Cameron Crowe já tinha alcançado um status confortável em Hollywood quando lançou este drama protagonizado por Orlando Bloom e Kirsten Dunst, intérpretes certamente seduzidos pela possibilidade de trabalhar com um cineasta que então agradava o público sem desagradar, pelo menos não de todo, a crítica. O resultado é um longa-metragem daqueles nos quais determinados clichês são utilizados com personalidade suficiente para cativar. Senão vejamos. Não é exatamente original uma trama que aborda o retorno do filho pródigo ao lar onde deve acertar contas com o passado. Igualmente recorrente é o envolvimento de alguém mais certinho com outrem de temperamento oposto, numa dinâmica relacional em que ambos aprendem a viver melhor. Todavia, a condução de Crowe trata de estabilizar os possíveis efeitos colaterais da premissa surrada, compensando-os com um desenrolar propício para o espectador criar empatia com os personagens. Bloom concebe um protagonista que vai se deixando perceber aos poucos, especialmente no que tange ao âmbito mais profundo das questões a serem resolvidas após a morte do pai. Já Dunst é a aparentemente destrambelhada, que serve tanto para colocar seu pretendente nos trilhos quanto para percorrer um caminho próprio e relevante ao longa-metragem. Este pode não ser o grande filme de Cameron Crowe, ou o que melhor apresenta suas credenciais profissionais, mas, sem dúvida, é um dos mais cativantes pela aparente simplicidade com que aborda os problemas e os instantes de felicidade das pessoas em cena. – por Marcelo Müller