Logo após ter ganhado o Oscar e o Bafta de Melhor Roteiro Original e o Globo de Ouro de Melhor Filme por Quase Famosos, Cameron Crowe partiu para o seu projeto mais ambicioso até aquele momento: a refilmagem hollywoodiana do thriller espanhol Preso na Escuridão (1997), dirigido pelo chileno Alejandro Amenábar. Para tanto, ele chamou o velho amigo Tom Cruise (que acabou apadrinhando Amenábar, produzindo o suspense Os Outros, 2001, dirigido pelo cineasta latino e estrelado pela esposa do astro na época, Nicole Kidman) e ainda aproveitou para convocar a estrela do longa original, a fulgurante Penélope Cruz, aqui num dos seus primeiros trabalhos nos Estados Unidos, para reprisar o papel – agora em inglês – da moça envolvida com um magnata da publicidade que vê sua vida ser virada de cabeça para baixo após passar por um trágico acidente. Crowe, no entanto, se atém apenas à premissa do primeiro filme, construindo uma obra nova e centrada muito mais nos personagens – temos ainda uma estonteante Cameron Diaz em cena, além de participações marcantes de Kurt Russell, Timothy Spall, Tilda Swinton e Michael Shannon – do que no mistério em si. Embalado por uma trilha sonora contagiante – destaque para a balada-título, de Paul McCartney, indicada ao Oscar – temos aqui um sucesso de bilheteria (arrecadou mais de 3 vezes o valor do seu orçamento) e de crítica que entrega muito mais do que o céu de baunilha da vida do protagonista poderia imaginar! – por Robledo Milani
