nos de que ele realmente é o Hartigan. Ainda mais quando a menina que ele salvou ainda pequena – e esse é fio condutor da trama nesse específico arco – volta a correr perigo exigindo que ele retorne à ativa. O que ele não leva em consideração é que ela cresceu e se tornou uma belíssima mulher – Jessica Alba, no caso. E as consequências deste fato – e a história como um todo – apenas comprovam que Willis e Hatigan são praticamente a mesma pessoa.
+1
Por Yuri Correa
Vencedor do Oscar de Melhor Efeitos Visuais, A Morte lhe Cai Bem não é o mais lembrado dos filmes de Robert Zemeckis, e quando se fala em Meryl Streep ou Bruce Willis, outros papeis icônicos surgem antes destes realizados aqui. Uma injustiça. O filme é uma deliciosa comédia que mistura humor negro com pitadas de fantasia, trazendo a vaidosa Madeline (Streep), uma atriz em decadência, descobrindo a fórmula para a imortalidade e beleza eterna. Porém, não é a única que sabe deste segredo, e logo ela, sua arqui-inimiga (Goldie Hawn) e seu marido Ernest (Bruce Willis), se veem em uma situação absurda e… hilária. É um filme que chamamos de “redondo”, embora seja o elenco seu carro-chefe, funcionando graças à entrega dos atores que, além de uma química invejável, também demonstram se divertir imensamente em suas performances, levando ainda assim seus papeis a sério. Streep desfila tiques e um timing cômico perfeito, enquanto Willis demonstra que não só de caras durões e impassíveis é feito o seu repertório, e Ernest convence pela ingênua sensibilidade que exibe; e Goldie Hawn e sua enérgica e dissimulada Helen completa o trio de protagonistas de um longa-metragem imperdível, repleto de quotes e momentos memoráveis.